O beabá da saúde infantil

Veja dicas e práticas para garantir que as crianças cresçam saudáveis e com bem-estar emocional

Se perguntarmos aos pais e mães sobre as suas maiores expectativas em relação aos seus filhos, grande parte responderá que espera que as crianças sejam felizes e cresçam com saúde. Essa é a razão pela qual uma recente pesquisa feita pela Universidade de Michigan (EUA) revelou que, durante a pandemia, a falta de atividade física, dieta não saudável e questões relacionadas à saúde mental como o estresse, a ansiedade e a depressão figuraram entre as maiores preocupações dos pais com os pequenos.

Cada criança é única e não vem com um manual de instruções, mas boa parte do que está ao alcance dos pais para garantir o bem-estar físico e emocional dos filhos baseia-se no bom senso e em medidas simples, que podem e devem ser incorporadas ao dia a dia da família.

Preventivas, essas práticas aumentam (e muito) as chances de que as crianças cresçam saudáveis, longe de doenças. Para ajudar pais e responsáveis a cuidarem dos pequenos, VivaBem elaborou uma cartilha com 46 páginas, que traz informações e dicas importantes sobre alimentação, atividade física e saúde infantil.

Abaixo, mostramos 6 pilares da saúde infantil.

1. Imunidade em dia

Por maior que seja o cuidado com a saúde geral dos pequenos, não dá para controlar o aparecimento de certas doenças, nem evitar infecções por alguns vírus (como o do resfriado) e o contato com bactérias. A boa notícia é que é possível colaborar com o sistema de defesa do corpo das crianças e reduzir o risco de problemas.

Para entender o sistema imunológico, imagine um conjunto de células, tecidos e órgãos que trabalham para defender o organismo de bactérias, vírus, fungos e parasitas causadores de doenças. Fortalecê-lo envolve a ação integrada de vários fatores como genética, alimentação, exercícios, controle do estresse, entre outros. Para que seu filho fortaleça suas defesas naturais, invista nas seguintes estratégias:

  • Amamentação
  • Higiene das mãos
  • Vacinação
  • Boas noites de sono
  • Alimentação saudável

Outra boa providência é ter cuidado com o uso de antibióticos. Em alguns tipos de infecção, esse medicamento pode ser indicado pelo médico. É importante que você atenda às orientações dele quanto à forma de uso, a dose e o tempo de tratamento.

O risco de medicar seu filho com esse tipo de fármaco, sem o devido acompanhamento do pediatra, é que você pode provocar a chamada resistência bacteriana, ou seja, quando a criança precisar usar o antibiótico de novo, a medicação não terá o efeito desejado.

2. Dieta variada e saudável

Em todas as idades, a regra é apostar em um cardápio variado e jamais descuidar da boa hidratação. Veja o que não pode faltar na alimentação dos pequenos:

0 a 2 anos - Leite, preferencialmente o materno (na falta dele, as fórmulas infantis podem ser usadas, desde que adequadas a cada idade). A partir dos seis meses, deve ser iniciada a introdução dos alimentos sólidos, oferecendo aos poucos todos os tipos de legumes, frutas, ovo e carnes —nessa fase, itens ricos em ferro são essenciais. Evite que a criança consuma açúcar, sal e leite de vaca: o primeiro não deve ser ingerido nos primeiros 2 anos de vida; o segundo, durante todo o 1º ano. Já o leite de vaca deve ser evitado até o 1º ano de vida e, se possível, nos primeiros 24 meses.

3 a 5 anos - Nesse período o crescimento acontece em picos e o apetite dos pequenos tem o mesmo ritmo. Não podem faltar cálcio e fibras. O primeiro colabora para a saúde óssea. Disponibilize leite e seus derivados (iogurte, queijos) ou alimentos enriquecidos. Já o segundo previne doenças do coração e ainda evita a constipação. Ofereça frutas, legumes, verduras, grãos integrais e leguminosas, além de carne, frango, peixe, ovo.

6 a 7 anos - Na idade escolar, carboidratos refinados (açúcar, pães, biscoitos) e gordura devem ser consumidos com moderação. O excesso pode levar à obesidade e outras doenças. Para ter maior controle sobre o que os pequenos comem fora de casa, ensine-os a dar preferência a itens saudáveis (frutas, queijos, iogurte). E, claro, prepare a lancheira em casa.

A boa nutrição na adolescência

Nessa fase, a ordem é priorizar ao menos uma das refeições em família ao dia. Confira os nutrientes essenciais para os jovens:

  • CÁLCIO

    Ele é mais importante do que nunca, dada a construção da massa óssea. Insista na oferta de leite e seus derivados, ou alimentos enriquecidos com ele.

  • ZINCO

    Essencial para crescer e desenvolver funções biológicas, o mineral é encontrado na carne vermelha (boi, porco), no frango, no ovo, em frutos do mar, em castanhas, grãos integrais, soja, feijões e lentilha, grãos germinados (como a alfafa) e cereais fortificados.

  • FERRO

    A sua deficiência está associada a alterações do desenvolvimento neuropsicomotor e o do sistema imunológico. Entre as meninas, ele ainda ajuda a repor o que se perde durante a menstruação. Invista em carnes vermelhas, aves e peixes, além de vegetais como couve, espinafre, feijão.

  • PROTEÍNA

    Ela é essencial para a construção dos tecidos do corpo (unha, pele, cabelo), incluindo a formação de massa muscular. Está presente principalmente nos alimentos de origem animal (carne, frango, peixe, ovo, leite) e em vegetais como soja, grão-de-bico, lentilha, feijões.

3. Atividade física

Ela é definida como toda a prática que envolve movimentos corporais voluntários, com gasto de energia significativo e que promova interações sociais e com o ambiente. Não se limita aos esportes e inclui todas as atividades físicas que a criança faz, como caminhar em deslocamentos ou passeios, brincadeiras na escola e até tarefas da casa.

O exercício físico é outro exemplo de atividade física. A diferença entre um e outro é que o primeiro é uma prática planejada, estruturada e repetitiva, com um fim determinado: melhorar ou manter as capacidades físicas, o peso adequado, além de ser orientado por profissionais de educação física.

A melhor forma de estimular seu filho nesse sentido é promover atividades em que toda a família possa participar. Vale apresentar a ele seu esporte preferido, inventar jogos e sugerir que ele proponha as brincadeiras. Se estas forem ao ar livre, melhor ainda.

Ideias para sair do sofá

Desafios

Quem chega primeiro, salto de obstáculo, amarelinha, pega-pega e esconde-esconde.

Corpo em movimento

Andar de bicicleta, nadar, correr percursos curtos, praticar esportes e artes marciais simplificadas, dançar e fazer atividades rítmicas.

Atividades cooperativas

Gincanas, vôlei infinito (sem pontuação). A criança deve experimentar e vivenciar esses jogos, sem se preocupar em ganhar ou perder.

4. Noites bem dormidas

Do nascimento até a infância, as necessidades de horas de sono mudam (veja no infográfico mais abaixo), mas os benefícios permanecem: melhora da atenção, do comportamento, da memória e da qualidade de vida, além de equilíbrio emocional.

Para ensinar seu filho a dormir bem, coloque em prática as seguintes medidas todos os dias:

  • Mude o pequeno para seu quarto assim que for possível. Evite compartilhar a cama com ele.
  • Use a cama da criança somente para dormir, para que ele associe o uso dela ao descanso.
  • Estabeleça um horário para ir para a cama.
  • Elabore uma rotina coerente com hora para se deitar e acordar, até nos finais de semana.
  • Estimule a prática de atividades físicas ao ar livre durante o dia.
  • Evite oferecer alimentos com cafeína (chocolate, refrigerantes) seis horas antes de dormir.
  • Reduza o "agito da casa" ao anoitecer. Diminua a iluminação e o barulho.
  • Evite expor a criança à TV ou ao computador pelo menos uma hora antes de ir para a cama.

5. Saúde mental

Você sabe que seu filho está bem quando ele aprecia estar ao lado dos familiares, dos amigos e de outras crianças —e está sempre pronto para participar das atividades próprias da sua idade. A maioria dos pequenos lida bem com as dificuldades do cotidiano, mas como qualquer ser humano, eles sentem tristeza, raiva e medo.

Cada um responde a isso a seu modo: retraindo-se ou querendo falar sobre o que está acontecendo. Os pais devem estar disponíveis para ajudá-los a lidar com as emoções que se manifestam por meio dessas atitudes, e interpretar o que elas representam é essencial. A partir disso se constrói uma relação de confiança e se ensina a resolver problemas.

Alguns quadros psicológicos ou psiquiátricos podem aparecer entre os pequenos e adolescentes. Os mais comuns são ansiedade e depressão, TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), abuso de substâncias, distúrbios alimentares ou problemas de aprendizado, de conduta, transtorno opositor-desafiador e o TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Fique atento aos fatores de risco: histórico familiar (depressão, por exemplo); situação de vulnerabilidade; sofrer preconceito (racial ou por ser LGBTQIA+) ou ser vítima de bullying; rejeição dos familiares; alterações drásticas na vida; trauma, incluindo abuso; e uso de álcool e drogas.

Sinais de alerta

Atente-se a todo tipo de mudança comportamental e o seu impacto na vida familiar, escolar e social de seu filho. Confira as possíveis manifestações, a depender da idade:

  • BEBÊS

    Ficar mais quieto que o usual; falta de contato visual com os pais; ausência de conforto ao ser embalado quando chora; falta de habilidades específicas da idade (sorrir, sentar-se sem apoio); dificuldades para dormir e recusa de alimento ou monotonia da dieta.

  • IDADE PRÉ-ESCOLAR (1 a 3 anos)

    Não aparenta ser apegado aos pais; não tem interesse em brincar; não fala ou deixa de falar após ter iniciado a fazê-lo; birra frequente não justificada; agressividade contra si ou outros (morder, bater); regressão do aprendizado (voltar a usar fraldas) e repetição da mesma brincadeira sem cessar.

  • IDADE ESCOLAR (a partir dos 6 anos)

    Retrair-se das brincadeiras; choro constante; medo, ansiedade excessiva quanto a ser deixado só; problemas de sono (pesadelos constantes); hiperatividade; birra constante e duradoura (mais de 15 minutos); desobediência e agressividade contra outras pessoas e pets; dificuldade de foco e concentração; e riso ou choro sem motivo.

6. Cuidados preventivos

Ter filhos significa que você deve estar sempre atento a medidas que previnem doenças. A principal delas é a vacinação, tida como uma das maiores conquistas de saúde pública do nosso tempo. A ela se deve a prevenção de 3 milhões de mortes de crianças por ano no mundo.

O Programa Nacional de Imunizações no Brasil é considerado um sucesso, já eliminou doenças graves, mas as taxas de cobertura das vacinas têm caído, o que abre as portas para o reaparecimento de enfermidades como o sarampo, antes controlado.

Alguns pais se preocupam com efeitos colaterais dos imunizantes, o desconforto dos filhos, e mesmo com a aplicação de várias vacinas ao mesmo tempo. Outros questionam a segurança e a necessidade delas para doenças que nunca viram.

Saiba que as vacinas se situam entre os produtos farmacêuticos mais efetivos e seguros que existem, e podem ter efeitos colaterais como dor temporária na região de sua aplicação e febre baixa. Eventos graves são raros. Um exemplo é a reação alérgica grave (reação anafilática) a algum componente da vacina —o que representa menos de 1 caso para 1 milhão de doses. É por isso que se diz que os benefícios da vacinação são infinitamente maiores que os seus riscos.

Dicas de segurança da farmácia infantil

  • Fale com o pediatra ANTES de oferecer qualquer medicamento às crianças.

  • Use remédios somente quando for realmente necessário.

  • Evite oferecer ácido acetilsalicílico (AAS)

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  • Fique atento à quantidade do remédio.

  • Se tiver dúvidas, fale com o médico ou o farmacêutico.

  • Use sempre a colher, copinho ou conta-gotas que vem junto com o remédio.

  • Mantenha todos os medicamentos fora do alcance das crianças.

  • Peça para os outros adultos da casa não deixarem seus remédios acessíveis.

  • Evite dizer que o medicamento é 'docinho'.

  • Esteja atento: leia e releia a bula.

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