Leva choque ao encostar em alguém? Por que isso acontece e como evitar

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Se você já sentiu choque ao encostar em alguém ou em certos objetos, saiba que isso acontece por conta do acúmulo de eletricidade estática.
Esse amontoado de eletricidade ocorre quando há um desequilíbrio de cargas elétricas no corpo, geralmente após o atrito com certos materiais, como ao andar em um carpete sintético ou tirar uma blusa de lã. Ao tocar em algo ou alguém com carga diferente, os elétrons se deslocam rapidamente, gerando uma descarga. Depois disso, as cargas se redistribuem, e o corpo retorna ao seu estado de equilíbrio elétrico.
Tempo seco aumenta risco
Quando o ar está mais seco, ou seja, com menos vapor d'água (baixa umidade), a eletricidade estática tende a se acumular com mais facilidade. Isso ocorre porque a umidade funciona como um condutor natural, ajudando a dispersar as cargas elétricas do corpo. Sem essa "ajuda", a carga elétrica permanece por mais tempo, aumentando o risco de levar ou provocar pequenos choques.
Além disso, a pele seca tem menor condutividade elétrica do que a pele úmida ou oleosa, o que pode favorecer o acúmulo de eletricidade estática. Isso significa que, em ambientes secos ou durante períodos de clima frio, por exemplo, ficamos mais propensos a sentir esse tipo de choque.
Tecidos sintéticos, como náilon e poliéster, assim como a lã, podem causar sensações de choque devido à fricção com a pele seca. São materiais isolantes, que contribuem para o acúmulo de eletricidade estática. Jader Sobral, dermatologista
Possíveis efeitos no corpo
O atrito entre o corpo e certos materiais (não apenas tecidos, mas também superfícies plásticas, borrachas e até móveis estofados) pode gerar um acúmulo de eletricidade estática. Esse processo, conhecido como triboeletricidade, faz com que o corpo fique eletricamente carregado, o que pode levar a uma série de efeitos físicos perceptíveis:
Pequenos estalos na pele: geralmente sentidos ao tocar em objetos metálicos ou outras pessoas, devido à descarga súbita de elétrons;
Faíscas visíveis (especialmente no escuro): a liberação de carga pode gerar minúsculos arcos elétricos que chegam a ser vistos à noite ou em ambientes pouco iluminados;
Arrepios localizados: a descarga pode estimular os nervos da pele, causando uma sensação semelhante ao frio repentino;
Levantamento de pelos ou fios de cabelo: a repulsão entre cargas semelhantes (positivas ou negativas) faz com que os fios se afastem uns dos outros, criando o "efeito arrepiado";
Cabelos "elétricos": o atrito com travesseiros, escovas ou gorros pode intensificar o campo elétrico nos fios, fazendo com que fiquem eriçados e difíceis de controlar;
Sensação de formigamento: em alguns casos, a descarga elétrica pode ser percebida como um leve formigar em áreas mais sensíveis da pele.
Esses efeitos são temporários e, na maioria das vezes, inofensivos, mas podem ser incômodos ou desconfortáveis — especialmente em ambientes muito secos ou durante o inverno, quando o acúmulo de carga é mais comum.
Como evitar tais choques

Mantenha a pele hidratada: use loções com ingredientes como vitamina E, ceramidas e ácido hialurônico para fortalecer a barreira da pele e reduzir o atrito que gera carga elétrica;
Hidrate-se por dentro e por fora: beba água com frequência e use umidificadores em ambientes secos. Um ar mais úmido ajuda a dissipar a eletricidade estática do corpo;
Prefira roupas de algodão ou seda: evite tecidos sintéticos (como poliéster, náilon e lã), que aumentam o atrito com a pele e favorecem o acúmulo de carga;
Cuide dos cabelos: prefira xampus e condicionadores com pH neutro e sem sal, que são mais suaves para os fios. Após o banho, finalize com um jato de água fria, pois isso ajuda a selar as cutículas e reduzir o acúmulo de carga elétrica. Aplicar séruns também ajuda a manter o cabelo mais hidratado e menos propenso a arrepiar. Para finalizar, use pentes ou escovas de metal, que ajudam a dispersar a eletricidade acumulada nos fios;
Atenção aos calçados: dê preferência a sapatos com sola de couro, que conduzem melhor a eletricidade. Evite borracha, especialmente em contato com tapetes ou carpetes sintéticos, que favorecem o acúmulo de carga;
Evite superfícies isolantes carregadas: caminhar sobre carpetes ou se sentar em estofados sintéticos pode carregar seu corpo. Ao tocar metais como maçanetas, corrimões ou torneiras (que são bons condutores), a descarga ocorre rapidamente — causando aquele pequeno choque;
Use sprays antiestáticos: aplicáveis em roupas e superfícies, esses produtos ajudam a evitar o acúmulo de carga e ainda reduzem a aderência de poeira;
Tenha plantas nos ambientes internos: elas contribuem para aumentar a umidade do ar, criando um ambiente menos propenso à formação de eletricidade estática.
*Com informações de reportagem publicada em 29/04/2024
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