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Leite empedrado: como aliviar o desconforto e amamentar com tranquilidade

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

18/04/2025 05h31

A amamentação é um momento especial que aproxima ainda mais mãe e bebê, além de ser de enorme importância para a saúde do recém-nascido. O leite materno fornece todos os nutrientes de que o bebê precisa nos primeiros meses de vida e ajuda a fortalecer sua imunidade.

Porém, nem sempre a amamentação acontece de forma tranquila. Algumas mães podem enfrentar desafios; um deles é o "leite empedrado", termo popular para o chamado ingurgitamento mamário.

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O que causa o leite empedrado?

Essa condição é comum de acontecer entre 24 e 48 horas após o parto, quando o organismo da mãe começa a produzir mais leite para alimentar o bebê, mas ele ainda não está mamando o suficiente ou de maneira eficaz. A pega (forma como o bebê suga o seio) ainda pode estar incorreta, por falta de experiência.

Como o leite não consegue sair adequadamente, ele então se acumula nos ductos mamários, deixando os seios inchados, doloridos e endurecidos. Além do desconforto, esse acúmulo pode dificultar ainda mais a saída do líquido, agravando o problema, que pode evoluir para uma inflamação e infecção local.

Tem mais. Algumas condições aumentam o risco de o leite empedrar, como longos intervalos entre as mamadas, desmame repentino, uso de sutiãs muito apertados ou a interrupção brusca da amamentação por dor ou outros motivos.

Até o uso excessivo ou inadequado de compressas quentes pode agravar o problema. É que o calor dilata os vasos sanguíneos e estimula o fluxo de leite —mas, se aplicado por muito tempo ou no momento errado, pode levar a um acúmulo (de leite) nos ductos e piorar o ingurgitamento.

Se o leite empedrar é perigoso?

Imagem: Bruna Bento/UOL

Quando o leite fica acumulado na mama por muito tempo, ele pode obstruir os ductos mamários, que são os canais responsáveis por transportar o leite até o mamilo. Esse acúmulo leva ao ingurgitamento (inchaço) e pode deixar o leite mais espesso e viscoso, dificultando ainda mais sua saída. Logo, a amamentação se torna desconfortável e dolorosa para a mãe e pode dificultar a sucção do bebê.

Se esse quadro não for resolvido, o acúmulo de leite pode desencadear a uma inflamação nas mamas, chamada mastite, que, em situações mais graves, pode evoluir para uma infecção, exigindo o uso de antibióticos.

Quais os sintomas desse acúmulo?

Quando o leite empedra, os sintomas costumam aparecer de forma gradual e podem causar bastante desconforto na mãe (lactante). Os principais sinais de que o leite está acumulado e não está fluindo corretamente incluem:

  • O leite não sai: mesmo que o bebê tente mamar ou que a mãe faça a ordenha manual, pode parecer que o leite não está fluindo como deveria;
  • Seios inchados e doloridos: as mamas podem aumentar e ficar endurecidas, sensíveis ao toque e apresentar uma sensação de peso, dor ou pressão;
  • Pontos da mama mais firmes ou com nódulos: ao tocar os seios, é possível perceber áreas enrijecidas, como se fossem pequenos caroços;
  • Edema areolar: esse termo se refere ao inchaço na região da aréola, a parte mais escura ao redor do mamilo. Ela também pode tornar-se mais rígida e dificultar ainda mais a amamentação;
  • Vermelhidão e aumento da temperatura na pele: a pele da mama pode ficar avermelhada e quente, especialmente nos locais onde há maior acúmulo de leite. Esse é um sinal típico de inflamação, que não tratada pode evoluir para mastite e, em casos mais sérios, pode provocar febre, calafrios e cansaço extremo;
  • Desconforto ao amamentar: a sucção do bebê pode se tornar dolorosa porque o seio está muito cheio e rígido, dificultando a pega correta. Além disso, como o leite está mais espesso, ele pode sair com dificuldade, frustrando o bebê e tornando a mamada menos eficiente.

É possível evitar que o leite empedre?

Para prevenir o ingurgitamento mamário, é importante que mulher lactante mantenha os seios vazios e tome algumas medidas durante a amamentação que ajudam a evitar o acúmulo de leite, como:

  • Amamentar o bebê sempre que ele pedir, sem restrições de horário. Quando a mãe segue a demanda natural do bebê, ela garante que os seios sejam esvaziados com a frequência necessária. Quanto mais o bebê mamar, mais fácil será manter o fluxo de leite e evitar o acúmulo.
  • Estimular o bebê a abrir bem a boca, para cobrir não só o mamilo, mas também a aréola. Isso permite que o bebê retire uma quantidade suficiente de leite de cada mama, evitando o ingurgitamento. Se a pega não for correta, o bebê pode não conseguir extrair todo o leite do seio.
  • Verificar a posição do bebê ao mamar, especialmente se os mamilos estiverem doloridos. A mãe pode usar o polegar para ajustar o lábio do bebê e, após a amamentação, extrair um pouco de leite para que ele seque sobre os mamilos, hidratando-os e prevenindo rachaduras e irritações.
  • Realizar massagens suaves e ordenhas mamárias, especialmente quando o bebê não consegue esvaziar completamente o seio ou quando a mãe sente que o leite está se acumulando. No entanto, essas técnicas devem ser orientadas por profissionais, para garantir que sejam realizadas corretamente, sem causar mais desconforto ou danos aos ductos mamários. Extrair leite em excesso entre as mamadas, por exemplo, pode piorar o ingurgitamento (já que estimula a produção de mais leite).
  • Tomar banho morno antes de amamentar, ou aplicar compressas mornas nas mamas pode ajudar a facilitar a saída do leite, tornando a região mais relaxada e menos dolorida.
  • Fazer compressas frias após amamentar ajuda a reduzir o acúmulo de leite e, por consequência, o empedramento. As aplicações podem ser feitas de duas em duas horas, mas cada uma não deve durar mais de 15 minutos.
  • Usar analgésicos pode ser recomendado se houver dor persistente e desconforto nas mamas. O médico geralmente indica o ibuprofeno ou o paracetamol, pois esses medicamentos ajudam a aliviar a dor e favorecem a produção de ocitocina, hormônio responsável pela liberação do leite.

Felizmente, o ingurgitamento costuma ser um problema temporário. Com essas práticas, é possível aliviar o desconforto e prevenir dificuldades na produção e no fluxo do leite, tornando a amamentação mais tranquila para a mãe e para o bebê.

Quais profissionais podem auxiliar e tratar?

Imagem: iStock

O tratamento de leite empedrado pode envolver diferentes áreas de saúde, e, em muitos casos, o melhor é contar com uma equipe de especialistas trabalhando juntos para oferecer o melhor suporte à mãe e ao bebê.

Os profissionais que podem ajudar incluem: técnicos de enfermagem, enfermeiros, pediatras, mastologistas, fonoaudiólogos, ginecologistas, médicos de família e equipes de bancos de leite.

Mas, atenção: se, após alguns dias, o leite empedrado não sair, dificultar a amamentação e/ou provocar febre e mal-estar, é fundamental consultar um ginecologista ou mastologista para receber orientações sobre o tratamento adequado.

O diagnóstico de mastite (inflamação das mamas) é feito pelo médico, que vai conversar com a mãe sobre os sintomas e fazer um exame físico em suas mamas. Para sintomas brandos, com menos de 24 horas, o tratamento pode ser simples.

A mãe pode tentar amamentar mais vezes, usar uma bomba para extrair o leite, colocar compressas nas mamas, tomar remédios para dor, usar um sutiã de suporte e tentar reduzir o estresse, o que pode ajudar a aliviar o problema.

Mas se os sintomas de mastite (como dor, inchaço, febre e vermelhidão nas mamas) não reduzirem em 12 a 24 horas ou se piorarem, o médico pode receitar antibióticos, que precisam ser seguros para a mãe e o bebê e eficazes contra a bactéria que causou a infecção.

Se a mastite não melhorar ou se surgir um abscesso, o médico pode verificar se há resistência à medicação, indicando que a bactéria não está respondendo ao antibiótico. Nesse caso, o tratamento pode precisar ser ajustado. Em geral, a amamentação pode continuar, desde que haja segurança para a mãe e o bebê.

Fontes: Ana Cláudia Imbassahy, mastologista da Rede D'Or Bahia; Renata Moedim, médica pelo Hospital do Servidor Público Estadual e especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); Wesley Pereira Andrade, mastologista e oncologista pelo AC Camargo Cancer Center.

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