Plasil: para que serve, como tomar, efeitos e bula completa

O Plasil é um medicamento usado para tratar náuseas e vômitos de causas diversas, como cirurgias, infecções, doenças metabólicas ou uso de outros remédios. Ele age acelerando o esvaziamento do estômago e bloqueando sinais no cérebro, reduzindo sensação de náuseas e o reflexo do vômito. Comercializado em comprimido de 10 mg, seu uso é destinado a adultos, sendo contraindicado para menores de um ano e não recomendado para pacientes entre um e 18 anos.
Confira, a seguir, todas as informações encontradas na bula de Plasil.
Plasil: para que serve e bula completa
Para que serve o Plasil? O que ele trata?
Este medicamento é usado para tratar enjoos e vômitos causados por diferentes motivos, como cirurgias, infecções, doenças metabólicas ou uso de outros remédios.
O princípio ativo do Plasil, chamado metoclopramida, bloqueia a ação do neurotransmissor dopamina no trato gastrointestinal, o que aumenta os movimentos do estômago (motilidade gástrica superior) e acelera o esvaziamento gástrico, melhorando o trânsito intestinal. Isso alivia sintomas como náuseas, vômitos, queimação e sensação de estômago cheio.
No cérebro, esse bloqueio da ação da dopamina reduz a sensação de náuseas e o reflexo do vômito.
Precisa de receita médica para comprar Plasil?
Sim, esse é um medicamento vendido sob prescrição médica, mas sem necessidade de retenção de receita pela farmácia.
Como usar o Plasil?
O comprimido deve ser engolido inteiro, sem mastigar, com quantidade suficiente de líquido, de preferência, água. Ele começa a fazer efeito entre 30 minutos e uma hora após ser tomado.
A dose recomendada apenas para adultos é de um comprimido de 10 mg, três vezes ao dia, por via oral, 30 minutos antes das refeições.
Respeite o intervalo de pelo menos seis horas entre as doses, mesmo se houver vômito ou rejeição da dose, de forma a evitar superdose. A dose máxima por dia é de 30 mg e o tratamento não deve passar de cinco dias.
Casos especiais:
Diabéticos: Pessoas com diabetes podem ter dificuldade no esvaziamento do estômago, o que pode atrapalhar o controle da glicose. Como o Plasil acelera esse processo, o médico pode precisar ajustar a dose de insulina e o horário em que ela é aplicada.
Pessoas com problemas nos rins e no fígado: Como o Plasil é eliminado principalmente pelos rins, quem tem problemas renais moderados, deve reduzir em 50% a dose recomendada ou 75% no caso de problemas severos —ou conforme o critério de seu médico. Já pacientes com insuficiência hepática (fígado) devem começar com metade da dose recomendada.
Quais as contraindicações do Plasil? Quem não deve tomar?
Você não deve usar Plasil nos seguintes casos:
Alergia: se já teve alergia à metoclopramida (substância ativa do Plasil) ou a qualquer componente da fórmula.
Perigo no esvaziamento gástrico: se tiver sangramento, obstrução mecânica ou perfuração gastrointestinal, pois o remédio acelera o esvaziamento do estômago, o que pode piorar esses quadros.
Movimentos involuntários: se já teve movimentos repetitivos e involuntários causados por medicamentos como neurolépticos (usados no tratamento de psicoses, como anestésicos e em outros distúrbios psíquicos) ou pela própria metoclopramida.
Tumor na glândula suprarrenal (feocromocitoma): o uso pode provocar aumento perigoso da pressão arterial.
Uso de certos medicamentos para Parkinson: como levodopa ou outros remédios que ativam a dopamina, pois o efeito do Plasil é oposto ao desses medicamentos.
Doença de Parkinson: o remédio pode piorar os sintomas.
Problemas no sangue: se já teve uma condição chamada metemoglobinemia (dificuldade do sangue em transportar oxigênio) com o uso de Plasil, ou tem deficiência de uma enzima chamada NADH citocromo-b5 redutase.
Epilepsia ou uso de medicamentos que causam tremores e rigidez muscular: Plasil pode aumentar essas reações.
Crianças menores de um ano: não devem usar Plasil, pois têm mais risco de efeitos colaterais graves relacionados aos movimentos involuntários.
Lactantes: é contraindicado para mães que estão amamentando, pois o remédio passa para o leite e pode afetar o bebê.
O que saber antes de tomar o medicamento?
Podem ocorrer tremores, rigidez muscular e inquietação, principalmente em crianças, jovens (mesmo em dose única) ou com doses altas.
Outros sintomas possíveis: movimentos involuntários no rosto e da língua, torcicolo, olhar fixo para cima ou lateral (crises oculógiras), fala lenta e contrações musculares da mandíbula. Esses efeitos desaparecem ao parar o uso. Mas, em alguns casos, é necessário tratamento médico.
Não usar por mais de três meses, especialmente em idosos, devido ao risco de movimentos involuntários permanentes (discinesia tardia). Casos de terapia prolongada devem ser reavaliados periodicamente pelo médico.
Pare o medicamento e procure um médico se tiver febre, rigidez muscular, tremores e pressão alta pelo risco de Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM).
Pode causar arritmias graves, especialmente em quem já tem problemas no coração (como síndrome do QT longo, frequência cardíaca baixa ou insuficiência cardíaca).
Informe seu médico se usar diuréticos ou tiver níveis baixos de potássio e magnésio no sangue.
Mulheres grávidas podem usar o medicamento, mas com orientação médica. Mas, se for tomado próximo ao parto, pode causar efeitos no bebê, como tremores e rigidez muscular.
Não recomendado para pacientes entre um e 18 anos.
Deve-se considerar redução da dose em pacientes idosos com base na função renal ou hepática e fragilidade geral.
A metoclopramida pode aumentar os níveis de prolactina (hormônio que estimula a produção de leite), o que deve ser considerado em pacientes com câncer de mama detectado previamente.
Não é aconselhável dirigir, já que pode causar sonolência, principalmente se combinado com álcool ou remédios calmantes.
Contém lactose, o que pode causar complicações em pessoas intolerantes à substância.
É preciso cautela com o uso de certos medicamentos, que podem aumentar as reações adversas ou mesmo alterar seu efeito. (Veja mais em interações medicamentosas)
Pode usar Plasil e tomar bebidas alcoólicas?
Não é recomendado, já que pode aumentar os sintomas de sonolência. Além disso, o álcool pode irritar o estômago, contribuindo para piorar o quadro de enjoo e vômito.
Pode dirigir se estiver usando Plasil?
Não é aconselhável dirigir, já que o medicamento pode causar sonolência, principalmente se combinado com álcool ou remédios calmantes. Antes de pegar no carro ou operar máquinas, veja como seu corpo reage ao fármaco.
Grávidas e lactantes podem tomar Plasil?
Segundo o fabricante, estudos em pacientes grávidas não indicaram má formação fetal ou toxicidade neonatal, mas o uso deve ser orientado por um médico. A ressalva ocorre apenas na administração próxima ao parto. Neste caso, não é aconselhável porque pode causar movimentos involuntários, tremores e rigidez muscular no bebê.
Já no caso de mães que estão amamentando, o uso é contraindicado, já que o medicamento pode passar pelo leito materno e causar reações indesejadas na criança.
Plasil dá sono?
Sim. Sonolência é uma reação muito comum do medicamento.
Interação medicamentosa: pode tomar Plasil com outros remédios?
Contraindicado: Levodopa e outros medicamentos para Parkinson (que ativam a dopamina), pois possuem ações contrárias ao Plasil.
Evitar: álcool, pois aumenta a sonolência.
- Usar com cautela:
Anticolinérgicos, pois possuem ações contrárias no esvaziamento gástrico.
Depressores do sistema nervoso central, como derivados de morfina, hipnóticos, ansiolíticos, anti-histamínicos H1 sedativos, antidepressivos sedativos, barbituratos e clonidina, pois aumentam o efeito calmante da metoclopramida.
Neurolépticos (antipsicóticos), usados para tratar esquizofrenia e transtornos de humor, como a doença bipolar, pois pode aumentar os efeitos neurolépticos relacionados às desordens que resultam em alterações no movimento e postura (extrapiramidais).
Medicamentos serotoninérgicos (antidepressivos), como inibidores seletivos de receptação de serotonina (ISRSs), por aumentar o risco de síndrome serotoninérgica.
- Plasil pode interferir na absorção de fármacos, como:
Digoxina: pode ter absorção reduzida.
Ciclosporina: pode ter efeito aumentado.
Inibidores potentes da CYP2D6, como fluoxetina: pode aumentar o efeito do Plasil.
Rifampicina: pode reduzir o efeito do Plasil.
Onde armazenar o Plasil?
Guarde-o na embalagem original, em temperatura ambiente (entre 15 ºC e 30 ºC), protegido da luz e fora do alcance de crianças e de animais domésticos.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. Se estiver no prazo de validade, mas com aparência fora do comum, consulte o farmacêutico para saber se poderá utilizá-lo.
O que fazer se esquecer de tomar este medicamento?
Caso esqueça uma dose, tome assim que possível. No entanto, se estiver próximo do horário da dose seguinte, aguarde, respeitando sempre o intervalo de no mínimo seis horas entre as doses. Nunca tome duas doses ao mesmo tempo.
Quais os possíveis efeitos colaterais e reações adversas do Plasil?
- Muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes):
Sonolência.
- Comum (entre 1% e 10% dos pacientes):
Movimentos involuntários, tremores e rigidez muscular (sintomas extrapiramidais), mesmo após dose única, principalmente em crianças e adultos jovens;
Síndrome parkinsoniana;
Inquietude;
Depressão;
Fraqueza;
Pressão baixa, especialmente com formulação intravenosa.
- Incomum (entre 0,1% e 1%):
Distúrbios visuais e desvio involuntário do globo ocular (discinesia);
Contrações musculares involuntárias, repetitivas e/ou sustentadas, levando a movimentos e posturas anormais (distonia);
Diminuição do nível de consciência;
Alucinação;
Ausência de menstruação;
Aumento nos níveis de prolactina, responsável pela produção de leite materno;
Alergia;
Diminuição da frequência cardíaca;
Choque circulatório (diminuição da circulação sanguínea que pode levar à falha dos órgãos);
Desmaio, normalmente após uso injetável.
- Rara (entre 0,01% e 0,1%):
Convulsões;
Confusão;
Produção de leite fora do período pós-parto;
- Desconhecido:
Movimentos involuntários e repetitivos por uso prolongado do medicamento (discinesia tardia);
Síndrome Neuroléptica Maligna;
Ideias suicidas;
Metemoglobinemia (redução da capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos);
Sulfemoglobinemia (azulamento da pele e mucosas devido à falta de oxigênio nos tecidos);
Crescimento das mamas em homens (ginecomastia);
Reações alérgicas (como anafilaxia, angioedema e urticária);
Distúrbios nos batimentos cardíacos, podendo levar a parada cardíaca;
Pressão alta.
O que pode acontecer em caso de superdosagem?
Podem aparecer efeitos como tremores, rigidez muscular, sonolência, confusão, alucinações e diminuição da consciência. Esses problemas costumam desaparecer em até 24 horas e o tratamento é feito apenas para aliviar os sintomas.
Se houver um problema chamado metemoglobinemia (um tipo raro de alteração no sangue), ele pode ser tratado com um medicamento chamado azul de metileno, aplicado na veia.
Se você tomar uma quantidade maior do que deveria deste remédio, procure ajuda médica imediatamente. Leve a embalagem ou a bula, se puder. Você também pode ligar para o número 0800 722 6001 (Disque Intoxicação) para receber orientações.
Revisão técnica do texto feita por: Julia Tiemi Siguemoto, farmacêutica, doutoranda da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); e Patricia Moriel, farmacêutica, doutora, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp e coordenadora do Grupo técnico de Farmacovigilância do CRF/SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo).
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