O que é um câncer sensível a hormônios, como o do ex-presidente Joe Biden?

O ex-presidente dos EUA Joe Biden foi diagnosticado com uma forma "agressiva" de câncer da próstata, com "metástase nos ossos", anunciou ontem seu gabinete pessoal.

Segundo o comunicado de sua equipe, "o câncer parece ser sensível a hormônios, o que permite um tratamento eficaz", que ainda será analisado e decidido pelos médicos junto à família.

O que aconteceu

Biden foi examinado por seus médicos após apresentar "sintomas urinários crescentes", diz o comunicado. Foi encontrado um nódulo na próstata.

Todo câncer de próstata recebe uma pontuação na escala de 1 a 10 na escala de Gleason. Ela corresponde ao aspecto das células cancerígenas em comparação com as células normais. A pontuação de Biden, 9, sugere que o seu tumor está entre os mais agressivos.

Quando o câncer de próstata necessita de hormônios para crescer, como é o caso do tumor de Biden, ele pode reagir melhor a tratamento. Contudo, cânceres com metástase, ou seja, que se espalharam para outras partes do corpo, costumam ser mais difíceis de tratar do que o câncer localizado, já que os medicamentos podem não chegar a todos os tumores e eliminar completamente a doença.

O câncer de próstata é o segundo câncer mais comum que afeta os homens, atrás apenas do câncer de pele. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA aponta que 13 em cada 100 homens desenvolverão câncer de próstata em algum momento de suas vidas. Quando detectados na fase assintomática, os tumores de próstata têm acima de 90% de cura.

O diagnóstico de Biden ocorre quase uma década após ele perder seu filho mais velho. Beau, então com 46 anos, morreu em decorrência de um câncer cerebral.

Quais os tratamentos?

Um arsenal de opções está disponível ao ex-presidente. Os tratamentos avançaram nos últimos anos, com cirurgias menos invasivas agora feitas com robôs; as terapias-alvo, com medicamentos que combatem especificamente as células tumorais, além de radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.

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Tumores de baixa agressividade e crescimento lento nem sempre recebem tratamento imediato —é possível apenas executar a vigilância ativa, com exames frequentes para acompanhar a evolução da doença, o que poupa o paciente de tratamentos complexos. Se isso não for possível, o médico pode não decidir apenas por um tratamento, combinando duas ou mais técnicas para aumentar as chances de sucesso.

No caso de Biden, a hormonoterapia é uma opção, segundo seus médicos. Neste caso, o ex-presidente poderá tomar medicamentos orais para bloquear a produção de testosterona —que alimenta o crescimento do câncer. Ainda não se sabe se ele fará outro tipo de tratamento adicional.

Para determinar o melhor tratamento, médicos analisam idade, estado geral de saúde, extensão do tumor e se houve ou não a metástase. Este último é o caso de Biden, com seu câncer já afetando os ossos.

Quando o paciente não responde aos tratamentos ou está em metástase, recorre-se à quimioterapia. Ela é combinada ou não a outros tratamentos, caso a caso. Também já há outras opções mais experimentais, como a terapia fotodinâmica, que já é utilizada na Europa desde 2017.

Câncer de próstata é silencioso

Na maioria dos pacientes, o tumor não provoca sintomas em seus estágios iniciais. Os primeiros costumam aparecer em fase mais avançada. São eles:

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  • Dificuldade para urinar (demorar para começar e terminar);
  • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite;
  • Diminuição ou alteração no jato de urina;
  • Dor ou ardor ao urinar;
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen;
  • Dor ao ejacular;
  • Alteração nas fezes (pois o tumor pode pressionar o intestino).

O que causa o câncer de próstata?

  • Idade: Problema é mais comum após os 50 anos, devido ao envelhecimento natural do órgão.
  • Genética e histórico familiar: Quando um indivíduo tem pai ou irmão que foi diagnosticado antes dos 60 anos com câncer de próstata, o risco de ter o problema é de três a dez vezes maior que na população geral. Homens negros carregariam variantes genéticas que aumentariam o risco, apontam estudos.
  • Estilo de vida: Entre os hábitos ruins que aumentam o risco da doença podemos citar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, o tabagismo e a má alimentação. Para driblar o câncer, é importante comer mais vegetais e evitar fast-food, alimentos processados e refrigerantes, além de fazer exercícios físicos regularmente --cerca de 30 minutos, ao menos cinco vezes por semana.
  • Obesidade: O excesso de gordura corporal deixa o organismo em um estado de inflamação constante e afeta a produção de vários hormônios. Tudo isso aumenta o risco de células se desenvolverem desordenadamente, dando origem a diversos tumores.
  • Uso de anabolizantes

*Com informações da Deutsche Welle e de matérias publicadas em 01/11/2021, 21/11/2022 e 16/02/2023.

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