'Despedida lenta e dolorosa': Beth Goulart fala de familiares com Alzheimer
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Conviver com um familiar que tem Alzheimer é como assistir alguém se afastar lentamente da própria história e da ligação que um dia existiu entre vocês, sem poder trazê-lo de volta. Assim descreve Beth Goulart o relacionamento com os três membros de sua família acometidos pela doença —seu avô paterno, sua avó materna e um tio.
"Aos poucos, a pessoa passa a não te perceber mais, e você ter que ir se despedindo lentamente de quem você ama é uma experiência bastante dolorosa", diz a atriz, no segundo episódio da nova temporada do "Conexão VivaBem", apresentado por Flávia Alessandra no Canal UOL.
Enquanto o tio e o avô da artista foram diagnosticados com Alzheimer, sua avó teve uma demência cujos sintomas são parecidos com os da doença.
No Brasil, um estudo calculou que ao menos 1,76 milhão de pessoas com mais de 60 anos vivem com alguma demência no país. E esse número tende a crescer ainda mais: a previsão é que se chegue a 2,78 milhões de brasileiros com demência no final desta década e a 5,5 milhões em 2050.
No caso do Alzheimer, o sintoma mais comum é o esquecimento: lapsos de memória que prejudicam o dia a dia, como esquecer compromissos e datas importantes, não se lembrar de informações que recebeu recentemente e até mesmo esquecer de palavras simples do vocabulário, com prejuízos significativos à qualidade de vida.
Beth citou um exemplo: era comum ver sua avó, por exemplo, recordando coisas da infância, enquanto acontecimentos do dia anterior já não existiam em suas memórias.
Uma vez, fomos à médica e ela perguntou para minha avó 'quem é essa pessoa que tá aqui?', e era eu, mas ela respondeu 'é meu irmão Pascoal'. Meu tio Pascoal já havia falecido. Beth Goulart, atriz
O gerontólogo Alexandre Kalache, que também participou do programa, diz que esse "é o grande drama do Alzheimer". "É muito doloroso quando você percebe que a sua mãe já não sabe quem é você", diz ele, comentando uma experiência que não é só de seus pacientes, mas também pessoal.
A doença, segundo o médico, afeta especialmente as memórias mais recentes, enquanto as mais antigas podem persistir por mais tempo. "Você tem que encontrar uma forma de contato com alguém que tem Alzheimer", recomenda o presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil e codiretor do Age Friendly Institute, nos Estados Unidos.
No caso de Beth, em determinado estágio da doença, a comunicação com sua avó não era mais verbal — acontecia pelo olhar. "Ela podia não entender o que eu estava falando, mas sentia o que eu estava demonstrando pelo olhar, pegando na mão, fazendo carinho, sorrindo, e isso é muito importante no cuidado para o doente", conta.
Claro que ele precisa ter todo um aparato farmacológico, remédios, mas nós, familiares, podemos dar algo que vai ajudar muito no processo, que é esse amor, esse afeto, esse cuidado, que é fundamental. Beth Goulart, atriz
O suporte emocional aos cuidadores também é essencial. "É um processo longo", lembra ela. "Então, você precisa ter um apoio psicológico pra você também conseguir dar ao doente esse afeto".
Conexão VivaBem
Semanalmente, Flávia Alessandra comanda um papo sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida com convidados especiais. Novos episódios ficam disponíveis toda terça no Youtube de VivaBem e no Canal UOL — na TV, o programa é exibido às 21h30. Assista ao episódio completo com Beth Goulart no topo da página.
O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play
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