É seguro beber água da chuva? Entenda os riscos e cuidados necessários

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A água da chuva contribui para a renovação de fontes de água doce, regula o clima, mantém a umidade do ar e é vital para a agricultura e geração de energia. No entanto, apesar de sua importância ecológica, o uso direto da água da chuva, especialmente para consumo humano, pode representar riscos significativos à saúde.
Longe de ser limpinha
Muita gente acredita que a água da chuva é pura por vir do céu, mas isso é um equívoco. Durante sua queda, ela pode entrar em contato com poluentes atmosféricos, resíduos tóxicos, fuligem e micro-organismos que tornam seu consumo perigoso sem tratamento adequado.
Para ser bebido ou utilizado para cozinhar, o líquido deve ser captado de cisternas, filtrado (em filtro de cozinha, por exemplo) e fervido por cerca de cinco minutos.
Além disso, há a chamada chuva ácida, que se forma quando gases poluentes liberados por carros, fábricas e queima de combustíveis fósseis se misturam às nuvens. O resultado é uma água com pH mais baixo (ou seja, mais ácida), que pode contaminar o solo, os rios, lagos e até os animais que dependem dessas fontes. Nos humanos, ela pode causar cânceres, ulcerações e doenças respiratórias e cardiovasculares.
Na natureza também exige cuidados

Tomar banho de chuva pode parecer inofensivo ou até divertido, especialmente em locais naturais como praias, rios e cachoeiras. No entanto, essa prática traz riscos reais à saúde e à vida, principalmente quando há trovoadas ou sinais de tempestade.
A água da chuva pode ter impurezas, principalmente quando escoada de telhados e calhas, por onde passam ratos, pássaros, gatos, e pode causar doenças infecciosas e fúngicas em pele e mucosas.
Além disso, durante a chuva há maior risco de raios, e em ambientes abertos o corpo humano se torna um alvo mais vulnerável. Além disso, o corpo molhado e a presença de água aumentam a condução elétrica, o que pode tornar um raio fatal mesmo que ele não atinja diretamente a pessoa.
Por isso, ao notar o céu escurecendo ou ouvir trovões, o mais seguro é buscar abrigo imediatamente em locais fechados e evitar qualquer contato com a água ou objetos metálicos.
Como reaproveitar a chuva
Aproveitar a água da chuva para consumo humano (beber, cozinhar, fazer gelo, escovar os dentes, entre outros usos diretos) exige bastante cuidado. O líquido precisa passar por etapas de tratamento antes de ser considerado seguro.
Use calhas limpas e conduza a água para uma cisterna ou reservatório fechado, preferencialmente com tampa e proteção contra insetos, folhas e sujeira;
Evite captar as primeiras chuvas após um período seco, pois elas geralmente carregam mais poluentes acumulados no ar e nas superfícies;
Instale um filtro na entrada da cisterna, para reter areia, poeira e outros resíduos sólidos;
A filtragem doméstica também pode incluir filtros de carvão ativado ou outros sistemas para remover partículas finas;
Ferver a água por pelo menos 5 minutos é uma forma eficiente de matar vírus, bactérias e parasitas;
Alternativamente, pode-se usar pastilhas de cloro específicas para tratamento de água ou fazer a cloração manual, com dosagem correta (geralmente duas a quatro gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% por litro de água e deixar agir por 30 minutos);
Antes de consumir, passe a água por um filtro de cozinha com elementos cerâmicos ou carvão ativado, para garantir ainda mais segurança;
Guarde a água tratada em recipientes limpos, tampados e protegidos da luz e do calor, para evitar nova contaminação.
Mesmo após esse processo, é recomendável analisar a água periodicamente (em laboratório ou com kits de análise domésticos), especialmente se o uso for contínuo. Além disso, se houver risco de chuva ácida (regiões muito poluídas), pode ser mais seguro usar a água da chuva apenas para fins não potáveis (limpeza, rega de plantas, descarga etc.).
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