Ritalina: para que serve, como tomar, efeitos e bula completa

Ritalina é o nome comercial do medicamento cuja substância ativa é o cloridrato de metilfenidato, um psicoestimulante derivado de anfetaminas. Ela é amplamente utilizada no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas também é indicada para narcolepsia em adultos.
Além da versão Ritalina, o metilfenidato pode ser encontrado em outras apresentações, como Ritalina LA (de liberação prolongada), Concerta, Attenze, Consiv e versões genéricas.
Confira, a seguir, todas as informações encontradas na bula de Ritalina.
Ritalina: para que serve e bula completa
Para que serve a Ritalina? O que ela trata?
A Ritalina contém o cloridrato de metilfenidato como substância ativa, que é um estimulante do sistema nervoso central. O medicamento é usado para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a narcolepsia.
O TDAH é um distúrbio que afeta crianças, adolescentes e também adultos. Estima-se que o transtorno atinja entre 5% e 8% da população mundial, levando crianças e adolescentes a terem dificuldade em ficar parados ou focar em tarefas por muito tempo, o que pode atrapalhar o aprendizado e as atividades escolares. Elas podem apresentar comportamento desafiador tanto em casa quanto na escola.
Já em adultos, o TDAH causa com frequência problemas para se concentrar, além de também ser comum impaciência, inquietação, desatenção e tédio. Ainda pode haver dificuldade em organizar tarefas do dia a dia, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.
Para pessoas com TDAH, a Ritalina melhora a atividade de certas partes do cérebro que são pouco ativas, aumentando o nível de atenção e a concentração, além de reduzir os comportamentos impulsivos. O medicamento, que não é recomendado para crianças com menos de seis anos de idade, geralmente é indicado como parte de um tratamento que inclui terapia psicológica, educacional e social, especialmente para crianças e adolescentes.
Já a narcolepsia é um distúrbio do sono que causa ataques de sonolência durante o dia, mesmo que a pessoa tenha dormido bem à noite. Esse diagnóstico deve ser feito por um médico, que avaliará os padrões de sono e vigília.
Neste caso, a Ritalina age na redução da sonolência excessiva durante o dia.
Precisa de receita médica para comprar Ritalina?
Sim, é preciso de receita médica para comprar Ritalina. Por ser derivado de anfetaminas, o medicamento possui uso controlado para minimizar efeitos colaterais, como a dependência do medicamento.
Como usar a Ritalina?
A Ritalina é encontrada em comprimido na dosagem de 10 mg. Já a Ritalina LA, com efeito mais duradouro, está disponível em cápsulas de longo alcance (LA) com 10 mg, 20 mg, 30 mg ou 40 mg.
O medicamento deve ser ingerido com água, sem parti-lo ou mastigá-lo, uma ou duas vezes por dia, geralmente no café da manhã e/ou almoço. Você pode ainda tomar com ou sem comida.
Como algumas pessoas podem ter insônia, a recomendação é tomar a última dose antes das 18h, salvo indicação diferente do médico. É ele quem decidirá também a dose ideal para cada pessoa, levando em conta as necessidades e a resposta ao tratamento.
Em crianças, quando o uso é recomendado pelo médico, a indicação é começar com doses pequenas e ir aumentando gradualmente conforme necessário, não ultrapassando 60 mg por dia.
Já para adultos, as doses normalmente variam entre 20 e 30 mg por dia, mas alguns pacientes podem necessitar de mais ou menos do que isso. O limite diário é de 60 mg para narcolepsia e 80 mg para TDAH.
Importante: siga sempre as orientações médicas e nunca ultrapasse a dose, a frequência e o tempo de uso recomendadas. Se perceber que o medicamento parece muito forte ou fraco, converse com o médico. Ele pode, inclusive, suspender o uso temporariamente para avaliar se a Ritalina ainda é necessária.
A interrupção do medicamento deve ser orientada, com redução gradual da dose antes de encerrar o uso. Após parar, é indicado supervisão médica.
Quais as contraindicações da Ritalina? Quem não deve tomar?
Evite tomar Ritalina se você:
Tem alergia ao metilfenidato ou a qualquer outro componente do medicamento. Se desconfiar de alergia, consulte seu médico.
Sofre de ansiedade, tensão ou agitação.
Possui problemas na tireoide.
Tem problemas cardíacos, como histórico de ataque cardíaco, batimentos irregulares, dor no peito (angina), insuficiência cardíaca ou algum tipo de doença ou problema do coração.
Tem pressão alta (hipertensão) ou vasos sanguíneos estreitos que podem causar dor nos braços e pernas (doença arterial oclusiva).
Está tomando um medicamento chamado inibidor da monoamina oxidase (IMAO) para tratar depressão ou usou esse tipo de remédio nas últimas duas semanas.
Sofre de pressão alta nos olhos (glaucoma).
Tem um tumor na glândula adrenal chamado feocromocitoma.
Possui fala ou movimentos descontrolados (síndrome de Tourette) ou tem um familiar com essa condição.
Se alguma dessas situações se aplica a você, não tome Ritalina e informe ao seu médico.
O que saber antes de tomar o medicamento?
O fabricante orienta a seguir todas as recomendações médicas, mesmo que elas sejam diferentes das informações da bula. É indicado também que se use Ritalina com cuidado se você:
Apresentar ereções anormais, frequentes e dolorosas do pênis durante ou após o uso do medicamento. Isso pode ocorrer em qualquer idade e pode precisar de atendimento médico urgente. Avise seu médico imediatamente caso aconteça.
Sentir sintomas como: agitação, tremores, contrações musculares repentinas, febre alta, náuseas ou vômitos enquanto toma Ritalina junto com medicamentos que aumentam a serotonina (como sertralina ou venlafaxina). Interrompa ambos os medicamentos e avise seu médico imediatamente.
Tiver histórico de abuso de álcool ou drogas.
Sofrer de desmaios, epilepsia ou convulsões.
Tiver pressão alta (hipertensão).
Tiver problemas no coração, como anomalias estruturais, doenças cardíacas, ou histórico de problemas cardíacos.
Tiver ou teve problemas nos vasos sanguíneos cerebrais, como aneurisma, AVC ou inflamações nos vasos sanguíneos (vasculites).
Sofrer de distúrbios mentais graves, como psicose (pensamentos e percepções anormais) ou mania (excitação e hiperatividade).
Apresentar sintomas psicóticos, como alucinações (ver ou sentir coisas que não existem).
Demonstrar comportamento agressivo ou pensamentos/ações suicidas.
Tiver tiques motores ou histórico familiar de tiques (movimentos involuntários ou repetição de sons/palavras).
Se algum desses casos se aplica a você, informe ao seu médico. Ele decidirá se você pode começar ou continuar a usar Ritalina.
Ritalina pode afetar o crescimento da criança?
Sim. Em crianças, o uso prolongado da Ritalina pode levar a um crescimento mais lento, mas isso geralmente se normaliza após a interrupção do tratamento. De toda forma, essa é uma situação que o médico deve monitorar.
Ritalina causa dependência?
Se usado de forma inadequada, o medicamento pode causar dependência. Mas usado da forma orientada pelo médico, não há evidências de que pacientes com TDAH fiquem viciados ou tenham maior tendência a abusar de drogas.
A Ritalina, como todos os medicamentos que contêm estimulantes do sistema nervoso central, é prescrita apenas após um diagnóstico adequado e sob supervisão médica rigorosa.
Inclusive, para garantir que o uso da Ritalina não cause efeitos indesejados, o médico deve acompanhar regularmente sua saúde geral, verificando, por exemplo, a pressão arterial e os batimentos cardíacos. Além disso, se o medicamento for usado por um longo período, exames de sangue serão feitos para monitorar os níveis de células sanguíneas, como glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas.
Posso tomar Ritalina e fazer cirurgia?
Se você for passar por uma cirurgia, avise ao médico que está usando Ritalina. Você não deve tomar o medicamento no dia da operação caso seja usado um tipo específico de anestesia, pois isso pode causar um aumento repentino na pressão arterial durante o procedimento.
Ritalina pode interferir em testes para drogas e antidoping?
Sim. O medicamento pode gerar resultado falso positivo em exames para detecção de drogas, inclusive em testes realizados no esporte. Esse medicamento pode ser considerado como doping (uso de substâncias ou métodos proibidos para melhorar o desempenho físico ou esportivo de forma artificial).
Pode usar Ritalina e tomar bebidas alcoólicas?
Evite consumir bebidas alcoólicas enquanto estiver tomando Ritalina, pois o álcool pode aumentar os efeitos colaterais do medicamento. Lembre-se ainda de que alguns alimentos e medicamentos também podem conter álcool.
Pode dirigir se estiver usando Ritalina?
A Ritalina pode causar efeitos como tontura, sonolência, visão embaçada, alucinações e outros problemas que afetam o sistema nervoso central, prejudicando sua concentração. Se tiver algum desses sintomas, evite dirigir, operar máquinas ou realizar atividades que exigem atenção total e comunique ao médico.
Grávidas e lactantes podem tomar Ritalina?
Este medicamento não deve ser usado durante a gravidez sem orientação médica. Por isso, avise ao médico se você está grávida ou suspeita que possa estar.
Além disso, durante o tratamento com Ritalina, não é recomendado a amamentação, pois a substância ativa do medicamento pode passar para o leite materno. Informe ao médico se for o seu caso.
Ritalina dá sono?
O medicamento geralmente é usado para melhorar o foco e a atenção, sendo considerado um estimulante do sistema nervoso central. No entanto, como qualquer medicamento, pode causar efeitos colaterais, incluindo sonolência em alguns casos.
Essa reação pode variar de pessoa para pessoa. Se você estiver sentindo sono ou outros efeitos inesperados durante o uso da Ritalina, é importante informar ao médico para ajustar o tratamento, se necessário.
Interação medicamentosa: pode tomar Ritalina com outros remédios?
Não use Ritalina se você estiver tomando um medicamento chamado "inibidor da monoamina oxidase" (IMAO), usado para tratar depressão, ou se tiver tomado esse tipo de remédio nos últimos 14 dias. A combinação dos dois medicamentos pode causar um aumento repentino na pressão arterial.
Também é recomendado avisar se você estiver tomando alguns dos medicamentos abaixo, uma vez que pode ser necessário alterar a dose ou em alguns casos parar um dos medicamentos:
Medicamentos que aumentam a pressão arterial.
Antidepressivos tricíclicos, usados no tratamento da depressão.
Agonistas alfa-2, como clonidina, usada para tratar pressão alta.
Anticoagulantes orais, que ajudam a prevenir coágulos no sangue.
Anticonvulsivantes, usados no tratamento de crises convulsivas.
Fenilbutazona, para dores ou febre.
Medicamentos que afetam os níveis de dopamina, como os usados para tratar Parkinson ou psicoses.
Medicamentos que aumentam os níveis de serotonina, como sertralina e venlafaxina, usados para tratar depressão.
É importante informar ainda, ao médico ou farmacêutico, se você está tomando ou tomou recentemente qualquer outro medicamento, incluindo fitoterápicos ou medicamentos que não exigem receita médica.
Onde armazenar a Ritalina?
Guarde o medicamento em temperatura ambiente, entre 15°C e 30°C, e verifique sempre o número do lote e as datas de fabricação e validade na embalagem. Não use o medicamento se estiver vencido e mantenha-o na embalagem original.
Antes de usar, confira a aparência do remédio. Se estiver dentro do prazo de validade, mas notar alguma alteração no aspecto, fale com um farmacêutico para verificar se pode utilizá-lo. Lembre-se ainda que todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças e dos animais domésticos.
O que fazer se esquecer de tomar este medicamento?
Se você esquecer de tomar uma dose de Ritalina, tome assim que lembrar. Depois, continue tomando as outras doses do dia nos horários normais. Não duplique a dose para compensar a que foi esquecida.
Quais os possíveis efeitos colaterais e reações adversas da Ritalina?
Assim como outros medicamentos, a Ritalina pode gerar efeitos colaterais, mas isso não acontece com todas as pessoas. Normalmente, segundo o fabricante, os efeitos são leves ou moderados e costumam passar com o tempo.
Reações adversas graves (procure um médico imediatamente se sentir):
Inchaço nos lábios ou língua e dificuldade para respirar (possível reação alérgica grave).
Febre alta repentina, pressão muito alta e convulsões intensas (Síndrome Neuroléptica Maligna).
Dormência dos dedos, formigamento e mudança de cor (do branco ao azul, depois vermelho) no frio ("fenômeno de Raynaud");
Dor de cabeça forte, confusão, fraqueza ou paralisia em membros ou face e dificuldade para falar (sinais de problemas nos vasos sanguíneos do cérebro).
Batimentos cardíacos acelerados e dor no peito.
Movimentos bruscos e incontroláveis (discinesia).
Manchas roxas (púrpura trombocitopênica).
Espasmos musculares ou tiques.
Dor de garganta, febre ou resfriado (possível baixa contagem de glóbulos brancos).
Movimentos involuntários dos membros, face ou tronco (movimentos coreatetoides).
Ver ou sentir coisas que não existem (alucinações).
Desmaios ou convulsões (epilepsia ou crises epilépticas).
Bolhas ou coceira na pele (dermatite esfoliativa).
Manchas vermelhas na pele (eritema multiforme).
Ereção prolongada e dolorosa no pênis (priapismo).
Reações muito comuns (ocorrem em mais de 10% dos casos):
Dor de garganta e coriza.
Perda de apetite.
Nervosismo.
Dificuldade para dormir.
Náusea e boca seca.
Reações comuns (ocorrem entre 1% e 10% dos casos):
Angústia emocional excessiva, inquietação, distúrbios do sono, excitação emocional, agitação.
Dor de cabeça, tontura ou sonolência.
Tremores.
Alterações na pressão arterial e ritmo cardíaco (batimentos irregulares ou palpitações).
Vômitos, dor de estômago, indisposição estomacal, indigestão e dor de dente.
Coceira ou alterações na pele (urticária), febre e queda de cabelo.
Suor excessivo.
Dores nas articulações.
Perda de peso.
Reações raras (ocorrem entre 0,01% e 0,1% dos casos):
Crescimento mais lento de crianças durante uso prolongado, tanto peso como altura.
Visão embaçada.
Reações muito raras (ocorrem em menos de 0,01% dos casos):
Contagem baixa de glóbulos vermelhos (anemia) ou plaquetas (trombocitopenia).
Atividade anormal, humor deprimido;
Fala e movimentos corporais descontrolados (síndrome de Tourette);
Função hepática anormal, incluindo coma hepático;
Câimbras musculares.
Frequência desconhecida
Inchaço das orelhas (um sintoma de reação alérgica);
Distúrbios psiquiátricos que incluem irritação, alterações de humor, comportamento e pensamentos anormais, raiva, pensamentos ou tentativas de suicídio (incluindo suicídio), atenção excessiva ao ambiente, sentimento excepcionalmente animado, atividade aumentada e desinibida (mania), sentimento desorientado, alterações no desejo sexual, falta de sentimento ou emoção, fazer as coisas repetidamente, obsessão por alguma coisa, confusão e vício;
Problemas no sistema nervoso como fraqueza muscular temporária, perda da sensibilidade da pele ou outras funções do corpo devido a uma falta temporária de suprimento sanguíneo no cérebro (deficit neurológico isquêmico reversível) e enxaqueca;
Visão dupla, pupilas dilatadas e dificuldade para enxergar;
Parada de batimento cardíaco e ataque cardíaco;
Diarreia ou constipação;
Inchaço da face e da garganta;
Dores musculares, espasmos musculares, espasmo dos músculos da mandíbula que dificultam a abertura da boca (trismo);
Inchaço das mamas em homens;
Cansaço.
Outras possíveis reações ocorridas com outros medicamentos que utilizam a mesma substância ativa da Ritalina:
Sangue na urina;
Morte súbita de origem cardíaca;
Sons anormais do coração em avaliações laboratoriais.
Se qualquer efeito colateral aparecer ou mesmo note algo fora do normal que não está descrito na bula, informe ao médico. É essencial também comunicar reações ao fabricante através do serviço de atendimento.
O que pode acontecer em caso de superdosagem?
Se você tomar muitos comprimidos de Ritalina acidentalmente, procure imediatamente um médico ou vá para a emergência do hospital mais próximo. Avise ao médico a quantidade tomada e o horário em que os comprimidos foram ingeridos, pois pode ser necessário atendimento médico urgente. Leve também, se possível, a embalagem ou bula do medicamento com você.
Possíveis sintomas de superdosagem incluem:
Vômitos;
Agitação;
Dor de cabeça;
Tremores;
Espasmos musculares;
Batimentos cardíacos irregulares;
Vermelhidão no rosto (rubor);
Febre;
Sudorese (excesso de suor);
Pupilas dilatadas;
Dificuldade para respirar;
Confusão mental;
Convulsões;
Espasmos musculares, febre e urina avermelhada ou marrom, que podem indicar um problema grave chamado rabdomiólise (ruptura anormal dos músculos).
Nesses casos, é importante agir rápido para evitar complicações sérias. Para mais orientações, você pode ligar para 0800 722 6001 (Disque-Intoxicação).
Revisão técnica do texto feita por: Jerônimo Pietrobon Martins, farmacêutico, doutor em farmacologia bioquímica e molecular, e professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
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