Melhor tomar um 'remédio SOS' do que ter privação de sono, diz psiquiatra

O tratamento da insônia geralmente combina diversas abordagens e, na maioria dos casos, não depende exclusivamente de medicamentos. No entanto, em situações pontuais, os benefícios do uso de remédios para insônia podem superar os riscos de uma noite mal dormida.

A opinião é do psiquiatra David Sosa, que participou do décimo episódio da nova temporada do Conexão VivaBem, apresentado por Flávia Alessandra no Canal UOL.

O especialista falou sobre o assunto depois que a atriz e empresária Anna Lima, que também participou do programa, compartilhou sua experiência com a insônia.

Uma das estratégias que ela afirmou adotar é a higiene do sono, um conjunto de medidas que ajudam a promover o sono de qualidade, como estabelecer horários fixos para dormir e acordar, criar um ambiente escuro e silencioso, e limitar o uso de telas antes de deitar.

Anna afirmou que desliga a TV e o celular uma hora antes de dormir. Além disso, quando acorda de madrugada, recorre à meditação guiada. "Respiro contando até sete, seguro contando até sete, solto devagar contando até sete, fico sem fazer nada até sete. Eu oxigeno meu cérebro e me acalmo", disse ela.

A meditação estimula a consciência corporal e o controle da respiração, diminuindo a frequência cardíaca e aliviando o estresse associado à insônia, segundo o psiquiatra.

"Ficar parado na cama quando você acorda de madrugada, mexendo no celular, não vai te ajudar", afirmou o médico. "É melhor você levantar, sair da cama e ir para a sala, ficar de 5 a 10 minutos ali, fazer uma meditação, ver como está sua respiração", recomendou Sosa.

Quando essas medidas falham, porém, Anna afirmou que recorre a um "remédio SOS" indicado por sua médica. "Em caso extremo, eu tomo um SOS, porque o estresse por privação de sono é enlouquecedor", disse a empresária.

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De acordo com Sosa, em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser recomendável.

"Eu falo isso para os meus pacientes: é melhor que você tome uma medicação pontual, um SOS, que não envolva um risco de dependência, por exemplo, é até preferível que você tome, se você tiver um acompanhamento médico, do que ter privação de sono, considerando os efeitos deletérios da insônia", afirmou ele.

O sono é essencial para a saúde: quando estamos dormindo, especialmente nas fases profundas do sono não-REM e REM, o cérebro realiza processos fundamentais, como a desintoxicação do metabolismo, a regulação de neurotransmissores (como serotonina e dopamina) e a consolidação da memória.

A falta dessas fases, destacou o médico, compromete a saúde mental, a atenção, o humor e até o apetite, já que hormônios ligados à saciedade ficam desregulados, aumentando o risco de compulsão alimentar, obesidade, diabetes e hipertensão

Sosa também destacou que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das estratégias mais eficazes para lidar com o problema, pois ajuda a identificar e modificar pensamentos e comportamentos que contribuem para a insônia.

"O trabalho da TCC é entender os pensamentos catastróficos que geralmente estão ligados à insônia e ajudar o paciente a fazer uma 'análise socrática', ou seja, ver o quanto aquilo tem de realidade e o quanto tem de probabilidade de que vá acontecer", explicou o psiquiatra.

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Ansiedade, estresse e até menopausa: o que pode causar a insônia?

A insônia é um distúrbio crônico caracterizado pela dificuldade em iniciar ou manter o sono. Ansiedade, estresse, depressão ou uso de determinados medicamentos também podem estar por trás do problema. "Eu diria que 9 a cada 10 pessoas que têm insônia ou desenvolvem insônia têm ansiedade ou depressão", disse o psiquiatra.

Manter um caderno ao lado da cama foi a estratégia adotada pela atriz Anna ao começar a enfrentar episódios de insônia. A dica veio de sua psicóloga: escrever as preocupações no papel sempre que acordasse no meio da noite, como forma de aliviar o estresse e voltar a dormir. Mas, na prática, o truque não funcionou como esperado.

Após alguns exames, descobriu que a causa de sua insônia era menos óbvia do que a ansiedade. "A insônia me fez descobrir que estava entrando na menopausa", contou ela, que também participou do programa.

De acordo com Sosa, a insônia é um dos sintomas mais negligenciados da menopausa. "O sintoma inicial da menopausa ou da perimenopausa geralmente é a insônia. Então, é um sinal de alerta importante", afirmou o médico.

A menopausa é caracterizada pela interrupção da produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários, marcando o fim da fase reprodutiva da mulher. Já a perimenopausa é o período de transição antes da menopausa.

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"Eu só descobri a minha menopausa também por conta de uma insônia, que eu nunca tinha tido na vida", comentou Flávia Alessandra.

Entre os homens, mudanças hormonais também podem estar por trás da dificuldade para dormir, segundo Sosa. "Às vezes, o hipogonadismo por obesidade, uma condição que causa baixa produção de testosterona, também provoca insônia", afirmou ele.

Conexão VivaBem

Semanalmente, Flávia Alessandra comanda um papo sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida com convidados especiais. Novos episódios ficam disponíveis toda terça no YouTube de VivaBem e no Canal UOL - na TV, o programa é exibido às 21h30. Assista ao episódio completo com Anna Lima no topo da página.

O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

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