Esforço mental para disfarçar: o que acontece no cérebro de quem mente?

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Mentir não é apenas um ato social, mas também um processo cerebral complexo. Para sustentar uma mentira, o cérebro precisa ativar várias áreas ao mesmo tempo: memória, imaginação, linguagem e até o controle emocional.
Isso exige esforço, porque é preciso inventar uma narrativa e, ao mesmo tempo, evitar que a verdade transpareça. Esse gasto mental explica por que discursos falsos tendem a ser contraditórios, confusos ou exagerados.
Quando a mentira é compulsiva, pode estar ligada à mitomania (ou pseudologia fantástica), um transtorno psicológico em que a pessoa sente necessidade patológica de mentir, mesmo sem motivo aparente. Em casos graves, as histórias inventadas podem ser tão elaboradas que envolvem conquistas irreais, dramas exagerados ou versões diferentes de um mesmo acontecimento.
A mitomania também pode ter origem em sofrimento emocional, insegurança ou baixa autoestima, funcionando como uma espécie de autoproteção diante da insatisfação com a própria realidade.
Como a mentira afeta o corpo
Contar uma mentira não passa despercebido pelo corpo. A tensão psíquica desencadeia reações físicas típicas de ansiedade: suor frio, mãos trêmulas ou geladas e até respiração acelerada.
O organismo entra em estado de alerta, como se temesse ser desmascarado. Mas é importante lembrar que nem sempre esses sinais significam mentira —podem surgir também em situações de estresse ou timidez.
Outro indício é quando o comportamento foge do padrão habitual: uma pessoa naturalmente expansiva pode se tornar contida, enquanto um indivíduo reservado pode forçar uma sociabilidade artificial.
Além disso, mentirosos muitas vezes exageram nos gestos ou, ao contrário, reduzem drasticamente suas expressões para não chamar atenção.
O discurso em si costuma denunciar: frases mal elaboradas, pausas excessivas, contradições e falhas de memória são comuns, já que o cérebro precisa administrar o esforço extra de sustentar a ficção.
Em alguns quadros mais graves, a compulsão por mentir chega ao ponto de simular doenças. Existem pessoas que falsificam exames ou inventam sintomas físicos e psicológicos, comportamento associado ao transtorno factício. Isso mostra até onde o cérebro pode ir quando a mentira passa a fazer parte da identidade do indivíduo.
Consequências e maneiras de se tratar
Pequenas mentiras do dia a dia fazem parte da vida em sociedade e, muitas vezes, têm função prática: evitar conflitos, preservar sentimentos ou manter uma surpresa em segredo. O problema surge quando elas deixam de ser ocasionais e se transformam em parte da personalidade, minando relacionamentos, isolando o indivíduo e prejudicando sua vida social e profissional.
O tratamento da mitomania envolve ajudar o paciente a reconhecer suas motivações internas, lidar com frustrações e reconstruir a confiança em si e nos outros. Esse processo pode ser longo, especialmente quando há resistência em admitir os próprios erros ou a compulsão em si.
Em crianças, mentiras frequentes podem estar ligadas à imaturidade ou ao medo de punições severas, mas também podem ser sinais de algo mais profundo, exigindo atenção dos pais e cuidadores.



























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