Anvisa faz alerta sobre exposição de bebês a minoxidil; entenda síndrome

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu um alerta esta semana sobre o risco de crescimento anormal de pelos (hipertricose) em bebês expostos ao minoxidil.

O que aconteceu

Órgão regulatório alertou empresas que detêm o registro do medicamento. O produto é usado para tratar alopecia androgênica em homens adultos, e a Anvisa pediu que o risco de hipertricose após exposição acidental seja incluído nas bulas. Este é o primeiro alerta da entidade sobre o tema.

Recomenda-se cautela para garantir que os bebês não entrem em contato com locais onde o produto foi aplicado. Trecho de comunicado da Anvisa

Alerta é também para profissionais de saúde. Eles devem orientar os pacientes a evitar que crianças tenham contato com as áreas onde o medicamento foi aplicado e lavar as mãos após a aplicação.

Pacientes que utilizam minoxidil e têm contato frequente com crianças devem procurar um médico caso percebam um crescimento excessivo de pelos nas crianças. Comunicado da Anvisa

Efeito já foi relatado na Europa. Países notificaram casos de excesso de pelos em bebês após o contato da pele com áreas onde o minoxidil foi aplicado. Foi observado que o crescimento dos pelos se normalizou alguns meses após a interrupção do contato.

Europa mudou bula do remédio por causa de bebês com o problema. Estudiosos espanhóis decidiram revisar todos os casos de hipertricose em crianças até dois anos de idade. Ao todo, 11 casos foram identificados e comunicados à Agência Europeia de Medicamentos, que depois concordou em alterar as bulas.

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Imagem: Reprodução/Pediatric Dermatology

Histórico de preconceitos e impacto emocional

A hipertricose ficou conhecida por séculos como a "síndrome do lobisomem". O termo, porém, desumanizou pessoas que sofriam com a doença. O primeiro caso conhecido de alguém com a condição foi o do espanhol Petrus Gonsalvus ou Pedro González, nascido em 1537 e falecido em 1618, de Tenerife.

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Ele ganhou o apelido de "Lobisomem das Canárias". Ele serviu desde os 10 anos de idade como entretenimento ou um animal de estimação na corte do rei Henrique 2º da França, justamente pela aparência. De acordo com múltiplos historiadores, Pedro foi mandado como um "presente" da coroa dos Países Baixos, casou-se com uma dama da corte francesa e acabou tendo filhos com hipertricose que também se tornaram uma curiosidade. Acredita-se que a sua vida foi a inspiração para o conto de fadas "A Bela e a Fera".

Acompanhamento de saúde mental é essencial. Quando a hipertricose não está relacionada a uma causa hormonal, a doença geralmente não afeta o desenvolvimento físico da criança, mas pode ter um impacto emocional como tristeza e distanciamento de colegas. Nestes casos, ajuda profissional é bem-vinda, além de uma rotina de contatos sociais saudáveis.

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