AVC e insuficiência cardíaca: entenda doenças que causaram morte de papa

O papa Francisco morreu por AVC e insuficiência cardíaca, segundo anúncio do Vaticano desta tarde. Neste ano, o pontífice, que tinha 88 anos, lutou contra uma infecção que resultou em um quadro respiratório grave.

Entenda condições que causaram morte do papa

AVC (acidente vascular cerebral) é popularmente conhecido como derrame e é a morte de células do cérebro. Isso acontece pela interrupção do fluxo sanguíneo no órgão. Essa falta de circulação do sangue pode ocorrer de duas maneiras: AVC hemorrágico, que é quando um vaso sanguíneo ou artéria se rompe, causando vazamento do sangue na região e interrompendo o fluxo sanguíneo apropriado, ou AVC isquêmico, que ocorre quando a circulação sanguínea para uma parte do cérebro é interrompida devido a uma obstrução em uma artérias (um coágulo pode causar essa obstrução, por exemplo).

Tratamento do AVC inclui medicamentos e/ou procedimentos cirúrgicos. Em caso de AVC isquêmico, se o vaso sanguíneo estiver entupido com um coágulo, pode ser indicado fazer uma trombectomia, quando o médico consegue aspirar esse coágulo e liberar a passagem de sangue. Medicamentos trombolíticos também podem ser indicados. Já nos casos hemorrágicos, pode ser necessário fazer uma cirurgia descompressiva, que é quando se tira a calota craniana temporariamente para deixar o cérebro se expandir e não causar mais lesões ao paciente.

Já a insuficiência cardíaca decorre de doenças do coração que afetam o músculo cardíaco. Condição é caracterizada por sintomas como falta de ar, cansaço e inchaço nas pernas. Trata-se de uma doença crônica, que evolui com o tempo e limita as atividades. Insuficiência é a "consequência final" de todas as doenças do coração (cardiopatias) que tiveram uma evolução desfavorável ao longo da vida.

Sem cura, insuficiência cardíaca é controlada com medicamentos. Tratamento pode envolver ainda mudanças dietéticas, restrição líquida e até transplante. O objetivo terapêutico é sempre aprimorar as funções cardíacas, o que pode acontecer já a partir do tratamento da doença que deu origem à insuficiência. Tal medida, muitas vezes, já impacta positivamente o cotidiano desses pacientes.

Papa Francisco em cadeira de rodas em plenária da União Internacional dos Superiores Gerais (IUSG)
Papa Francisco em cadeira de rodas em plenária da União Internacional dos Superiores Gerais (IUSG) Imagem: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Relembre os problemas de saúde do papa

No início de sua vida religiosa, ele teve de remover o lobo superior de um dos pulmões. A cirurgia foi feita em 1957, quando o argentino tinha 21 anos, mas a informação veio a público em 14 de março de 2013, um dia após ter sido escolhido papa. O motivo foi uma inflamação na pleura, membrana que reveste os pulmões.

Em 1980, Francisco foi operado para retirar a vesícula biliar. Em 2014, o papa recebeu na residência de Santa Marta, no Vaticano, o médico argentino Juan Carlos Parodi, responsável pela cirurgia. Na ocasião, o chefe da Igreja Católica o agradeceu por "ter salvado a sua vida".

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Papa foi submetido a uma cirurgia de catarata em total sigilo, em 2019. O procedimento foi supostamente realizado na clínica Pio 11, em Roma, e a informação foi revelada pelo jornal italiano "Il Messaggero" em dezembro de 2019. O jornal da capital italiana não comunicou a data da operação, mas informações extraoficiais afirmam que ela aconteceu no meio do ano, quando Francisco limitou suas atividades. A intervenção não foi confirmada pelo Vaticano.

Em julho de 2021, ele ficou dez dias internado em um hospital de Roma. O papa teve 33 cm de seu cólon removidos em uma operação de seis horas que visava tratar uma condição dolorosa do intestino chamada diverticulite. Ele disse em 2023 que a condição havia retornado. Em uma entrevista à Reuters em 2022, Francisco descartou como "fofoca de tribunal" os rumores de que um câncer teria sido encontrado durante a cirurgia de 2021. O médico que o operou desde então confirmou que não havia câncer.

Ele contou que consultou um psiquiatra na Argentina quando era um jovem padre. Segundo ele, o profissional o ajudou a lidar com a ansiedade durante a época da ditadura militar. O papa disse que aprendeu a lidar com o problema por meio de vários mecanismos, incluindo ouvir a música de Johann Sebastian Bach.

Papa rezando missa no Vaticano
Papa rezando missa no Vaticano Imagem: ANDREAS SOLARO/AFP

Francisco sofreu com problemas nas costas e no joelho por muitos anos. Ele tinha uma condição crônica do nervo ciático que causava dor nas costas, quadril e pernas, o que o levou a fazer sessões regulares de fisioterapia. Também desenvolveu um problema permanente no joelho, que o fez cancelar compromissos

Desde a retirada de parte do pulmão, o pontífice sofreu repetidas gripes e problemas relacionados ao quadro. Em março de 2023, foi internado por uma infecção respiratória, depois de reclamar que tinha dificuldade para respirar. Francisco ficou três noites no hospital e se recuperou rapidamente após receber antibióticos.

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No começo deste ano, foi internado novamente para tratar uma bronquite. Ele foi diagnosticado com uma infecção polimicrobiana, ou seja, mais de um agente infeccioso estava causando o problema. Francisco ficou 37 dias internado, período no qual seu quadro de saúde era preocupante. O médico responsável por seu tratamento, Sergio Alfieri, afirmou no fim de março que o pontífice correu riscos sérios de morrer.

*Com informações de reportagem publicada em 08/09/2020.

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