Paciente paliativa, ela faz vídeos para informar sobre a doença
Publicitária e ciclista, a paulista Dani Louzada, 46, começou a sentir fortes dores de cabeça em 2018. Pensando que o quadro era causado por estresse, ela se automedicava.
Após exames, o diagnóstico foi de câncer cerebral. Sem a possibilidade de retirar o tumor, que está em um local delicado, ela passou por 30 sessões de quimioterapia e radioterapia - o máximo suportado pelo corpo humano.
Após sofrer uma convulsão e ser encontrada pelos porteiros do prédio onde mora, Dani foi levada ao hospital e passou um mês internada.
"Fui até o fundo do poço, respirei e voltei. O que mais pedia naquele momento é que passasse pelo caminho com amor (para não ficar sozinha) e dignidade. Não tem como passar por isso sem fé."
Apesar de não ser o tipo de câncer com maior incidência, a doença pode causar danos graves e deixar o paciente totalmente dependente.
No caso dela, a doença causou epilepsia e afetou seus movimentos (ela já não anda sem ajuda). Ela toma vários remédios e, ainda assim, diz que há dias em que "não funciona". Sem poder trabalhar, hoje ela conta com uma rede de apoio que ajuda com necessidades diversas.
Os médicos deram três meses de vida para Dani, mas ela já superou essa marca.
Ela já havia acompanhado seu pai durante um tratamento contra o câncer e, quando se viu como paciente, decidiu criar, no YouTube, o canal "Terminal". A intenção é levar informação de fácil entendimento, dar voz e acolher quem sofre com a doença.
"O nome 'Terminal' não é por que o câncer não tem cura. Faz referência aos terminais aéreos de trem... No câncer, com colegas de tratamentos, com seus médicos, há sempre uma conexão. Seja você paciente ou cuidadora, não há como sair ilesa quando você tem contato com um câncer. Então comecei a documentar isso."
Além de sua experiência pessoal, os vídeos têm participações de especialistas e trazem debates importantes, como a falta de políticas públicas para pacientes com câncer cerebral.
"O câncer ainda é um tabu. A sociedade não quer debater, como se fosse algo contagioso. Por isso a informação é tão importante e tem o poder de ajudar as pessoas".