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O que faz a gente rir de algo? Risada é o "melhor remédio" mesmo?

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Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

11/01/2021 04h00

Rir é um comportamento tipicamente humano e, de forma geral, nada mais é do que uma representação física de uma emoção. A origem disso tudo está, claro, na "central de comando" do nosso corpo, o cérebro.

Aqui, falamos de uma região específica, o hipotálamo, que, por sua vez, faz parte do sistema límbico, região que tem componentes responsáveis pelo controle de emoções e dos comportamentos sociais.

Ainda há muito mistério envolvendo o riso, mas o que ocorre, basicamente, é que essa região sofre estímulos internos ou externos e acaba causando a reação que conhecemos como risada. Ela pode ser desencadeada tanto por emoções como a felicidade quanto por contato físico, caso das cócegas.

Por falar nelas, as cócegas merecem uma explicação à parte. Elas acontecem quando terminações nervosas da pele disparam sinais elétricos para o córtex somatossensorial, uma parte do cérebro que processa o toque. A partir daí, o córtex cingulado anterior analisa esses sinais como prejudiciais ou não e o cerebelo aponta se esse sinal deve ser suprimido. E, nesse caso, o riso é desencadeado como um reflexo.

Mas o que o riso provoca no corpo? Primeiramente, temos as reações físicas. No rosto, por exemplo, temos uma verdadeira aula de musculação. Enquanto uma risada mais leve contrai cerca de 12 músculos da região, a quantidade dobra quando se trata de uma gargalhada.

A frequência cardíaca aumenta, há um estímulo no sistema imunológico, o que faz aumentar a produção de células de defesa e também queima de calorias.

Além disso, a risada também causa reações hormonais, diminuindo a concentração de hormônios relacionados ao stress, como o cortisol, enquanto libera outros ligados ao bem estar, como a dopamina, a serotonina e a endorfina. Esses efeitos positivos sobre o corpo explicam boa parte da expressão que diz que "rir é o melhor remédio".

Estudos clínicos, inclusive, associam o riso a um menor risco de doenças vasculares, insuficiência cardíaca, asma, transtornos de ansiedade e a depressão, por exemplo.

A risada, no entanto, nem sempre é sinal de que tudo está bem. Isso porque há a chamada "risada patológica". Esse nome se refere a problemas geralmente associados a falhas estruturais no sistema límbico ou em áreas associadas, ou como consequência de doenças neurológicas como em AVCs extensos, demências, e mais raramente relacionada a epilepsias, doenças metabólicas e genéticas. Quadros psiquiátricos, como transtornos de personalidade, também podem desencadear risadas.

E se em excesso e sem motivo elas nem sempre são um bom sinal, o contrário também se aplica, já que falta de riso também tende a preocupar. Isso porque ela pode estar ligada doenças neuropsiquiátricas como nas esquizofrenias e depressão, dentre outras. Se este for o seu caso, o melhor a se fazer é procurar tratamento psiquiátrico.

Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Fabio Porto, neurologista comportamental do Hospital das Clínicas de São Paulo; José Eduardo Souza Dias Junior, neurologista da DaVita Serviços Médicos; Diogo Haddad, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Rogério Adas Ayres, neurologista do Hospital Santa Catarina; Júlio Pereira, neurocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.