5 coisas que seu médico gostaria que você soubesse sobre o diabetes

Receber um diagnóstico de algum tipo de diabetes nunca é fácil. No entanto, muito do sucesso do controle dessa doença crônica, especialmente do diabetes do tipo 2 —o mais frequente na maioria das pessoas— é a boa colaboração entre médicos e seus pacientes.

VivaBem falou com alguns especialistas para saber o que eles consideram fundamental saber sobre essa doença na hora da consulta ou durante o tratamento. Saber tudo isso facilita um trabalho conjunto que busca unir as melhores opções de tratamento aos melhores resultados possíveis.

1. É preciso levar MUITO a sério um diagnóstico de pré-diabetes

Este é um quadro silencioso, ou seja, aparece sem manifestar sintomas. Quando os exames revelam a sua presença, isso significa que ainda dá tempo de brecar o avanço do diabetes.

As medidas para isso começam com mudanças no estilo de vida, mas pode ser necessário o uso de medicamentos. O endocrinologista Fernando Valente diz que não dá para dar chance para o azar porque se o tratamento for adequado, ele não só evita a progressão da doença, como reduz a probabilidade de ter complicações como um infarto ou AVC (acidente vascular cerebral).

Importante saber que o pré-diabetes indica que 30% da função do seu pâncreas já foi perdido; quando o diabetes se instala, essa perda é de 50% a 70%.

2. Existem diferenças entre diabetes tipo 1 e tipo 2

Nem todos sabem, mas o diabetes mellitus é um grupo de doenças que também inclui o diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2).

O DM2 compreende de 85% a 90% dos casos e se associa à obesidade e ao envelhecimento, embora esteja cada vez mais presente entre os jovens.

Já o DM1 (5% a 10% dos casos) pode aparecer em qualquer idade e decorre de um processo autoimune que leva à ausência ou baixa produção de insulina (hormônio associado ao controle das taxas de glicose no sangue) pelo seu pâncreas.

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Ambos os tipos se relacionam ao inadequado controle da glicose. O DM1, em geral, é diagnosticado na infância, mas o DM2 deve ser investigado já a partir dos 35 anos ou antes, caso existam outros fatores de risco, como a hipertensão ou a obesidade.

3. Diabetes é uma doença crônica sem cura

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Imagem: Getty Images

A verdade é sempre dura e a tendência de muitos pacientes é tentar negá-la. Isso leva a acreditar em receitas milagrosas, o que só agrava o problema.

Como é possível conviver com o diabetes tipo 2 sem sintomas aparentes, a pessoa vai levando a vida só até ser surpreendida por um infarto ou um problema ocular. O diabetes é, sim, uma doença crônica, não tem cura, mas o adequado tratamento leva ao seu controle.

Contudo, o sucesso dessa estratégia depende do trabalho conjunto que engloba a desejável atuação de uma equipe com diferentes especialistas (médicos de diferentes especialidades, nutricionista, psicólogo etc.), além da participação ativa dos pacientes, familiares e mudança de hábitos de vida. Isso envolve alimentação equilibrada e exercícios, bem como o regular acompanhamento médico.

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4. A mudança esperada não se baseia apenas em cortar o açúcar do cardápio

De acordo com Ana Tereza Santomauro, "nada supera o poder da dieta". Mas isso não quer dizer ter de adotar um regime alimentar especialmente elaborado para pacientes com diabetes. A dieta que compõe o tratamento é a mesma indicada para todo mundo: o cardápio deve ser rico em nutrientes essenciais que garantem a saúde geral.

Verduras, legumes, frutas, oleaginosas, carnes magras, além de reduzido consumo de gorduras saturadas, frituras e excesso de carboidratos devem compor suas refeições. A única diferença é que, para quem tem diabetes, ignorar tais sugestões traz consequências indesejadas.

Comer doces não é proibido, desde que se façam as melhores escolhas, as porções sejam adequadas e isso aconteça no tempo certo —regra também aplicável a todos aqueles interessados em um estilo de vida saudável.

5. Tomar insulina não significa o fim da linha

Esse medicamento é uma das opções para regular a produção inadequada do hormônio ou quando ocorre o aumento da sua necessidade para o controle do diabetes.

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No tipo 2, o prejuízo na produção natural de insulina aparece já no pré-diabetes. Esse processo evolui quando a doença se instala e também ao longo dos anos, especialmente quando não houve tratamento nesse período.

Tal quadro ainda pode representar o curso natural da doença. Entre os pacientes, porém, o receio de usar a insulina se deve à sua indevida associação às complicações da própria enfermidade, como a falência renal e a cegueira. No entanto, a medicação é segura, eficaz e é mais uma aliada entre as opções farmacológicas.

Fontes: Ana Tereza Santomauro, supervisora de residência médica em endocrinologia da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo e da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), consultora do Programa de Prevenção de Diabates viabilizado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS; Fernando Valente, endocrinologista e membro da diretoria da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e do Departamento de Diabetes da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo); Francisco José Albuquerque de Paula, professor associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP; e Lívia Mermejo, professora doutora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

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