Te acham antissocial? Veja o que significa preferir ficar em casa sempre

Quem nunca trocou uma festa pelo sofá de casa e uma maratona de séries? Para muitos, isso pode soar como ter um comportamento antissocial, mas esse rótulo nem sempre se aplica corretamente.

Na verdade, preferir ficar em casa pode ser apenas uma fase ou uma escolha pontual. Gostar da própria companhia e saber aproveitar momentos de solitude é saudável e não significa que há algo de errado. O problema é confundir isso com o transtorno de personalidade antissocial, que é uma condição psiquiátrica grave e completamente diferente.

Quando pode indicar algo errado

Segundo o psicólogo Ricardo Wainer, os seres humanos são sociais e têm a necessidade de pertencimento. "Dessa forma, esse comportamento [de isolamento constante] não é esperado." Ou seja, ficar mais recluso às vezes é natural, mas transformar esse padrão em hábito pode trazer prejuízos emocionais e sociais.

A psicóloga Andrea Lorena da Costa Stravogiannis explica que a vontade de se isolar pode ter raízes mais profundas: "Pode ser causada por questões psicológicas como timidez excessiva, falta de confiança nas pessoas, medo de se expor, entre outros".

"A capacidade de ficar só e sentir prazer com a própria companhia é positiva, mas é preciso diferenciar essa solidão de um padrão de fuga e evitação de contato social, pois isso pode trazer sofrimento", diz o psicólogo Sérgio Eduardo Silva de Oliveira.

Sinais para prestar atenção

Os especialistas alertam para alguns sinais de que o isolamento está ultrapassando os limites saudáveis:

Compromete a funcionalidade da pessoa no dia a dia;

Causa baixo desempenho na escola ou no trabalho;

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Dificulta a criação de vínculos profundos, como relacionamentos afetivos;

Limita os contatos apenas à família;

Impede o desenvolvimento de amizades;

Provoca altos níveis de ansiedade;

Afeta negativamente a autoestima.

O isolamento constante pode estar ligado a doenças mentais como depressão, fobia social e outros transtornos. Nesses casos, é fundamental procurar ajuda profissional para entender o que está por trás desse comportamento.

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"Se o isolamento começa a trazer prejuízos interpessoais e profissionais, é indicado iniciar psicoterapia para compreender a função desse comportamento e investigar se há dificuldades reais de interação social", orienta Stravogiannis.

Se não prejudica, vale a pena

Existem momentos da vida em que a reclusão faz parte do processo. Após um término amoroso, uma demissão ou durante a adolescência, é comum buscar mais silêncio e introspecção. "Após um evento estressor ou restrito a um contexto, é até esperado esse padrão de comportamento — e ainda assim, não é regra. Há pessoas que, após um trauma, preferem se abrir e buscar apoio externo", explica Oliveira.

Da mesma forma, em fases mais maduras, atividades tranquilas e solitárias podem ser mais prazerosas que o burburinho social, sem que isso represente um problema. Aproveitar momentos de recolhimento para descansar, reconectar-se consigo mesmo, cultivar hobbies ou simplesmente não fazer nada é uma forma válida de autocuidado. Como tudo na vida, o segredo está no equilíbrio.

*Com informações de reportagem publicada em 31/08/2020

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