Fazer home office melhora saúde e rendimento, diz estudo australiano

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Trabalhar de casa deixou de ser uma medida emergencial para se tornar um modelo promissor de produtividade e bem-estar. É o que revelou um estudo da Universidade do Sul da Austrália, que acompanhou, ao longo de quatro anos, os efeitos do home office na vida dos trabalhadores.
A pesquisa, iniciada antes da pandemia de covid-19, analisou adultos australianos de meia-idade — em sua maioria mulheres com bom nível educacional e vida familiar estável. Ao comparar hábitos antes e durante o período pandêmico, o estudo traçou um retrato inédito e aprofundado das transformações provocadas pelo trabalho remoto.
Saúde mental: mais sono, menos estresse
Trabalhar remotamente mostrou-se benéfico para a mente e para o corpo. Segundo o estudo, o home office:
Aumenta as horas de sono: sem o estresse do deslocamento, os profissionais dormem mais e melhor. O sono de qualidade melhora o humor, regula o apetite e fortalece o sistema imunológico.
Reduz o estresse diário: a possibilidade de trabalhar em um ambiente conhecido e confortável contribui para o equilíbrio emocional, reduzindo a ansiedade e a tensão típicas do ambiente corporativo.
Apoia o bem-estar psicológico: ter controle sobre o tempo e o espaço de trabalho faz com que as pessoas se sintam mais livres, respeitadas e satisfeitas, o que, segundo os cientistas, tem impacto direto na motivação.
Rotina mais leve, corpo mais saudável
Ao eliminar o tempo gasto com deslocamentos, o home office abre espaço para escolhas mais saudáveis. O estudo identificou:
Mais tempo para cuidados pessoais: profissionais passaram a incluir atividades de lazer, exercícios físicos e momentos de relaxamento na rotina, o que reflete positivamente na saúde geral.
Alimentação mais equilibrada: trabalhar em casa facilitou o preparo de refeições caseiras e nutritivas, com maior consumo de frutas, vegetais e laticínios, substituindo lanches ultraprocessados comuns no ambiente corporativo.
Autonomia sobre o ritmo de trabalho: ter liberdade para organizar o dia conforme sua própria produtividade (como fazer pausas quando necessário) contribui para um desempenho mais saudável e constante.
Produtividade e satisfação em alta
Apesar dos riscos identificados de isolamento social e aumento pontual no consumo de álcool durante o confinamento, o estudo apontou:
Estabilidade (ou melhora) na produtividade: a performance dos profissionais não caiu com o trabalho remoto. Em muitos casos, ela até melhorou, devido à motivação e ao conforto do ambiente doméstico;
Aumento da satisfação profissional: pessoas mais felizes com sua rotina tendem a ser mais comprometidas e focadas. A flexibilidade reforça o sentimento de valorização e pertencimento.
Os desafios do home office
O trabalho remoto também trouxe desafios importantes, principalmente no que diz respeito à colaboração entre equipes e às oportunidades de crescimento profissional, cita o estudo. O distanciamento físico pode enfraquecer laços e dificultar promoções, exigindo novas estratégias de gestão e comunicação.
Outro ponto delicado é a dificuldade em separar os espaços da vida pessoal e profissional, algo que se intensificou durante a pandemia. Criar símbolos ou rituais que marquem o fim da jornada de trabalho, como mudar de ambiente ou desligar o computador, é fundamental para preservar o descanso e o equilíbrio emocional.
Para ser produtivo, é preciso ter pausa. Sem isso, perdemos a capacidade de relaxar. Viver em constante alerta e contato com estressores, como prazos inflexíveis e jornadas intermináveis, pode levar ao esgotamento mental e ao burnout.
A verdade é: o home office pode ser uma solução eficiente, desde que venha acompanhado de autocuidado, limites claros e estratégias conscientes para preservar a saúde mental.
*Com informações de reportagem publicada em 05/07/2022
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