Cientistas sugerem que cérebro pode funcionar melhor com 7 sentidos

Sempre aprendemos que o ser humano percebe o mundo por meio de cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Mas um grupo de cientistas do Skoltech (Instituto de Ciência e Tecnologia de Skolkovo), na Rússia, sugere que essa visão clássica pode estar incompleta.

A ideia vem de um artigo publicado em agosto no periódico Scientific Reports e citado pelo site Science Daily, sugerindo que o nosso cérebro pode funcionar com sete sentidos, e não apenas cinco. Os cientistas descobriram que a memória, ou seja, a forma como guardamos e organizamos informações, parece estar ligada a um espaço com sete dimensões diferentes.

A equipe criou um modelo matemático que simula o processo de codificação, armazenamento e ativação de lembranças no cérebro — os chamados engrams, registros abstratos que unem diversas características sensoriais.

Sete sentidos para uma mente mais eficiente

A principal descoberta da pesquisa é que, ao descrever cada conceito com sete atributos sensoriais, e não cinco, o cérebro seria capaz de maximizar o número de memórias únicas que consegue armazenar. Isso representaria um ganho notável em eficiência cognitiva e na diferenciação de experiências.

Segundo os autores, os engrams evoluem e se estabilizam ao longo do tempo, até formar uma "distribuição madura" de memórias. Esse processo de consolidação seria mais estável e preciso quando as informações estão organizadas num espaço de sete dimensões, em vez de cinco.

A teoria parte do princípio de que cada dimensão corresponde a um tipo de percepção. Além dos cinco sentidos clássicos, os pesquisadores destacam outros dois já reconhecidos pela neurociência moderna:

  • Propriocepção, que permite ao corpo perceber sua posição no espaço;
  • Interocepção, que abrange sensações internas, como fome, sede ou batimentos cardíacos.

Essa combinação formaria o conjunto de sete sentidos capazes de tornar a mente humana mais refinada.

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O que esperar de nós e para o futuro?

Os resultados oferecem pistas promissoras para o futuro da neurociência e da tecnologia cognitiva. Se comprovado, o modelo pode inspirar desde máquinas com sistemas sensoriais mais complexos até novas terapias para distúrbios de memória.

Pode ser que humanos no futuro evoluam para sentir campos magnéticos ou radiações, mas, independentemente disso, nossos achados podem ser úteis para a robótica e para a inteligência artificial. Nikolay Brilliantov, coautor do estudo, ao Science Daily

A proposta também amplia o debate sobre o que significa perceber o mundo. Quanto mais variado o conjunto de estímulos que o cérebro é capaz de processar, maior tende a ser sua capacidade de distinguir nuances, criar representações mentais ricas e tomar decisões complexas. Em outras palavras, os sentidos seriam não apenas portas de entrada da realidade, mas pilares estruturais da memória e da inteligência.

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