Já pensou fazer o papanicolau em casa? Método é realidade nos EUA

A FDA (sigla em inglês para Food and Drug Administration), agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, aprovou o primeiro teste caseiro no país que pode auxiliar na detecção do câncer do colo de útero.

O que aconteceu

A aprovação da FDA, anunciada na última semana, autoriza o uso do Teal Wand. O produto é o primeiro que possibilita a autocoleta e pode ser uma alternativa ao papanicolau realizado em ambientes médicos.

O dispositivo, desenvolvido pela Teal Health, permite que pacientes coletem uma amostra vaginal em casa. A coleta é feita com uma espécie de "varinha" (wand, em inglês), dispensando o uso do espéculo (instrumento inserido na vagina no papanicolau), convencional para coleta das células do colo do útero. No novo produto, a esponja localizada na ponta do dispositivo gira conforme o comando da paciente e realiza a coleta necessária. Veja o passo a passo abaixo (em inglês):

Após a coleta, a amostra deve ser enviada pelo correio para um laboratório certificado, que vai analisar o material. Segundo a Teal Health, o produto oferece a "mesma precisão" dos exames tradicionais. "Amostras autocoletadas com o Teal Wand apresentam o mesmo desempenho que amostras coletadas por médicos, comprovando a detecção de pré-câncer cervical em 96% dos casos", relata a empresa em comunicado oficial.

O novo dispositivo é voltado para pessoas de 25 a 65 anos que apresentam risco médio em relação ao câncer cervical. Kara Egan, CEO e cofundadora da Teal Health, diz que o novo exame visa identificar eventuais novos casos de câncer cervical, já que irá permitir que as mulheres realizem a coleta de acordo com a própria rotina e com privacidade garantida. "Quando facilitamos o acesso aos cuidados, ajudamos as mulheres a se manterem saudáveis para si mesmas e para as pessoas que dependem delas todos os dias", disse ao portal oficial da empresa.

Alguns públicos não devem utilizar o produto. Segundo a Teal Health, o uso é proibido para gestantes, pessoas com histórico de câncer no sistema reprodutor, HIV, exposição a DES (dietilestilbestrol), imunossuprimidas ou pacientes que já fizeram tratamento para lesões causadas pelo HPV, como cirurgias a laser.

A empresa conta com médicos que prescrevem o kit e analisam os resultados de forma virtual. Se o resultado do exame domiciliar for positivo, os médicos vão orientar a paciente sobre os próximos passos, que podem incluir exames mais frequentes, uma colposcopia ou um exame citológico.

Moradoras dos EUA que têm interesse em usar o produto devem se registrar em uma lista de espera. Segundo a Teal Health, os envios terão início em junho, para residentes da Califórnia, e deve se expandir para todo o país. O valor do produto ainda não foi divulgado.

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Câncer de colo de útero mata centenas de mulheres anualmente no Brasil

Espéculo vaginal é um instrumento utilizado no exame de papanicolau no Brasil
Espéculo vaginal é um instrumento utilizado no exame de papanicolau no Brasil Imagem: Getty Images

O câncer de colo de útero é um tumor que atinge a parte do útero localizado no final da vagina. O principal fator de risco para o seu desenvolvimento é a infecção por HPV (papilomavírus humano), vírus transmitido principalmente por via sexual, mas que também pode ocorrer por meio do contato direto com qualquer região da pele ou mucosa infectada. A infecção pode levar a alterações celulares que, em alguns casos, evoluem para o tumor.

No Brasil, este é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. De acordo com dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), para cada ano do triênio 2023-2025, são estimados mais de 17 mil casos novos de câncer cervical. Em 2025, o país deve ultrapassar pela primeira vez a marca de 7 mil mulheres mortas pelo câncer de colo de útero.

A vacina contra o HPV está disponível no SUS. Segundo o Instituto Butantan, o imunizante é indicado para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade, e meninos de 9 a 14 anos. A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz. Homens e mulheres imunossuprimidos e/ou com câncer de 9 a 45 anos também são contemplados pela vacinação na rede pública.

*Com informações da RFI

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