Como começa a dependência em cannabis? Estudo aponta fator genético

Ler resumo da notícia
Um estudo da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), publicado na segunda-feira (13) no periódico Molecular Psychiatry, trouxe novas pistas sobre por que algumas pessoas usam —e outras acabam se viciando em— cannabis.
A pesquisa analisou dados genéticos de milhares de indivíduos e revelou que a predisposição ao uso da substância pode estar também ligada à genética, mais especificamente a um conjunto de genes que também influenciam traços de comportamento e saúde mental.
Os pesquisadores identificaram sobreposições genéticas entre o uso de cannabis e várias outras condições e características, incluindo TDAH, ansiedade, depressão e comportamentos de risco. Isso significa que o consumo não está isolado de outros padrões psicológicos ou biológicos, mas se conecta a eles em um mesmo terreno genético.
Mosaico de genes e impulsos
Ao contrário do que se imaginava, o estudo mostra que não há um "gene da maconha". Múltiplos genes estão envolvidos, afirmam os cientistas, e entre eles há um especialmente associado à impulsividade, à obesidade e à frequência do uso da substância.
Essas correlações sugerem que o vício em cannabis pode surgir da interação entre vários fatores genéticos que também influenciam outras dimensões do comportamento humano — como a busca por sensações, o controle da vontade e até o apetite.
Além disso, associações genéticas foram encontradas com mais de 100 características, incluindo condições físicas como diabetes e dor crônica, bem como problemas de saúde mental. Ou seja, a mesma base genética que aumenta o risco de desenvolver certas doenças pode estar relacionada à propensão de usar cannabis com maior frequência.
Nem destino, nem sentença
Apesar das conexões encontradas, os pesquisadores fazem um alerta: genética não é destino. Apenas uma pequena porcentagem de pessoas que experimentam cannabis desenvolve um transtorno por uso de cannabis, e uma associação genética não significa que um gene seja a única causa.
Em outras palavras quer dizer que fatores sociais, psicológicos e ambientais continuam desempenhando um papel central no desenvolvimento da dependência.
Os autores ressaltam que o estudo não prova causalidade, mas oferece um mapa para entender melhor como a biologia interage com o comportamento humano. Ainda há muito a ser explorado, e mais pesquisas são necessárias para compreender os mecanismos exatos de como esses fatores genéticos contribuem para o uso e a dependência de cannabis.
Como saber se está dependente?
Não existe uma frequência específica que defina o vício. O risco depende de fatores como quantidade e potência da maconha, frequência de uso e sensibilidade individual. Ainda assim, alguns sinais servem de alerta:
- Dificuldade de reduzir ou parar o consumo;
- Desejo intenso e persistente de usar a droga, mesmo em situações inadequadas;
- Uso contínuo apesar de prejuízos pessoais, sociais ou financeiros;
- Exposição a riscos para obter a substância;
- Tolerância (necessidade de doses maiores para sentir o mesmo efeito);
- Sintomas de abstinência, como insônia, irritação e ansiedade;
- Tempo excessivo dedicado ao consumo ou aos pensamentos sobre ele.
*Com informações de reportagem publicada em 28/04/2023


























Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.