Covid-19: ONG Médicos sem Fronteiras pede reforma urgente do sistema Covax
Um ano e meio depois do surgimento da Covid-19, o nacionalismo vacinal se tornou uma regra, e a doação de doses, uma exceção. O símbolo desse fracasso é o mecanismo Covax, o programa para distribuição igualitária de vacinas implantado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), denuncia a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Até a metade de junho, o sistema Covax havia entregue apenas 87 milhões de doses aos países pobres, onde apenas 0,4% de vacinas contra a Covid-19 foram administradas. O sistema conta com um total de US$ 10 bilhões de investimentos, suficientes para adquirir 3,8 bilhões de doses de imunizantes.
O problema é que a maioria dos lotes deve ser entregue apenas em 2022, o que prova que o Covax "não funciona", diz Manuel Martin, conselheiro na organização MSF para o acesso aos tratamentos. "O Covax estava destinado ao fracasso porque segue as regras da indústria farmacêutica, em que o fabricante sempre vende para quem paga o melhor preço", explica. "Foi um erro pensar que as empresas iriam respeitar o princípio de igualdade", resume.
O sistema da OMS deveria ter sido o maior comprador mundial de vacinas contra a Covid-19, explica o representante da MSF, o que teria permitido, também, obter os melhores contratos. Mas, na realidade, os Estados preferiram negociar diretamente com os fabricantes, enfraquecendo o mecanismo, que se baseia principalmente nas doações de doses dos países ricos.
"O futuro do Covax ainda é incerto. Se o sistema continuar sendo pouco eficaz, não poderá nos ajudar a superar a próxima pandemia. Nem acabar com essa", lamenta Manuel Martin. A ONG pede que o funcionamento do dispositivo seja revisto, facilitando a transferência de tecnologia e pedindo aos grupos farmacêuticos que prestem conta dos financiamentos públicos recebidos para as pesquisas.
EUA doam doses
Os Estados Unidos vão doar mais 14 milhões de doses de vacinas anticovid à América Latina e Caribe por meio do programa, informou na última segunda-feira (21) o governo de Joe Biden.
Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Guatemala, El Salvador, Honduras, Haiti, países da Comunidade do Caribe, República Dominicana, Panamá e Costa Rica foram contemplados. Os 25% restantes do total de 55 milhões que serão doados, o que corresponde a 14 milhões de doses, serão distribuídos diretamente para "prioridades regionais e outros beneficiários", disse a Casa Branca.
O governo americano não especificou a quantidade de vacinas que cada país receberá das doses enviadas pelo Covax à região, nem quais serão enviadas diretamente. Além das doses que irão para América Latina e Caribe, outras 16 milhões foram destinadas à Ásia e em torno de 10 milhões à África.
Biden também anunciou, dias atrás, a compra de 500 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech pelos Estados Unidos a fim de doá-las a outros países deste verão boreal até junho de 2022.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.