Tudo verde: o que ter muitas plantas em casa diz sobre sua saúde mental

Ler resumo da notícia
Você entra na casa de alguém e sente que foi transportado direto para o meio de uma floresta: samambaias pendendo do teto, jiboias se enrolando pelas prateleiras, cactos e suculentas disputando espaço na janela com uma costela-de-adão de folhas gigantes. Segundo a psicologia, esse amor por plantas vai muito além da estética.
Selva particular do bem-estar
Cientificamente falando, cercar-se de plantas pode ser uma forma bastante eficaz de cuidar da saúde mental. Um estudo publicado no Journal of Positive Psychology em 2016 mostrou que até mesmo o simples ato de perceber a natureza ao nosso redor já eleva o nosso estado de satisfação plena. É como se a mente respirasse aliviada diante de um toque de verde.
A prática de espalhar plantas por onde passamos - da sala ao banheiro - pode reproduzir o que os japoneses chamam de shinrin-yoku, ou "banho de floresta": uma imersão contemplativa em ambientes naturais que ativa efeitos terapêuticos no corpo e na mente.
Contato com plantas ainda fortalece o sistema imunológico, alivia o estresse, regula a pressão arterial e pode até ajudar a prevenir sintomas depressivos. Isso porque, ao cuidar de plantas, muitas vezes nos expomos ao sol - o que contribui para a produção de vitamina D, essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso.
E não é só em casa: um escritório com vasos e folhagens comunica algo poderoso, segundo pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália. Funcionários que trabalham em ambientes "verdes" mostram um desempenho até 15% melhor a longo prazo.
Quando o verde passa do ponto
Apesar dos muitos benefícios, o hábito de colecionar plantas pode, em alguns casos, escorregar para um comportamento mais preocupante: o acúmulo compulsivo.
O colecionador se orgulha de sua floresta: organiza, cuida, fotografa, mostra com entusiasmo. Já o acumulador vê suas plantas se multiplicarem sem controle - vasos ocupam todos os cômodos, a movimentação pela casa vira um desafio, e até a higiene pode ser comprometida. Em casos extremos, há relatos de pessoas que compram impulsivamente, endividam-se ou até roubam plantas por sentirem que precisam tê-las.
Na psicologia, esse comportamento pode ser classificado como transtorno psiquiátrico quando traz prejuízos significativos à vida da pessoa - e não, não estamos falando de um cantinho abarrotado de violetas, mas de situações em que a própria qualidade de vida está sufocada sob folhas e vasos.
Em resumo: plantas fazem bem
Ter muitas plantas em casa pode ser um reflexo de busca por equilíbrio, conexão com a natureza e autocuidado. Mas como em tudo na vida, o segredo está na moderação. Se sua selva urbana traz alegria e bem-estar, você provavelmente está colhendo só os frutos positivos dessa relação. Agora, se a floresta está engolindo você, talvez seja hora de podar alguns galhos - e procurar ajuda de profissionais.

A seguir, veja algumas opções para ter em casa:
Ornamentais: samambaias, orquídeas, rosas e bonsais não são só enfeites, sua estética desperta prazer visual, eleva o humor e promove contemplação - um convite ao relaxamento e à atenção plena.
Fáceis de cuidar: menos esforço, mais serenidade. Cactos e suculentas exigem pouco e oferecem muito. Ter uma planta que sobrevive com quase nada ajuda a reduzir a culpa e o estresse em quem tem a agenda lotada.
De sombra: violeta, dinheiro-em-penca e avenca crescem bem longe do sol, o que as torna ideais para quartos - espaços íntimos onde você pode se reconectar. O toque de verde ajuda a criar ambientes de descanso mais acolhedores.
Medicinais: camomila, hortelã, erva-cidreira, boldo e chá verde são calmantes consagrados. Cultivar essas ervas em casa fortalece o senso de autocuidado e ainda garante um ritual relaxante: preparar o próprio chá.
Refrescantes: fícus, palmeiras, filodendros e columeias ajudam a purificar e umidificar o ar, o que pode melhorar a qualidade do sono, a concentração e até reduzir irritabilidade. Um microclima de paz na sua sala.
*Com informações de reportagens publicadas em 19/01/2023 e 11/03/2022
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.