EUA: fim do horário de verão evitaria casos de obesidade e AVC, diz estudo

Um estudo que simulou quais seriam os impactos sobre a saúde da população dos EUA no horário padrão e no horário de verão ao longo de um ano mostrou que haveria redução na prevalência de obesidade e AVC sem o horário de verão.

O que aconteceu

Estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia. Ele foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. O modelo computacional considerou situações ideais de sono e exposição à luz.

Eles calcularam a carga circadiana associada a cada política de tempo: padrão, horário de verão e mudança semestral. O ritmo circadiano é nosso "relógio biológico", que sincroniza nossas funções físicas e comportamentais em ciclos de 24 horas.

Alterações do ciclo biológico podem afetar a saúde. Algumas pessoas podem se adaptar à mudança, mas outras ficam fora de sintonia, vulneráveis a efeitos negativos do horário de verão, como distúrbios do sono, risco cardiovascular, transtornos cognitivos e acidentes de trânsito.

O estudo considerou condições ideais. Os cientistas simularam a exposição à luz artificial e à luz solar para pessoas em todos os condados dos EUA e presumiram rotinas regulares de sono (das 22h às 7h) e horários regulares de trabalho em ambiente bem iluminado (de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h). Essa é uma limitação da pesquisa, porque nem todas as pessoas seguem essa rotina.

Dados de doenças crônicas também foram usados. Eles pegaram a prevalência de enfermidades para determinar como as diferentes cargas circadianas previam oito desfechos de saúde: artrite, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença coronariana , depressão, diabetes, obesidade e derrame. Fatores socioeconômicos e de saúde, como pressão alta, situação do plano de saúde e desemprego, foram controlados.

Obesidade e AVC poderiam ser reduzidos com horário padrão. Segundo o modelo computacional, aderir à política evitaria mais de 2,6 milhões de casos de obesidade e mais de 300 mil derrames, em comparação com uma mudança semestral. O horário de verão permanente também traria benefícios, mas em menor grau: com redução de 1,7 milhão de casos de obesidade e 220 mil AVCs a menos, em média.

Você está olhando para um risco que é como um bilhete de loteria. Mas se 350 milhões de pessoas fizerem isso no mesmo dia, alguém vai ganhar na loteria. Mas não é algo que você quer ganhar. Jamie Zeitzer, professor de psiquiatria e um dos autores do estudo, à Live Science

Os EUA e o Canadá entraram em horário de verão no dia 9 de março, adiantando seus relógios em uma hora. Na Costa Leste dos EUA, que inclui Nova York e Washington, os relógios foram adiantados às 2h locais. Ele se encerra em 2 de novembro, outono no Hemisfério Norte.

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Manifesto contra horário de verão no Brasil

Suspenso desde 2019, o horário de verão no Brasil não está descartado e sua volta continua sendo avaliada pelo governo federal. O MME (Ministério de Minas e Energia) diz que "o tema é permanentemente avaliado".

Grupo de 26 cientistas se opuseram à mudança de horário. No ano passado, profissionais da área de cronobiologia —ciência que estuda os ritmos e os fenômenos biológicos— assinaram um manifesto contra a volta do horário de verão. Segundo eles, "os malefícios à saúde provocados por essa mudança superam os supostos benefícios econômicos esperados".

Historicamente, a mudança nos relógios foi justificada para economizar energia. Isso alinharia as atividades do dia a dia às horas de luz natural. Mas os pesquisadores argumentam que os ritmos biológicos humanos estão profundamente conectados ao ciclo natural de luz e escuridão, regulando de forma automática funções essenciais como sono, apetite e até mesmo o humor.

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