Pão congelado vira saída para quem não pode ir à padaria, mas é saudável?

Com a rotina corrida, o pão congelado se tornou uma opção prática para quem não abre mão desse alimento no café da manhã ou em lanches rápidos, mas não tem tempo de ir à padaria.

Bastam alguns minutos no forno ou na air fryer para que ele fique crocante e saboroso. Mas, em termos nutricionais, será que vale a pena apostar nessa versão do pão?

"O pão congelado pode fazer parte de uma alimentação equilibrada, mas deve ser consumido em quantidade moderada, ou seja, de uma a duas porções por refeição. Além disso, deve ser acompanhado de fontes de proteínas, gorduras boas e fibras", destaca Débora Palos, nutricionista do Hospital Nove de Julho.

A seguir, veja como deixar o pão congelado mais saudável e quais acompanhamentos escolher.

Como escolher o melhor pão congelado?

Para garantir uma escolha mais saudável, é importante que o consumidor observe os ingredientes, o valor nutricional e a presença de aditivos no rótulo. É indicado optar por pães integrais e evitar produtos que indiquem a presença de farinha refinada como primeiro ingrediente.

Também é recomendado fugir de pães que contenham gordura vegetal hidrogenada, xarope de glicose, maltodextrina, excesso de açúcar, conservantes e corantes artificiais. Fique atento, pois marcas que congelam o pão sem conservantes costumam indicar isso no rótulo.

"Os pães congelados mais saudáveis são os que têm ingredientes simples e naturais, ou seja, aqueles cujos ingredientes lembram uma receita caseira. Entre as melhores opções, estão os pães integrais, os de fermentação natural, multigrãos, com sementes, como linhaça, chia e girassol, ou os que são feitos com farinhas mistas como os pães de aveia e centeio", explica Leandro Thome Baptista, nutricionista clínico e esportivo do Hospital de Urgências de Goiás, unidade gerida pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Descongelar sem erro: como manter o pão saudável e crocante

O congelamento preserva os nutrientes do pão, como proteínas, fibras e minerais. O principal efeito ocorre na textura, que pode ficar mais firme e menos macia, mas o valor nutricional praticamente não se altera.

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É importante lembrar que, durante o aquecimento, temperaturas muito altas podem levar à perda de algumas vitaminas do complexo B, assim como ocorre em caso de recongelamento. No entanto, essas perdas são pequenas e não comprometem significativamente a qualidade nutricional do alimento.

As formas mais eficazes de descongelar o pão são:

  • Torradeira ou airfryer: coloque o pão diretamente do freezer e aqueça por 3 a 5 minutos. Geralmente, fica crocante por fora e macio por dentro.
  • Forno convencional: aqueça por 5 a 10 minutos a 160°C. A textura e o aroma ficam muito próximos aos do pão fresco.
  • Micro-ondas: aqueça por 10 a 20 segundos envolvendo o pão em papel toalha úmido. Dessa forma, o pão fica macio, mas é preciso cuidado para não deixar o pão "borrachudo", ou seja, com aspecto elástico e endurecido.

Vale lembrar que não é recomendado descongelar o pão em temperatura ambiente por horas, pois isso pode aumentar a umidade e favorecer a proliferação de microrganismos.

Comprar na padaria e congelar: como fazer corretamente

Quem prefere comprar pão fresco na padaria e congelar em casa deve seguir algumas orientações para preservar o sabor e a textura. É recomendado armazená-lo em sacos plásticos bem fechados ou recipientes próprios para freezer, evitando a entrada de ar, que pode gerar cristais de gelo e comprometer a maciez.

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Para facilitar o consumo, o pão pode ser cortado em fatias ou unidades individuais, envolvido em papel manteiga ou colocado diretamente em um recipiente de vidro. Em seguida, deve ser colocado em um saco próprio para freezer, retirando o ar antes de fechar. Também é importante etiquetar com o tipo de pão e a data de congelamento.

"Nesses casos, prefira pães frescos e sem recheio e evite congelar pães com cremes, queijos ou coberturas, pois esses ingredientes mudam de textura ao descongelar. O ideal é congelar no mesmo dia em que foi feito, antes que comece a ressecar. Quanto mais fresco o pão estiver, melhor será o sabor e a maciez ao descongelar", complementa Palos.

Outra recomendação é guardar o pão na parte interna do freezer, onde há menos variação de temperatura. Os pães caseiros podem ser consumidos em até três meses, enquanto os industrializados devem seguir a data de validade indicada na embalagem.

Acompanhamentos indicados

Definir acompanhamentos saudáveis é importante para garantir valor nutricional do alimento
Definir acompanhamentos saudáveis é importante para garantir valor nutricional do alimento Imagem: Getty Images

O pão congelado pode se tornar uma refeição completa ao ser acompanhado de proteínas magras, gorduras saudáveis e fibras. Veja abaixo algumas sugestões de recheios para não comprometer nem a saúde nem o sabor:

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  • Proteínas: ovos, atum, frango desfiado, queijo branco ou pasta de grão-de-bico (homus).
  • Gorduras boas: abacate, azeite de oliva, pasta de amendoim ou sementes como chia e linhaça.
  • Fibras e vitaminas: folhas verdes, tomate, pepino e cenoura ralada.

O ideal é evitar embutidos ultraprocessados, como presunto, mortadela e peito de peru, que podem comprometer a qualidade nutricional.

O pão congelado pode ser consumido todos os dias?

Sim. O pão congelado pode ser consumido diariamente, desde que seja preparado com farinhas integrais, grãos e poucos ingredientes.

"Geralmente, pães congelados industrializados contêm farinha refinada, açúcares, gorduras, aditivos e conservantes, tornando-os inadequados para consumo diário. As versões artesanais, integrais ou de fermentação natural são as mais recomendadas, pois apresentam baixo índice glicêmico e melhor perfil de fibras e nutrientes. Por isso, é importante consumi-los com moderação, inserindo-os dentro de uma dieta equilibrada", destaca Marcella Garcez, nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

De forma geral, o consumo excessivo de pães, principalmente os refinados, pode levar à elevação rápida da glicemia e da pressão arterial. A longo prazo, também contribui para aumento do risco cardiovascular, resistência à insulina, ganho de peso e piora do perfil lipídico, ou seja, aumento do colesterol "ruim" (LDL) e redução do colesterol "bom" (HDL)

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