Casados ou solteiros? Estudo identifica quem tem mais risco de ter demência

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Pessoas que não são casadas têm risco menor de desenvolver demência. A conclusão é de uma pesquisa com 24 mil pessoas entre 50 e 104 anos realizada ao longo de 18 anos por estudiosos da Universidade do Estado da Flórida, nos EUA, e da Universidade de Montpellier, na França. Os resultados foram publicados na revista científica Alzheimer's & Dementia em 25 de março.
Por que ser casado é pior para a saúde do cérebro?
A literatura médica relaciona frequentemente o casamento a uma saúde melhor e à longevidade. A explicação dos cientistas é que o casamento oferece benefícios econômicos, sociais e psicológicos que não estão disponíveis em outros relacionamentos e que ajudam a promover vidas mais longas e de melhor qualidade.
Mas, ao olhar os históricos de saúde dos 24.107 participantes americanos do estudo, com idade média de 71,79 anos, os pesquisadores encontraram o cenário oposto. Os indivíduos foram separados em quatro grupos: casados, viúvos, divorciados e solteiros, submetidos a testes de seu estado cognitivo a cada consulta.
Os pesquisadores descobriram que aqueles que nunca foram casados apresentaram um risco 40% menor de desenvolver demência. O risco entre viúvos foi 27% menor do que entre casados, seja de desenvolver Alzheimer ou demência relacionada a outro tipo de doença, como a DCL (demência por corpos de Lewy). Já entre os divorciados, a queda de risco era ainda maior: 34%.
Os estudiosos acreditam que a solteiros possam ser melhores em manter laços sociais do que casados. Uma vida social ativa, com menores índices de solidão, traz benefícios à saúde mental e, por consequência, diminui os riscos de desenvolver a demência. Além disso, a qualidade da vida social do solteiro tende a ser melhor do que a de casados, acredita a autora principal do estudo, Selin Karakose.
A infelicidade nos casamentos pode ser um agravante e, por isso, ao deixar a relação, a qualidade de vida do paciente melhora. "Há algumas evidências que indicam um aumento em alguns domínios do bem-estar, como felicidade e satisfação com a vida, após o divórcio e a participação social [aumentada] após o luto por um parceiro", notam os estudiosos.
Solteiros são mais independentes. A necessidade de autonomia no dia a dia poderia levar a práticas de atividades cotidianas que estimulam a saúde do cérebro, apontam os estudiosos. Essas são apenas hipóteses e ainda não podem ser apontadas como causas definitivas da pior performance cognitiva dos casados no acompanhamento de quase duas décadas.
É possível que solteiros, viúvos e divorciados ainda possam ter mais diagnósticos tardios ou negligenciados do que casados, escreve a equipe no artigo científico. Isso poderia acontecer simplesmente pela ausência de um parceiro no dia a dia que possa notar o declínio cognitivo e insistir no acompanhamento médico. Por isso, ainda é preciso maior investigação para concluir, de fato, se estes fatores pesaram na análise e nos diagnósticos. Os pesquisadores também ponderam que educação, depressão e vulnerabilidade genética podem pesar mais na equação e ditar qual será o risco de ter demência.
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