'Não ter casos de Alzheimer na família não te faz livre de ter doença'

Ter um histórico familiar de Alzheimer aumenta o risco de desenvolvê-lo, mas não garante que uma pessoa vá necessariamente manifestar a doença. E o contrário também é verdade: "Não ter pais ou casos de Alzheimer na família não te faz ficar livre dele", afirmou o gerontólogo Alexandre Kalache, no segundo episódio da nova temporada do "Conexão VivaBem", apresentado por Flávia Alessandra no Canal UOL.

A idade é um dos principais fatores de risco para o Alzheimer, e os sintomas clássicos começam a aparecer após os 65 anos, mas pessoas com histórico familiar costumam apresentar indícios da doença bem antes.

No programa, que também contou com a participação da atriz Beth Goulart, o médico tirou dúvidas sobre mitos e verdades a respeito da doença. Veja abaixo:

1) O Alzheimer afeta mais mulheres

Verdade. Entre outros motivos, isso acontece porque as mulheres vivem mais do que os homens. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2023, a média das expectativas de vida ao nascer da população mundial era de 75,8 anos para mulheres e de 70,5 anos para homens.

No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida ao nascer, em 2023, foi de 73,1 anos para homens e 79,7 anos para mulheres.

"A mulher vive mais e, por termos mais mulheres acima de 85 anos do que homens, você tem maior prevalência de Alzheimer em mulheres", afirma Kalache, que é presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil e codiretor do Age Friendly Institute, nos Estados Unidos.

2) Perda de memória é o primeiro sinal do Alzheimer

Verdade para a maioria dos casos, mas não é regra. "Em geral, o Alzheimer vem com a perda de memória, mas também pode se manifestar por outros sinais, como uma mudança brusca de comportamento", afirma o médico.

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O cérebro é muito complexo e, dependendo da zona específica onde você está perdendo mais neurônios, os sintomas variam. Se for a região do hipocampo [estrutura do cérebro fundamental para a memória e aprendizado], você vai ter distúrbios mais comportamentais. Mas, no geral, a perda da memória é o primeiro sinal para a maioria dos casos de Alzheimer. Alexandre Kalache, gerontólogo

3) Alzheimer passa de pai para filho

Mito. O fator genético é considerado mais evidente em casos de Alzheimer precoce, ou seja, antes dos 60 anos. Quanto mais jovem for a pessoa no momento do diagnóstico, maior é o risco de seus familiares também manifestarem a doença.

Já no aparecimento esporádico, que acontece em 95% dos casos e vem depois dos 60 ou 65 anos, esse componente genético não é tão relevante. "Você pode ter uma doença de Alzheimer sem ter nenhum caso na família, e vice-versa", afirma Kalache.

Mudanças no estilo de vida podem, inclusive, evitar alguns distúrbios degenerativos. "Uma demência vascular, por exemplo, é causada por pequenos derrames e isso é prevenível, porque é a hipertensão que está por trás", cita o médico.

No caso do Brasil, a ordem dos dez fatores por trás da demência é:

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1) Educação (8%);

2) Hipertensão (8%);

3) Perda auditiva (7%);

4) Obesidade (6%);

5) Depressão (4%);

6) Sedentarismo (4%);

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7) Poluição atmosférica (3%);

8) Diabetes (3%);

9) Traumas na cabeça (3%);

10) Tabagismo (2%).

Os dados são de uma pesquisa da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), publicada em outubro de 2024 no periódico acadêmico The Lancet Global Health.

"No Brasil, o principal fator de risco para demências, infelizmente, é o nível educacional baixo", lamenta Kalache.

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Para o gerontólogo, o diagnóstico precoce pode ajudar o paciente a manter algum nível de autonomia. Para quem está no começo de algum distúrbio degenerativo, o médico recomenda escrever um "testamento de vontades antecipadas".

"Com o testamento, as pessoas que te amam vão poder fazer aquilo que você pediu quando ainda estava conectado", diz ele.

Conexão VivaBem

Semanalmente, Flávia Alessandra comanda um papo sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida com convidados especiais. Novos episódios ficam disponíveis toda terça no Youtube de VivaBem e no Canal UOL — na TV, o programa é exibido às 21h30. Assista ao episódio completo com Beth Goulart no topo da página.

O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play

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