Trombofilia: saiba o que é e quais os riscos para a gestação

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Trombofilia é uma condição sanguínea caracterizada pela predisposição à formação de coágulos (trombos) em excesso, aumentando o risco de trombose e outras complicações, especialmente em situações como gravidez. Ela está entre as principais causas de aborto, junto com fatores hormonais, autoimunes, tireoidianos e infecções.
Durante a gestação, a trombofilia pode causar, além de aborto, óbito fetal, trombose, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, restrição de crescimento do bebê e descolamento da placenta. Por isso, o acompanhamento com um ginecologista especializado em gravidez de risco é essencial.
A pré-eclâmpsia, por exemplo, envolve picos de pressão alta e pode evoluir para eclâmpsia (com convulsões), aumentando o risco para a mãe e o bebê, especialmente em mulheres com trombofilia adquirida.
Diagnóstico e investigação da trombofilia
O diagnóstico da condição é feito por um hematologista, que avalia o histórico familiar e pessoal do paciente junto com exames de sangue. Em casos de aborto, é importante analisar geneticamente parte do material do feto para investigar possíveis causas.
O Manual Técnico da Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde recomenda a investigação após três abortos sem causa aparente, mas especialistas alertam que histórico familiar com casos de trombose, AVC, hipertensão ou perda gestacional já justificam o início da investigação.
Para gestantes trombofílicas, a gravidez aumenta em quatro vezes o risco de uma situação de trombose, sendo o puerpério responsável por 60% dos casos. Após 28 semanas de gestação, o próprio organismo produz uma hipercoagulação para não ter hemorragia no parto.
Os sintomas mais comuns de trombose são inchaço, dor e vermelhidão em uma das pernas. O diagnóstico é confirmado com exames de sangue como o D-Dímero e de imagem, como a angioplastia com doppler, que não oferecem risco à gestante. Varizes e vasinhos roxos não indicam trombose, mas se estiverem associados a outros fatores de risco, devem ser avaliados por um médico.
Prevenção e cuidados durante a gravidez

Alguns casos de trombofilia são genéticos, mas outros podem ser prevenidos. Entre os fatores que aumentam o risco estão o uso excessivo de antibióticos e o uso de anticoncepcionais.
Na gestação, é importante evitar excesso de peso, sedentarismo, tabagismo, estresse, automedicação e esforço físico além do autorizado. Beber bastante água, usar meia de compressão e fazer drenagem linfática (com liberação médica) são atitudes que ajudam.
É essencial ainda manter o uso correto do anticoagulante prescrito e nunca interromper o tratamento por conta própria.
Tratamento e parto em gestantes com trombofilia
O tratamento depende da gravidade da trombofilia. Pode incluir o uso de AAS (ácido acetilsalicílico) e anticoagulantes injetáveis como a enoxaparina sódica. Por se tratar de uma molécula grande, a hipercoagulação não afeta o sangue do bebê, como acontece com outros fármacos.
O SUS deve fornecer esses medicamentos de forma gratuita para gestantes com diagnóstico e justificativa médica.
Quanto ao parto, a trombofilia não exige cesárea. Na verdade, o parto normal pode ser mais indicado pela necessidade de menos tempo de repouso. Porém, é importante que seja programado para ajustar o uso dos anticoagulantes.
A cesárea só é indicada em casos específicos, como o descolamento prematuro da placenta, a fim de evitar hemorragia.
*Com informações de reportagem publicada em 20/12/2021
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