Homens têm de se exercitar 2 vezes mais que mulheres para proteger coração

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Homens precisam fazer duas vezes mais exercícios físicos do que as mulheres para ter os mesmos benefícios de proteção do coração contra doenças coronarianas (bloqueio dos vasos) e risco de morte. A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Xiamen, na China, e publicada na revista científica Nature Cardiovascular Research.
O que aconteceu
Cientistas acompanharam cerca de 80,2 mil participantes (de idade média de 61 anos) sem doença coronariana que praticam exercício de intensidade de moderada a vigorosa, além de outros 5.169 com o problema durante quase oito anos. O intuito era avaliar quantos dos saudáveis adoeceriam e o índice de mortalidade relacionada à doença entre aqueles já doentes.
Pacientes tiveram atividades físicas monitoradas por meio de relógios e pulseiras inteligentes. Além destes dados, os históricos médicos também foram coletados por meio do levantamento do UK Biobank, um banco de dados biológico de longo prazo mantido no Reino Unido.
Durante o estudo, 3.764 eventos relacionados à doença coronariana foram registrados; também houve 593 mortes. Além disso, 48,46% daqueles que não eram doentes no início do estudo seguiram a recomendação mínima da OMS (Organização Mundial de Saúde) para atividades físicas no período: 150 minutos por semana de atividade de intensidade moderada a vigorosa. Já entre os pacientes doentes, apenas 30,51% seguiram a regra. Mulheres se exercitaram, em média, menos do que eles tanto em tempo quanto em intensidade.
Homens que fizeram pelo menos 150 minutos por semana de exercício, de moderado a vigoroso, viram uma redução de 17% no seu risco de desenvolver doença coronariana. Já as mulheres que mantiveram o mesmo ritmo de atividade física tiveram uma redução das possibilidades de adoecer de 22%. A mesma discrepância entre homens e mulheres foi mantida entre pacientes que adotaram a recomendação de extensão das atividades físicas da OMS, de 300 minutos semanais.
Para obter uma redução de, pelo menos, 30% nos seus riscos de adoecer, homens precisaram de 530 minutos de atividade semanal. Já as mulheres necessitaram de menos do que a metade: 250 minutos por semana.
Dos 5.159 pacientes que já tinham doença coronariana no início do estudo, dois terços (66%) eram homens. Eles tinham idade média de 67 anos.
Com 150 minutos de exercício moderado a vigoroso, os homens já doentes tiveram 20% menos riscos de morrer nos oito anos seguintes do que aqueles que se exercitavam menos. Em comparação, entre as mulheres doentes, aquelas que mantiveram o patamar mínimo de exercício reduziram seus riscos de morrer em 70% em relação àquelas que faziam menos exercício do que o recomendável.
Pesquisadores acreditam que a diferença é explicada por hormônios; o estrogênio poderia auxiliar na queima de gordura durante os exercícios. Além disso, é possível que diferenças na estrutura muscular —elas têm mais fibras musculares do tipo 1, de contração lenta, enquanto eles têm mais do tipo 2, de contração rápida— sejam responsáveis por disparidades do metabolismo e diferenças nos gastos para realizar as mesmas tarefas.
O grupo de pesquisa chinês ainda destaca no artigo que é preciso realizar estudos mais amplos, com populações diversas, para entender os motivos. Participantes eram majoritariamente de boa condição socioeconômica e nível educacional, e cerca de 93% dos participantes eram brancos. Por exemplo, populações negras, por questões genéticas, têm maior incidência de doenças cardiovasculares —e seria necessário investigar as discrepâncias entre os sexos também nestas etnias.
No entanto, o estudo trouxe uma boa notícia: mesmo quem começa a se exercitar mais tarde na vida pode ainda colher benefícios. No entanto, as atividades físicas devem ser personalizadas, com ajuda profissional, para atender às necessidades de sua idade e suas capacidades físicas.



























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