Atriz de The Boys revela diagnóstico de doença autoimune; quais os sinais?

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A atriz norte-americana Erin Moriarty, 30, revelou na semana passada que foi diagnosticada com a doença de Graves. Conhecida pelo papel na série "The Boys", Erin descreveu como foi a descoberta da doença.
Doenças autoimunes se manifestam de forma diferente em cada pessoa/em cada corpo. Sua experiência será diferente da minha. Uma coisa posso dizer: se eu não tivesse atribuído tudo ao estresse e ao cansaço, eu teria descoberto isso antes. Há um mês, fui diagnosticada com doença de Graves. 24 horas após o início do tratamento, senti a luz voltando.
Eric Moriarty em seu perfil no Instagram
A doença de Graves e os principais sintomas
A condição é uma doença autoimune, neste caso, os anticorpos são produzidos contra partes do próprio corpo do paciente. Na doença de Graves, o autoanticorpo estimula a tireoide, glândula em forma de borboleta localizada no pescoço, provocando um excesso na produção do hormônio TSH —causando um quadro de hipertireoidismo.

A doença de Graves se manifesta, normalmente, entre os 20 e 40 anos e é mais comum em mulheres do que em homens. "A proporção entre os gêneros é de 7 casos em mulheres para 1 caso entre homens", explica Rafael Selbach Scheffel, endocrinologista, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e professor no HCPA/UFRGS (Hospital de Clínicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
A doença pode ter sintomas variados, que dependem do quanto há de excesso hormonal circulando no organismo. "Os hormônios tireoidianos afetam praticamente todos os sistemas do corpo humano", diz Scheffel.
Os sintomas mais típicos são perda de peso, que pode ser relativamente rápida e significativa, efeitos sobre o sistema cardiovascular, em que a pessoa pode ter taquicardia --aumento da frequência cardíaca, que o paciente pode se referir como "palpitações" - e aumento da pressão arterial
Rafael Selbach Scheffel
Segundo o especialista, os pacientes também podem relatar intolerância ao calor e tremores das extremidades, como as mãos. "A pele fica mais quente, às vezes até pegajosa". O quadro pode provocar, ainda, alterações no trato intestinal, com um aumento na quantidade de idas ao banheiro. "Pode haver o bócio, que é o aumento do volume da tireoide, relativamente comum em pacientes com doença de Graves", explica.
A doença pode causar também alterações oculares. Como uma condição associada, alguns pacientes têm a chamada Doença Ocular da Tireoide (DOT), anteriormente chamada de oftalmopatia de Graves. "[A DOT causa] um olho mais saltado, às vezes com alguns sinais inflamatórios como dor, lacrimejamento ou vermelhidão".
Além dos sintomas físicos, o paciente pode apresentar sinais neuropsiquiátricos. Ansiedade, nervosismo, insônia e irritabilidade, por exemplo, podem ser indícios de desregulação dos hormônios tireoidianos.
Diagnóstico e tratamento
Segundo Scheffel, o diagnóstico geralmente é simples. "Diante desses sintomas e do cenário clínico, a gente vai dosar os hormônios da tireoide em exames de sangue comuns e vai observar a elevação desses hormônios", diz. Os médicos podem também dosar os autoanticorpos presentes no organismo do paciente para investigar eventuais desequilíbrios.
Junto aos exames de sangue, métodos de imagens pode auxiliar o profissional em seu diagnóstico. Além do ultrassom, pode ser solicitada uma cintilografia. Neste exame, pequenas quantidades de substâncias radioativas são administradas para avaliar o funcionamento de órgãos e tecidos. "Em geral, um quadro clínico muito característico junto aos exames de sangue já é o suficiente [para fechar o diagnóstico]", afirma Scheffel.
De acordo com o especialista, existem basicamente três modalidades de tratamento para a doença de Graves. Uma delas é o uso de medicamentos que diminuem a produção de hormônios tireoidianos. Estes remédios são de uso contínuo.
Outra forma de tratamento utilizada é o iodo radioativo. Scheffel explica que, para produzir os hormônios, a tireoide precisa captar iodo. "O iodo radioativo é o iodo acoplado em uma molécula radioativa, que vai agir como uma radioterapia localizada e vai 'queimar' a tireoide, vai destruir o tecido tireoidiano". No caso da doença de Graves, a iodoterapia proporciona uma redução na atividade da glândula.
Já em alguns casos, o tratamento pode envolver cirurgia para remoção da tireoide. O endocrinologista ressalta que, com a cirurgia, o paciente geralmente desenvolve um quadro de hipotireoidismo (produção insuficiente dos hormônios tireoidianos) e precisará repor estes hormônios via medicação contínua.
Alguns pacientes podem entrar em remissão, diminuindo a produção destes anticorpos. "O que conseguimos em praticamente todos os pacientes é controlar o hipertireoidismo, fazendo com que a pessoa volte a ter hormônios da tireoide normais".
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