Magro demais ou com sobrepeso: o que é mais perigoso para o idoso?

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Imagine começar a emagrecer sem querer, sem fazer dieta e sem esforço. Para muitos idosos, isso não é um sinal positivo, relacionado à boa forma, mas sim um alerta vermelho. Embora a obesidade receba mais atenção, a desnutrição é um problema silencioso e frequentemente subestimado na terceira idade.
Os sinais passam despercebidos porque parecem "normais" do envelhecimento: pele pálida, queda de cabelo, perda de massa muscular. Mesmo um idoso com peso normal ou até obeso pode ser considerado desnutrido, caso tenha apresentado uma perda de peso maior do que 10% nos últimos seis meses.
Os prejuízos são baixa imunidade, mais infecções, maior risco de queda, fraturas e perda da autonomia.
Por que o idoso perde peso?
Não é só falta de comida: o corpo do idoso muda por dentro e por fora. Há uma queda na grelina, o hormônio da fome, e um aumento dos hormônios da saciedade, ou seja, eles sentem menos vontade de comer. Medicamentos, doenças crônicas, problemas nos dentes, redução do olfato e mudanças no intestino agravam a situação.
Além disso, o próprio envelhecimento reduz a massa muscular, o que diminui o gasto energético do corpo e, em resposta, reduz ainda mais o apetite. Isso vira um ciclo vicioso: come-se menos, absorve-se menos, perde-se músculo, sente-se menos fome.
Fatores sociais também pesam no prato. Isolamento, depressão, baixa renda e dificuldades práticas fazem muitos idosos trocarem refeições completas por bolacha com chá ou pão com leite, opções baratas, rápidas — e pobres em nutrientes.

E o excesso de gordura?
A obesidade também preocupa, principalmente quando combinada com fraqueza muscular. Pesquisas já identificaram uma associação entre gordura abdominal somada à baixa força muscular e perda acelerada da velocidade da caminhada. Isso quer dizer que, com o tempo, o idoso pode não conseguir mais atravessar a rua antes de o semáforo fechar.
Essa condição tem nome: obesidade abdominal dinapênica. Ela aumenta o risco de quedas, incapacidade física e até morte. O acúmulo de gordura no abdome desencadeia inflamações que "consomem" os músculos e prejudicam o controle neuromotor. Resultado: menos força, mais gordura, menos autonomia.
Além disso, a obesidade em idosos está fortemente ligada ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto, cardiopatias e osteoartrite. Esses quadros não só comprometem a qualidade de vida, como também aumentam o risco de internações, dependência e mortalidade.
Acompanhar o peso resolve?
O recado dos especialistas é claro: não adianta olhar só o número na balança. Tanto o excesso de gordura quanto a falta de nutrientes colocam o idoso em risco. Por isso, o cuidado geriátrico vai muito além do peso e deve incluir avaliações completas: como a medição da massa muscular, da gordura abdominal, da força física, da velocidade da caminhada e do risco para doenças crônicas.
Esses exames ajudam a identificar precocemente alterações metabólicas e funcionais, permitindo intervenções mais eficazes para preservar a saúde e a autonomia na terceira idade.
A boa notícia? Tanto a desnutrição quanto a obesidade podem ser revertidas com alimentação equilibrada, exercícios de força e orientação profissional. Em alguns casos, suplementos, reeducação alimentar e lanches nutritivos ao longo do dia são aliados importantes para recuperar o apetite, o peso saudável e a qualidade de vida.
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