Apesar de inúmeras provas em contrário, EUA vão estudar ligação entre autismo e vacinação

A literatura científica é clara: não existe ligação entre a vacinação e o autismo. No entanto, as autoridades de saúde dos EUA estão se preparando para relançar um estudo sobre o assunto em um momento em que uma grande epidemia de sarampo está afetando o sul do país, devido à baixa cobertura de vacinação.

O CDC (Centro de Controle de Doenças) dos EUA já demonstrou isso e publicou vários estudos sobre o assunto: a vacinação não causa autismo. No entanto, é esse mesmo CDC que vai investigar o assunto novamente, a pedido do Ministério da Saúde norte-americano.

Robert Kennedy Jr., que dirige o CDC, é conhecido por sua postura contrária à vacinação, preferindo deixar a escolha para os pais em vez de confiar no consenso médico e científico. Em várias ocasiões, ele mesmo estabeleceu a ligação errônea entre a vacinação e o autismo.

Durante sua audiência de confirmação perante o Senado dos EUA, Robert Kennedy Jr. foi questionado longamente sobre sua posição sobre o assunto. Na ocasião, ele se comprometeu a não voltar ao assunto se ele se mostrasse claro —o que de fato é.

"Eu não apenas afirmaria que as vacinas não causam autismo, mas também pediria desculpas por meus comentários anteriores que podem ter induzido as pessoas ao erro", disse ele na época.

Reviravolta

Portanto, algumas semanas depois, houve uma reviravolta. "Como disse o presidente Trump durante seu discurso no Congresso, os casos de autismo em crianças norte-americanas estão se multiplicando. O CDC tem o dever de examinar todas as opções como parte de sua missão de entender o que está acontecendo", explicou Andrew Nixon, porta-voz do Departamento de Saúde, em uma declaração por e-mail citada pela ABC News.

"O simples fato de o governo sentir a necessidade de realizar esse estudo é prejudicial", lamentou a Autism Science Foundation, na voz de sua presidente, Alison Singer. "Ele incutirá dúvidas, especialmente em novos pais, que podem não estar cientes do consenso científico. Os pais abandonarão a vacinação e, no final, as crianças morrerão", continuou. O próprio Donald Trump repetiu em várias ocasiões a falsa afirmação de uma ligação entre a vacinação e o autismo.

A comunidade médica, por sua vez, explica o aumento do número de casos de autismo nos Estados Unidos pelo melhor conhecimento da doença e por ferramentas de diagnóstico mais eficazes.

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Kennedy voltou atrás depois que uma criança não vacinada morreu

Diante da epidemia de sarampo que varre o país, os Estados Unidos registraram mais de 160 casos este ano, principalmente no Texas. Uma criança não vacinada morreu, o que levou o Secretário de Saúde Robert Kennedy Jr., famoso por suas opiniões contrárias à vacina, a reconsiderar sua posição no dia 2 de março.

"As vacinas não apenas protegem as crianças contra o sarampo, mas também contribuem para a imunidade de todos, protegendo aqueles que não podem ser vacinados por razões médicas", escreveu ele em um editorial. "A decisão de ser vacinado é pessoal", acrescentou, na ocasião.

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