Alho tem mesmo poderes medicinais? O que a ciência sabe sobre benefícios

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O alho é um dos ingredientes mais celebrados pela medicina popular, e a ciência vem comprovando parte dos benefícios que nossos avós juravam de olhos fechados.
Pesquisas mostram que o vegetal abriga compostos fitoquímicos poderosos, como os sulfurados (entre eles a alicina, responsável pelo cheiro marcante) e antioxidantes como flavonoides e selênio. Juntos, eles atuam na redução do colesterol e a manter níveis adequados de glicose no sangue.
Nem tudo, porém, tem selo científico garantido. Algumas propriedades ainda estão sob análise — e o alho, mesmo com credenciais robustas, deve ser tratado como coadjuvante, não como substituto de medicamentos.
Veja a seguir quais benefícios do alho já foram comprovados e quais seguem sendo estudados mais de perto.
Benefícios já comprovados
Colesterol
Estudos mostram que o consumo diário de alho pode reduzir o colesterol total e o LDL (o "ruim") entre 10% e 15% em adultos com taxas elevadas. O efeito parece atuar tanto na absorção intestinal quanto na produção de colesterol pelo fígado. Uma revisão da Universidade de Adelaide (Austrália) analisou 40 estudos e confirmou o impacto positivo em pessoas com colesterol acima de 200 mg/dL.
Diabetes
Pesquisas indicam que o alho também ajuda a regular os níveis de glicose no sangue. Uma revisão publicada em Food and Nutrition Research mostrou que pacientes diabéticos que consumiram pequenas doses diárias de alho (de 0,05 g a 1,5 g) tiveram uma redução média de 10 mg/dL após 12 semanas e de 20 mg/dL após 24 semanas. A explicação provável está na capacidade da alicina de facilitar a entrada da glicose nas células e reduzir compostos que danificam proteínas em quem tem diabetes.
Benefícios ainda em estudo
Pressão arterial
O alho é um vasodilatador natural — ajuda as artérias a relaxarem e facilita a circulação. Uma meta-análise publicada no Journal of Clinical Hypertension observou quedas médias de 3,75 mmHg na pressão sistólica e 3,39 mmHg na diastólica em pessoas hipertensas. Apesar dos resultados animadores, a Cochrane, referência em revisões científicas, ressalta que ainda faltam estudos consistentes para confirmar o efeito em larga escala.
Câncer
Pesquisas mostram que o alho pode diminuir o risco de alguns tipos de câncer, como os de estômago, pulmão, mama e colo do útero. Compostos sulfurados como a alicina parecem proteger o DNA de danos celulares, mas as evidências ainda são preliminares. A maior parte dos estudos é observacional (ou seja, mostra associações, não causa e efeito). O Instituto Nacional do Câncer dos EUA reforça que, embora promissor, o tema exige mais pesquisas para determinar doses, mecanismos e interações.
Embora não dê para cravar que o alho previna câncer, ele pode ser benéfico dentro de uma dieta com frutas, legumes, verduras e grãos in natura. Além da alimentação equilibrada, fazer exercícios regularmente, não fumar e beber com moderação são atitudes que oficialmente diminuem o risco de tumores.

Como consumir (sem exagerar)
A forma mais eficaz de aproveitar os compostos do alho é consumi-lo cru e recém-picado — o corte libera a alicina. Um dente por dia (cerca de 5 g) já é suficiente para obter parte dos benefícios. Dá para misturar em saladas, molhos ou pastas, preferencialmente junto às refeições para evitar irritações no estômago.
Quem prefere o alho refogado pode ficar tranquilo: o calor destrói parte da alicina, mas cria outros compostos sulfurados também úteis. Já os suplementos podem ajudar no controle da dose, mas devem ser usados com orientação médica, especialmente por pessoas que usam anticoagulantes ou estão em pré e pós-operatório.
O limite seguro é de até dois dentes crus por dia (10 g) ou 6 g em pó.
*Com informações de reportagem publicada em 20/02/2020



























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