Sertralina: para que serve, como tomar, efeitos e bula completa

O cloridrato de sertralina é um medicamento usado no tratamento da depressão, do transtorno de ansiedade, da síndrome do pânico, do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e do transtorno de estresse pós-traumático. Ele pertence à classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), ajudando a aumentar os níveis desse neurotransmissor no cérebro, o que melhora o humor e reduz sintomas de depressão e ansiedade.
Confira, a seguir, todas as informações encontradas na bula da sertralina.
Sertralina: para que serve e bula completa
Para que serve sertralina? O que ela trata?
O cloridrato de sertralina, mais conhecido apenas como sertralina, atua no cérebro aumentando a disponibilidade de serotonina, um neurotransmissor que ajuda a regular o humor. Isso alivia sintomas de depressão e ansiedade, comuns nos transtornos para os quais o remédio é indicado.
A ação da sertralina começa em sete dias, mas o tempo para sentir melhora pode variar de acordo com cada pessoa e o tipo de transtorno tratado.
Esse medicamento é indicado para adultos no tratamento de:
Depressão, incluindo casos com ansiedade, com ou sem histórico de mania;
Síndrome do pânico;
Estresse pós-traumático;
Fobia social (transtorno da ansiedade social);
Sintomas da tensão pré-menstrual e transtorno disfórico pré-menstrual.
Além disso, a sertralina também pode ser usada por crianças a partir de seis anos para tratar TOC.
Precisa de receita médica para comprar sertralina?
Sim, a sertralina é um medicamento de uso controlado e, por isso, precisa de receita médica para ser comprada.
Como usar a sertralina?
A sertralina é comercializada em formato de comprimido e deve ser ingerida com água uma vez ao dia, de manhã ou à noite, com ou sem alimentos. O ideal é sempre tomar no mesmo horário. A dose máxima recomendada é 200 mg por dia.
O tratamento para crianças entre seis e 12 anos deve começar com 25 mg/dia. Acima de 12 anos, a dose deve ser com 50 mg/dia. Ajustes na quantidade devem ser feitos apenas com a orientação do médico, de acordo com a resposta ao tratamento.
É importante também sempre seguir as recomendações médicas sobre horários, doses e duração do tratamento.
Além disso, não interrompa o uso sem falar com o médico, nem pare de tomar sertralina de repente. Ao parar de tomar o medicamento, a dose deve ser reduzida aos poucos, por pelo menos uma a duas semanas, para evitar sintomas de abstinência.
Se você sentir efeitos muito fortes ao diminuir ou interromper o remédio, pode ser necessário voltar à dose anterior e reduzir de forma ainda mais gradual, sempre com orientação médica.
Quais as contraindicações da sertralina? Quem não deve tomar?
A sertralina não deve ser usada se você tiver alergia a ela ou a qualquer componente da fórmula.
Também não pode ser combinada com certos antidepressivos chamados de inibidores da monoaminoxidase (IMAO), como selegilina, tranilcipromina, isocarboxazida, fenelzina, linezolida e azul de metileno, nem com o medicamento pimozida. Se você parou de tomar um IMAO, precisa esperar pelo menos 14 dias antes de iniciar a sertralina.
Além disso, mulheres grávidas só devem usar este medicamento com orientação médica.
Sertralina também não deve ser usada se você tiver uma alteração no coração chamada síndrome congênita de prolongamento do intervalo QT (ou síndrome do QT longo), ou se você já teve algum episódio de ritmo cardíaco anormal, porque pode ser perigoso e provocar alterações do ritmo do coração, inclusive com risco de morte.
O que saber antes de tomar o medicamento?
Sempre informe seu médico sobre todos os medicamentos que você usa, pois a sertralina pode interagir com outros remédios, alterando seus efeitos.
Esse medicamento aumenta a serotonina e, em casos raros, pode causar a síndrome serotoninérgica, capaz de levar a alterações do estado mental (como agitação, alucinações e coma), instabilidade autonômica (como taquicardia, pressão sanguínea instável e hipertermia), alterações dos movimentos (como descoordenação e rigidez) e sintomas gastrintestinais (como náuseas, vômito e diarreia).
Também há risco da síndrome neuroléptica maligna, que provoca contração muscular intensa, febre, tremor e alterações no coração. Se sentir algo incomum, procure um médico imediatamente.
Pacientes diabéticos devem monitorar os níveis de glicose, pois pode haver variação.
A sertralina pode gerar falsos positivos em testes de urina para benzodiazepínicos (um tipo de calmante).
O uso pode causar disfunção sexual, inclusive um longo tempo depois da descontinuação do medicamento.
Há estudos que apontam um risco aumentado de fraturas ósseas.
A sertralina também pode provocar dilatação da pupila (midríase), exigindo cuidado em pacientes com glaucoma.
Pacientes e familiares devem ficar atentos a possíveis agravamentos da depressão e pensamentos suicidas, principalmente no início do tratamento ou ao ajustar a dose.
A sertralina não é indicada para menores de 18 anos, exceto para casos de TOC em crianças de seis a 17 anos. Estudos apontam que crianças e adolescentes tratados com antidepressivos podem apresentar maior risco de comportamento suicida e agressividade, exigindo acompanhamento médico rigoroso.
O uso durante a gravidez e amamentação deve ser feito apenas com orientação e acompanhamento médico.
O uso concomitante de cloridrato de sertralina e álcool não é recomendado.
Não dirija nem opere máquinas durante o tratamento, pois o medicamento pode afetar sua atenção e reflexos.
Pode causar tontura, desmaios e perda de consciência, aumentando o risco de quedas e acidentes.
Pode alterar os batimentos cardíacos, com risco de problemas graves no coração e até morte súbita em casos específicos.
Pessoas com Síndrome do QT longo (problema no ritmo cardíaco) ou histórico de alterações graves no ritmo do coração não devem tomar sertralina.
Avise seu médico se você tem problemas no coração, como bradicardia (batimentos lentos) ou insuficiência cardíaca, níveis baixos de potássio ou magnésio no sangue ou usa remédios para arritmia, diuréticos ou outros que afetam o ritmo cardíaco.
Sertralina causa dependência?
O medicamento não causa dependência e, mesmo que possa ter alguns efeitos colaterais, eles costumam ser menores do que os riscos de não realizar o tratamento.
O tempo de uso varia conforme a gravidade do caso —pode ser por um período curto, longo ou até mesmo por toda a vida. Em qualquer situação, o medicamento é seguro, mas o paciente deve ser acompanhado regularmente pelo médico.
Pode usar sertralina e tomar bebidas alcoólicas?
O uso concomitante de 200 mg diários de sertralina não potencializou os efeitos do álcool e também dos depressores do sistema nervoso central (carbamazepina, haloperidol e fenitoína), não prejudicando o desempenho cognitivo e das atividades psicomotoras em indivíduos saudáveis. Ainda assim, o uso concomitante de cloridrato de sertralina e álcool não é recomendado.
Pode dirigir se estiver usando sertralina?
Não é aconselhável dirigir nem operar máquinas durante o tratamento, pois sua habilidade e capacidade de reação podem estar prejudicadas.
Grávidas e lactantes podem tomar sertralina?
A sertralina é contraindicada para gestantes. O uso do medicamento no primeiro trimestre da gravidez está relacionado ao aumento do risco de malformações cardiovasculares.
Já para as mães que estão amamentando, pequenas quantidades desse medicamento podem passar pelo leite materno. No entanto, a sertralina é um dos mais indicados nesse período por ser considerado seguro para lactantes.
De toda forma, é o médico quem deve avaliar o custo/benefício da continuidade do tratamento.
Sertralina dá sono?
A sonolência está entre as reações comuns da sertralina, ocorrendo entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento.
Interação medicamentosa: pode tomar sertralina com outros remédios?
Pode ocorrer síndrome serotoninérgica (excesso de serotonina no organismo, podendo levar a sintomas graves) se o cloridrato de sertralina for usado com os seguintes medicamentos:
Anfetaminas, Fentanila e análogos: como tramadol, dextrometorfano, tapentadol, petidina, metadona e pentazocina.
Antipsicóticos e outros antagonistas de dopamina, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): como citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, buprenorfina e vilazodona.
Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSNs): como desvenlafaxina, levomilnaciprana, venlafaxina e vortioxetina.
Triptanos (para enxaqueca): como sumatriptana e naratriptana.
Inibidores da enzima monoaminoxidase (IMAO) (o uso simultâneo é extremamente perigoso e pode causar reações graves): como selegilina, tranilcipromina, isocarboxazida, fenelzina, moclobemida, a linezolida e o azul de metileno.
Estimulantes e drogas: anfetaminas, triptofano, fenfluramina e erva-de-são-joão.
Há ainda risco de sangramento aumentado ao combinar com:
Antiinflamatórios não esteroides (AINEs): ibuprofeno e naproxeno, por exemplo.
Ácido acetilsalicílico: aspirina, por exemplo.
Heparina e ticlopidina (medicamentos anticoagulantes).
Pessoas que usam remédios para arritmia, diuréticos ou outros que afetam o ritmo cardíaco devem avisar ao médico. De toda forma, é sempre importante informar seu médico sobre todos os medicamentos que você usa.
Onde armazenar a sertralina?
Guarde o medicamento em temperatura ambiente, entre 15 °C e 30 °C, em local protegido da luz e da umidade. Nunca use o medicamento fora do prazo de validade e sempre mantenha-o na embalagem original. O lote, a data de fabricação e a validade estão indicados na embalagem.
Antes de tomar, observe a aparência do comprimido. Se ele estiver dentro da validade, mas apresentar alguma mudança na cor, formato ou cheiro, fale com um farmacêutico antes de usar. E lembre-se: mantenha este e qualquer outro medicamento fora do alcance das crianças e dos animais domésticos.
O que fazer se esquecer de tomar este medicamento?
Se você esquecer de tomar a sertralina no horário certo, tome assim que lembrar. Mas, se já estiver perto da hora da próxima dose, pule a dose esquecida e tome a próxima, continuando normalmente a frequência recomendada pelo médico. Nunca tome duas doses de uma vez para compensar o esquecimento.
De toda forma, é importante frisar que esquecer de tomar o remédio pode atrapalhar o tratamento. Então fique atento. Se tiver qualquer dúvida, fale com o farmacêutico ou o médico que te acompanha.
Quais os possíveis efeitos colaterais e reações adversas da sertralina?
Ao usar este medicamento, algumas pessoas podem sentir efeitos colaterais. Esses efeitos e intensidade podem variar de pessoa para pessoa. São eles:
Reações muito comuns (acontecem em 10% dos pacientes):
Dificuldade para dormir (insônia)
Tontura
Dor de cabeça
Diarreia
Enjoo (náusea)
Reações comuns (ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes):
Aumento ou diminuição do apetite
Sintomas de depressão, ansiedade ou agitação
Ranger os dentes (bruxismo)
Pesadelos
Diminuição do desejo sexual
Músculos mais rígidos ou tensos
Tremores
Sonolência
Formigamento ou dormência (parestesia)
Problemas de visão
Zumbido no ouvido
Palpitações (batimentos acelerados ou irregulares)
Vermelhidão no rosto (rubor)
Bocejos frequentes
Vômito, prisão de ventre, dor na barriga, boca seca, má digestão
Manchas na pele (rash)
Suor em excesso
Dor nas articulações
Alterações na ejaculação ou na função sexual
Menstruação irregular
Dor no peito, sensação de mal-estar, febre leve, diminuição da força física e cansaço
Ganho de peso
Reações incomuns (entre 0,1% e 1% dos pacientes):
Reações alérgicas
Ver ou ouvir coisas que não existem (alucinações)
Comportamento agressivo, confusão, euforia
Desmaios
Contrações involuntárias do músculo ou tremores exagerados
Diminuição da sensibilidade
Atividade muscular exagerada
Pupilas dilatadas
Inchaço ao redor dos olhos
Coração acelerado
Sangramentos (inclusive no nariz ou intestino)
Pressão alta
Broncoespasmo (contração dos brônquios e bronquíolos)
Alterações no fígado (detectadas em exames)
Coceira, urticária, manchas roxas na pele
Queda de cabelo
Dificuldade para urinar, sangue na urina ou urina solta
Dificuldade para andar
Inchaço nos pés, tornozelos e mãos.
Perda de peso
Reações raras (entre 0,01% e 0,1% dos pacientes):
Redução das plaquetas e das células de defesa no sangue
Reações alérgicas graves (como inchaço e dificuldade para respirar)
Problemas hormonais (ex: aumento da prolactina, hipotireoidismo, diabetes)
Alterações nos níveis de sódio e açúcar no sangue
Distúrbio psicótico como delírio e alucinação
Convulsões, coma, síndrome do aumento da serotonina
Dificuldade para ficar parado (inquietação constante)
Arritmias graves no coração
Vasoconstrição cerebral
Inflamação nos pulmões (pneumonia eosinofílica)
Inflamação no pâncreas (pancreatite)
Problemas graves na pele (como síndrome de Stevens-Johnson)
Sensibilidade exagerada da pele à luz
Dificuldade de abrir a boca (trismo)
Rabdomiólise (comprometimento muscular grave)
Enurese (urinar sem querer)
Ereção prolongada e dolorosa sem motivo (priapismo)
Secreção de leite fora da amamentação, aumento das mamas em homens
Inchaço no rosto
Sintomas de abstinência ao parar o medicamento
Alterações em exames de sangue e eletrocardiograma
Colesterol alto
Fraturas
Se você perceber qualquer reação diferente ou incômoda ao usar a sertralina, informe ao médico ou farmacêutico. Também é importante avisar a empresa por meio do serviço de atendimento ao consumidor.
O que pode acontecer em caso de superdosagem?
Procure ajuda médica o quanto antes se tomar uma quantidade maior do que a recomendada deste medicamento.
Os sintomas de uma superdose podem incluir:
Muito sono ou dificuldade para ficar acordado
Enjoo e vômito
Batimentos do coração acelerados
Tremores
Agitação
Tontura
Em casos raros, a pessoa pode até entrar em coma. As mortes por superdose de sertralina são muito raras, e geralmente acontecem quando o remédio é combinado com outros medicamentos ou álcool.
Não existe um remédio específico (antídoto) para reverter a superdose, e provocar vômito não é recomendado. Se isso acontecer com você ou alguém próximo vá imediatamente para um hospital ou pronto-socorro e leve a embalagem ou a bula do remédio, se possível. Para mais orientações, você também pode ligar para o número 0800 722 6001 (Disque Intoxicação).
Revisão técnica do texto feita por: Talita Bonato de Almeida, farmacêutica bioquímica e docente na Universidade Anhembi Morumbi (campus Piracicaba).
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