O que se sabe da vacina contra chikungunya que o SUS quer aplicar?

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na última segunda-feira o pedido de registro definitivo da vacina contra chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva.

O imunizante é o primeiro autorizado contra a doença e foi aprovado também pela FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos, e pela EMA (European Medicines Agency), da União Europeia.

Como a vacina funciona?

O imunizante é uma vacina recombinante atenuada, ou seja, com o vírus vivo, porém "enfraquecido". Dessa forma, a substância consegue estimular o sistema imunológico da pessoa que recebeu a dose sem causar a doença. O esquema do imunizante será de dose única.

Qual é a eficácia da vacina?

Segundo o Instituto Butantan, o imunizante apresentou resultados de mais de 90% de proteção "duradoura", além de "bom perfil de segurança" e ser bem tolerada pelo organismo.

Um estudo clínico de fase 3 realizado em 2024, em que uma dose da vacina foi aplicada em adolescentes brasileiros, encontrou a presença de anticorpos neutralizantes do vírus chikungunya em 100% dos participantes que já haviam tido a doença anteriormente e em 98,8% daqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

De acordo com o estudo, cujas conclusões foram publicadas na revista científica de prestígio The Lancet Infectious Diseases em setembro do ano passado, a proteção foi mantida em 99,1% dos jovens após seis meses.

Quem poderá tomar?

A vacina poderá ser aplicada em pessoas entre 18 e 65 anos. De acordo com o Instituto Butantan, estudos para que a faixa etária seja ampliada já estão em andamento, e os adolescentes devem ser o próximo público a receber a autorização da Anvisa para tomar o imunizante.

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A vacina deve ser aplicada primeiramente nas populações com maior exposição ao vírus, que vivem nas chamadas áreas endêmicas —regiões geográficas nas quais há maior recorrência de determinada doença.

Quem não poderá tomar?

A vacina é contraindicada para mulheres grávidas, pessoas imunodeficientes ou imunossuprimidas.

Quais são os próximos passos?

Após a aprovação por parte da Anvisa, os órgãos responsáveis seguem agora para a precificação do imunizante e para o processo de incorporação da vacina no SUS.

Quando a vacina estará disponível?

Ainda não há uma data confirmada para o início da imunização.

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No entanto, o Instituto Butantan também trabalha em uma versão da vacina com componentes nacionais, em um cenário em que a produção cotidiana do imunizante no país seria mais rápida. A versão "mais brasileira" da vacina já está em avaliação pela Anvisa, pelo Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), pelo Programa Nacional de Imunizações e demais autoridades de saúde.

O que é a chikungunya?

A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e a zika —a imunização para chikungunya não tem efeito para as outras doenças, por serem vírus diferentes.

Os principais sintomas são febre de início repentino (acima de 38,5°C) e dores intensas nas articulações de pés e mãos, como nos dedos, tornozelos e punhos. Pode ocorrer também dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele. Alguns pacientes podem desenvolver dor crônica (ou seja, persistente) nas articulações.

Ainda não existe tratamento específico para a chikungunya. Por isso, enquanto a vacina não chega (e mesmo depois dela), é importante tomar os mesmos cuidados para evitar o mosquito que adotamos com a dengue: esvaziar e limpar frequentemente recipientes com água parada, como vasos de plantas, baldes, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, além de jogar fora o lixo sempre fechado e em uma lixeira adequada.

Segundo o Instituto Butantan, foram contabilizados cerca de 200 mil casos prováveis da doença, responsável por mais de 200 mortes no Brasil somente em 2024. A doença afetou 620 mil pessoas em todo o mundo no ano passado, sendo que a maioria dos casos se concentrou entre Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia.

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Mosquito Aedes aegypti, transmissor da chikungunya, da dengue e da zika
Mosquito Aedes aegypti, transmissor da chikungunya, da dengue e da zika Imagem: Brasil Escola

*Com informações da Agência Brasil.

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