Volkswagen-Porsche: um reencontro histórico após a criação do fusca

STUTTGART, Alemanha, 26 set (AFP) - A fusão da Volkswagen com a Porsche marca um reencontro histórico, pois o fundador do grupo de carros de luxo, Ferdinand Porsche, foi o criador do famoso fusca da Volkswagen, que foi o carro do povo durante o nazismo.

Ao se tornar a primeiro acionista da Volkswagen, a Porsche vai perpetuar uma história industrial e familiar entre os dois grupos, que nasceu durante o nazismo, quando o engenheiro Ferdinand Porsche criou o "carro do povo" a pedido de Adolf Hitler.

Quando chegou ao poder em 1933, o "Fuehrer" decidiu que cada família alemã deveria ter um carro, forte e que funcionasse bem. Hitler solicitou então os serviços do engenheiro Porsche, que fez suas primeiras armas na Daimler e depois montou sua própria empresa para trabalhar no projeto do automóvel popular ("Volkswagen").

Em outubro de 1935, o engenheiro que criou depois da II Guerra Mundial os famosos carros esportivos Porsche apresentou seu primeiro protótipo "V1" do carro do povo.

Pequeno, de linhas extremamente arredondadas, o carro foi desviado de seu objetivo inicial pelo regime nazista e transformado em veículo militar - ("Kuebel") - durante a II Guerra Mundial, antes de se tornar um carro civil e famoso no mundo inteiro com o apelido de fusca.

Em 1938, Hitler colocou a pedra fundamental da "cidade fábrica" da Volkswagen no norte da Alemanha, com vilas operárias e centros de produção, rebatizada como Wolfsburgo depois de 1945.

A fábrica, destruída pelos bombardeiros aliados, e a idéia da Volkswagen foram resgatadas por iniciativa das autoridades britânicas de ocupação, que começaram verdadeiramente a produzir automóveis em série.

Após a derrota do nazismo, Ferdinand Porsche, que na era Hitler foi presidente da comissão para a construção de blindados, foi detido por algum tempo, primeiro pelas autoridades de ocupação americana e depois pelas francesas.

Filho de um artesão da Bohemia, Porsche que inventou aos 15 anos o carro híbrido (movido à gasolina e eletricidade) e, depois, a barra de torção morreu em 1951 aos 75 anos, quando o fusca conquistava o mundo.

Assim nasceu o lendário fusca, assim chamado pela primeira vez num artigo do jornal americano New York Times em 1942, e que simboliza o "milagre econômico" alemão do pós-guerra.

O sucesso do grupo VW contribuiu também amplamente para o da Porsche, até que em 1972 a empresa de Wolfsburgo teve de pagar à família de Porsche uma comissão por cada unidade produzida.

Com este apoio financeiro, Ferdinand Porsche pôde se lançar na produção de seus carros esportivos em Stuttgart (sudoeste), com base no chassis do fusca.

O modelo 911, até hoje a estrela da empresa, é parente distante do velho fusca.

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