Adeus, papel higiênico: planta usada em chás substitui o rolo no banheiro?

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Quem diria que o velho boldo, famoso por aliviar o estômago depois de um almoço pesado, poderia ganhar uma função completamente diferente? A planta, cujo nome científico é Plectranthus barbatus, vem sendo estudada na África e nos Estados Unidos como uma alternativa sustentável ao papel higiênico.
A ideia parece inusitada, mas tem sua lógica: as folhas do boldo são aveludadas, macias e pouco irritativas, além de terem tamanho parecido com o de um pedaço de papel higiênico. Para quem busca reduzir o impacto ambiental e economizar, a proposta soa tentadora.
Mas será que essa tendência pegaria no Brasil? Antes de aderir, especialistas fazem um alerta: a limpeza ideal da região íntima continua sendo com água corrente e sabão neutro. Só assim é possível eliminar completamente os resíduos e evitar traumas na pele.
Lado oculto da tendência verde
O uso de folhas como substitutas do papel pode parecer natural, mas está longe de ser inofensivo. Sem o devido cuidado, essa prática pode causar irritações, feridas, alergias, infecções e até verminoses. É que as plantas podem carregar bactérias, fungos, resíduos de animais ou produtos químicos usados em áreas urbanas.
Mesmo espécies aparentemente seguras, como o boldo, podem causar desconforto dependendo da sensibilidade da pele. Por isso, quem decidir experimentar deve conhecer bem a planta, higienizá-la com água e garantir que não foi exposta a poluentes.
Para os aventureiros de plantão, acampando ou viajando em locais sem papel, existem algumas folhas mais seguras e de baixa toxicidade, como musgo e azedinha, que têm textura suave. Outras, além de macias, ainda têm propriedades medicinais:
- Aroeira, confrei, barbatimão e goiabeira, por exemplo, têm ação antisséptica, anti-inflamatória e antimicrobiana;
- A goiabeira, segundo estudos brasileiros, pode até inibir o fungo da candidíase em laboratório.
Mas, atenção: o que é natural não é necessariamente seguro. Folhas colhidas em locais públicos podem ter contato com urina, fezes de animais ou produtos tóxicos. Cultivar as próprias plantas em casa é mais seguro, mas ainda exige cuidado e conhecimento.
Nem tudo o que é natural é seguro
Antes de qualquer tentativa de "banheiro natural", o ideal é consultar um médico, especialmente ginecologista, urologista ou dermatologista. Além de garantir que a planta é segura, é preciso respeitar o meio ambiente: em algumas regiões, a coleta de plantas nativas sem autorização é ilegal.
- Algumas espécies devem ser evitadas a todo custo. O caládio, conhecido também como tinhorão ou coração-de-jesus, contém oxalato de cálcio, substância que pode causar irritação intensa e inchaço;
- A hera, por sua vez, tem urushiol, um óleo que provoca reações alérgicas e bolhas;
- A temida urtiga também não é recomendada: seus minúsculos pelos liberam compostos como histamina, acetilcolina e ácido fórmico, capazes de causar dermatites severas.
Caso surjam sintomas como ardência, coceira ou inchaço após o uso, lave-se imediatamente com água e sabão neutro. Compressas frias ajudam a aliviar o desconforto, mas, se o problema persistir, procure atendimento médico.
*Com informações de reportagem publicada em 18/06/2025


























