'Mais energia e menos fadiga': pré-treino realmente faz diferença?

A lista de suplementos com substâncias que prometem dar mais disposição para treinar, aumentar a resistência muscular e retardar a fadiga é extensa —e atrai cada vez mais adeptos nas academias. Boa parte dos praticantes de atividade física recorre aos chamados pré-treinos por conta própria, na esperança de melhorar o desempenho. Mas será que são realmente eficazes para todos?

Segundo especialistas ouvidos pela Agência Einstein, a resposta é não. "A maioria dos pré-treinos não serve para muita coisa, pois, de forma geral, contam com quantidades muito pequenas das substâncias ativas, sendo que algumas delas têm ação benéfica comprovada e outras, não", observa a nutricionista Fabiana Braga Benatti, professora do curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo.

Além disso, explica Benatti, muitas dessas substâncias [como a creatina] precisam ser consumidas diariamente e em quantidade adequada para ficarem estocadas nos músculos e, assim, oferecerem o resultado esperado. Ou seja, não adianta ingeri-las pontualmente ou em pequenas doses, como as oferecidas em alguns pré-treinos. "Por todas essas razões, é preciso avaliar cada caso individualmente", orienta a nutricionista, que é especialista em nutrição esportiva.

Entre os ingredientes mais comuns nas fórmulas estão creatina, beta-alanina, arginina e cafeína — sendo essa última o único composto com segurança e eficácia bem estabelecidas quando usada antes do treino. "Ela melhora o foco, a concentração, a disposição e fornece energia extra. Entretanto, a suplementação só é indicada para quem se exercita acima de 60 minutos ou faz treinos de alta intensidade", indica a nutricionista Serena del Favero, do Espaço Einstein - Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O uso indiscriminado de suplementos de cafeína pode trazer efeitos colaterais como taquicardia, insônia e desconfortos gastrointestinais. Por isso, antes de investir em um produto pré-treino, seja ele qual for, procure a orientação de um profissional capacitado que avalie seu contexto, sua rotina de treino e seus objetivos.

Outro ponto de atenção é sempre investigar a real causa por trás da baixa disposição. "Quem tem baixa energia com muita frequência precisa avaliar a causa dela ao invés de achar que o pré-treino é a solução", alerta Fabiana Benatti.

Descanso e alimentação: verdadeiros aliados

Mais do que suplementos, a chave para um bom desempenho físico está em hábitos básicos de saúde: sono de qualidade e alimentação equilibrada. "Quem dorme bem e come bem não precisa desse tipo de produto para ter uma boa performance nas atividades físicas", frisa del Favero. Segundo a nutricionista do Einstein, primeiro é preciso avaliar e adequar o cardápio; depois, se for necessário, pensar em suplementação.

Entre os nutrientes mais importantes nesse contexto, os carboidratos ocupam papel central. Eles são a principal fonte de energia durante o exercício, retardam a fadiga, contribuem para a manutenção da função muscular e auxiliam na recuperação. Por isso, reduzir drasticamente o consumo desses alimentos com a intenção de emagrecer pode comprometer o rendimento.

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A recomendação é ingerir carboidratos até uma hora antes do treino. Se a prática ultrapassar uma hora de duração, vale reforçar com 30 a 60 gramas adicionais a cada 60 a 90 minutos — especialmente em treinos de alta intensidade ou voltados ao desempenho esportivo.

Lembre-se também de beber água antes, durante e depois da atividade. E, sempre que possível, consulte um nutricionista, que poderá avaliar sua rotina e montar um plano individualizado para garantir uma boa performance (e saúde) independentemente da hora do dia.

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