Miosan: para que serve, como tomar, efeitos e bula completa

Para que serve o Miosan? O que ele trata?

Miosan, cujo princípio ativo é o cloridrato de ciclobenzaprina, é um relaxante muscular usado para tratar espasmos musculares (contrações involuntárias) associados com condições musculoesqueléticas agudas e dolorosas, como dores lombares, torcicolos, periartrite escapuloumeral (acomete o ombro), cervicobraquialgias (dores na região do pescoço que irradiam para os braços) e no tratamento da fibromialgia.

O medicamento acaba com o espasmo de forma localizada, sem interferir com a função muscular. Na versão com cafeína, ele também ajuda a reduzir a fadiga, aumenta o estado de alerta e melhora a agilidade mental.

É indicado ainda que ele seja utilizado junto com outras medidas, como fisioterapia e repouso, para aliviar os sintomas.

Importante: a aciclobenzaprina não funciona em casos de espasmos causados por doenças do sistema nervoso central.

Precisa de receita médica para comprar Miosan?

Sim, o medicamento é vendido sob prescrição médica, mas não há retenção de receita pela farmácia.

Como usar o Miosan?

A versão do medicamento em comprimido revestido deve ser ingerida com um copo de água. Já a orodispersível deve ser colocada e mantida sobre a língua até desintegrar-se completamente. Neste momento, a boca não deve conter alimento ou qualquer líquido. Após a total desintegração, o paciente pode ingerir um copo de água.

Em nenhuma das circunstâncias, o medicamento deve ser partido ou mastigado.

A dose usual é de 20 a 40 mg, em duas a quatro administrações ao dia (a cada 12 ou seis horas), com início da ação do fármaco em, aproximadamente, uma hora após a administração.

A dose máxima diária é de 60 mg e o uso por mais de duas ou três semanas só deve ser feito com orientação médica, já que esses espasmos costumam durar pouco tempo.

Quais as contraindicações do Miosan? Quem não deve tomar?

O medicamento não deve ser utilizado nos casos de:

Alergia à ciclobenzaprina ou a qualquer outro componente da fórmula do medicamento;

Glaucoma ou retenção urinária;

No período pós-infarto do miocárdio;

Uso de antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) ou se interrompeu a utilização desses medicamentos há menos de 14 dias;

Arritmias cardíacas, bloqueio ou distúrbios de condução cardíaca ou insuficiência cardíaca congestiva;

Hipertireoidismo;

Gravidez;

Crianças menores de 15 anos;

Pessoas com síndrome de má-absorção de glicose-galactose;

Insuficiência hepática moderada à grave.

O que saber antes de tomar o medicamento?

A ciclobenzaprina pode aumentar os efeitos do álcool, barbitúricos (calmantes) e de outras drogas depressoras do sistema nervoso central;

O medicamento deve ser utilizado com cautela em pacientes idosos, com insuficiência hepática leve e histórico de retenção urinária, glaucoma de ângulo fechado, pressão intraocular elevada, aumento da frequência cardíaca, hipertrofia prostática benigna (aumento da próstata, quadro comum em homens idosos) ou naqueles em tratamento com medicamentos anticolinérgicos;

Recomenda-se cautela ainda em casos de administração concomitante a medicamentos inibidores da recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, buspirona, meperidina, tramadol, bupropiona e verapamil, pelo potencial de ocorrência de Síndrome serotoninérgica.

Medicamentos antidiscinéticos (utilizados em transtornos motores) e anticolinérgicos podem ter sua ação aumentada pelo Miosan, levando a problemas gastrintestinais;

O uso por mais de duas ou três semanas deve ser feito apenas com acompanhamento médico;

Atividades que exijam atenção, como a operação de máquinas ou veículos, devem ser evitadas pelo risco de sintomas como sonolência e tontura durante o tratamento;

Mães que estão amamentando devem utilizar o medicamento com cautela e apenas sobre orientação médica;

O medicamento é indicado para maiores de 15 anos;

Os efeitos da droga podem inibir o fluxo salivar, contribuindo para o desenvolvimento de cáries, doenças periodontais e candidíase oral;

Contém lactose e corantes óxido de ferro amarelo e dióxido de titânio, que podem causar reações alérgicas em pessoas sensíveis.

Miosan causa dependência?

Não foram relatadas reações referentes à dependência, com sintomas decorrentes da interrupção abrupta do tratamento. A interrupção após administração prolongada pode provocar náuseas, dor de cabeça e mal-estar.

Pode usar Miosan e tomar bebidas alcoólicas?

A ciclobenzaprina pode aumentar o efeito de álcool e remédios que agem no sistema nervoso, como calmantes, podendo causar mais sonolência e tontura.

Pode dirigir se estiver usando Miosan?

Sonolência e tontura são reações muito comuns de quem toma o medicamento. Por isso, deve-se evitar dirigir ou operar máquinas durante o tratamento.

Grávidas e lactantes podem tomar Miosan?

Não é recomendado o uso de Miosan por mulheres grávidas, pois não há estudos suficientes neste público, apesar dos testes com animais não mostrarem riscos. A cafeína, presente em uma das versões, pode ainda atravessar a placenta e seu consumo em excesso já foi relacionado a baixo peso do bebê e risco de aborto.

Durante a amamentação, tanto a ciclobenzaprina quanto a cafeína exigem atenção. Como a ciclobenzaprina é quimicamente relacionada aos antidepressivos tricíclicos, alguns dos quais são excretados no leite materno, cuidados especiais devem ser tomados. Já a cafeína, em geral, é considerada segura em doses baixas. O excesso, no entanto, pode deixar o bebê irritado ou atrapalhar o sono dele.

Miosan dá sono?

Sonolência é uma das reações adversas comuns do medicamento, ocorrendo em mais de 10% dos pacientes.

Interação medicamentosa: pode tomar Miosan com outros remédios?

O princípio ativo de Miosan, a ciclobenzaprina, é parecido com o de alguns antidepressivos e, por isso, quando usado em doses maiores do que o recomendado, pode causar efeitos sérios no sistema nervoso. Por isso, recomenda-se cautela se for combinado com medicamentos como inibidores da recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos, buspirona, meperidina, tramadol, bupropiona e verapamil.

Essa combinação pode causar a chamada Síndrome Serotoninérgica, que provoca agitação, alucinações, aumento da frequência cardíaca, alterações da pressão sanguínea, tremores, rigidez, náuseas, vômitos, diarreia ou convulsões. Caso isso aconteça, pare de tomar Miosan imediatamente.

Portanto, os pacientes em uso desses medicamentos devem ser cuidadosamente monitorados durante o início e o aumento da dose.

Já no caso dos medicamentos inibidores da monoaminoxidase (também um tipo de antidepressivo) é necessário um intervalo mínimo de 14 dias entre a administração dos mesmos e da ciclobenzaprina, para evitar reações adversas, como convulsões e até risco de morte.

O medicamento pode ainda aumentar os efeitos dos barbituratos (calmantes) e dos outros depressores do SNC (sistema nervoso central).

Já medicamentos antidiscinéticos (utilizados em transtornos motores) e anticolinérgicos podem ter sua ação aumentada pelo Miosan, levando a problemas gastrintestinais.

Onde armazenar o Miosan?

Mantenha o fármaco em temperatura ambiente, entre 15 °C e 30 °C, longe da luz e da umidade, guardado sempre na embalagem original. Não use o remédio com a validade vencida, mas se estiver dentro do prazo e você notar alguma mudança na aparência, fale com o farmacêutico antes de usar. Lembre-se ainda de manter o medicamento fora do alcance das crianças.

O que fazer se esquecer de tomar este medicamento?

Se você esquecer de tomar no horário certo, tome assim que lembrar. Mas, se já estiver perto do horário da próxima dose, pule a que esqueceu e continue tomando normalmente, como o médico indicou. Não tome duas doses ao mesmo tempo para tentar compensar a que foi esquecida.

Quais os possíveis efeitos colaterais e reações adversas do Miosan?

O medicamento pode apresentar as seguintes reações adversas:

Reações muito comuns (em mais de 10% dos pacientes): sonolência, tontura e boca seca.

Reações comuns (entre 1% e 10%): fadiga, dor de cabeça, confusão, diminuição da capacidade mental, irritabilidade, nervosismo, desconforto e dor abdominal, refluxo, constipação, diarreia, náuseas, sabor desagradável na boca, perda ou diminuição da força física, visão embaçada, faringite e infecções das vias aéreas superiores.

Reações incomuns (entre 0,1% e 1%): mal-estar, vômitos, reação alérgica grave, inchaço facial, nos lábios e da língua, vasodilatação, arritmias cardíacas, alterações das funções hepáticas, hepatite, icterícia, aumento do tônus muscular, pressão baixa, formigamentos, psicose, epilepsia, síndrome serotoninérgica, manchas na pele, urticária, coceira, erupção cutânea, aumento da frequência cardíaca, desmaio, perda do apetite, gastrite, flatulência, rigidez muscular, alterações na marcha, dificuldade da fala, tremores, alucinações, agitação, ansiedade, sudorese, depressão, insônia, visão dupla, perda do sentido do paladar, zumbido no ouvido e frequência urinária aumentada e/ou retenção urinária.

A interrupção abrupta após tratamento prolongado pode raramente causar ainda náuseas, dor de cabeça e mal-estar.

O que pode acontecer em caso de superdosagem?

Tomar uma quantidade muito alta de Miosan pode causar sonolência e aumento da frequência cardíaca. Outros sintomas possíveis incluem tremores, agitação, confusão mental, tontura, náuseas, vômitos, alucinações, pressão alta ou baixa, dificuldades para andar, dor no peito, arritmias, epilepsia e, em casos mais graves, coma, convulsões, parada cardíaca e até risco de morte.

Se alguém tomar uma dose muito maior do que a recomendada, é importante procurar socorro médico imediatamente e, se puder, leve a embalagem ou a bula do remédio. Não provocar vômito, principalmente se a pessoa estiver com sono ou confusa. Algumas medidas que o médico deve tomar:

Monitorar os sinais vitais, como pressão, batimentos cardíacos, respiração e nível de consciência;

Fazer lavagem do estômago e usar carvão ativado para reduzir a absorção do medicamento;

Ligue para 0800 722 6001 (Disque Intoxicação), se você precisar de mais orientações.

Revisão técnica do texto feita por: José Roberto Fogaça de Almeida, farmacêutico, professor da Universidade São Judas Tadeu, mestre em ciências na área de análises clínicas, doutor em ciências na área de Fisiopatologia e Pós-Doutor pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).