Topo

Sem Frescura: você sabia que não pode descartar remédio no lixo?

Mais Sem Frescura
1 | 25
Siga o VivaBem no

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

24/08/2020 04h00

O que você faz quando terminou de tomar a dose de um remédio recomendada pelo médico e sobraram alguns comprimidos na cartela? Joga no lixo?

Pois eu tenho uma péssima notícia: jogar remédio no lixo comum ou no esgoto não é uma boa ideia. Isso porque há um grande risco de eles contaminarem a água e o solo.

Os comprimidos e outros medicamentos jogados no lixo comum, por exemplo, vão para lixões e, lá, colocam em risco a saúde de pessoas que vivem de coletar resíduos nesses locais.

No caso dos jogados no esgoto, por mais que as grandes cidades tenham estações de tratamento que diminuem o impacto de dejetos, elas não estão preparadas para neutralizar os resíduos de medicamentos. O resultado é que eles podem contaminar a água que bebemos.

E, claro, não são apenas os humanos que podem sofrer consequências disso. Animais e plantas também são afetados. Há inclusive vários estudos que mostram o impacto de medicamentos descartados no ambiente.

Até agora, foram encontradas evidências de alteração do comportamento de insetos e contaminação de larvas e microrganismos responsáveis por decompor estrume —e que acabam virando alimento para outros animais.

Além disso, os cientistas perceberam inibição do crescimento de plantas aquáticas e algas, e problemas na maturação de testículos de animais e humanos.

Dependendo do tipo de medicamento descartado na natureza, o resultado pode ser ainda pior. Hormônios de anticoncepcionais, por exemplo, afetam a fertilidade e o desenvolvimento de peixes, répteis e outros animais aquáticos invertebrados.

Já resíduos de antibióticos, mesmo em pequenas concentrações, favorecem o surgimento de bactérias cada vez mais resistentes. Isso tem impacto direto na saúde humana e animal.

Mas o que a gente deve fazer com medicamentos que sobraram? E com aqueles vencidos? Bom, começando pelo segundo caso: da mesma forma que acontece com alimentos, não é nem um pouco recomendável usar medicamentos fora do prazo de validade.

Já sobre o descarte, o melhor a se fazer é procurar um posto de coleta, que podem ficar em postos de saúde, hospitais e farmácias.

De acordo com um decreto de junho deste ano, todas as capitais do país e municípios com pelo menos 500 mil habitantes deverão contar com postos de coleta nos próximos dois anos. Em cidades com mais de 100 mil pessoas, o prazo será de cinco anos.

Uma vez descartados corretamente, esses medicamentos serão recolhidos por distribuidoras e fabricantes e descartados de maneira a evitar impacto ambiental e qualquer tipo de contaminação.

Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Laura de Freitas, doutora em biociências e biotecnologia; Maria del Pilar Muñoz, diretora de sustentabilidade e novos negócios da Eurofarma.