Academia pode te deixar doente: o que você pode pegar e como se proteger

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Se você frequenta academia, costuma passar um paninho com álcool antes e depois de usar algum aparelho? Embora qualquer ambiente público possa abrigar germes, fungos e bactérias, as academias são especialmente propensas à proliferação desses microrganismos.
É importante estar atento não apenas à limpeza das máquinas, mas também de pesos livres, bancos, colchonetes e das áreas comuns, a exemplo de vestiários, chuveiros e bebedouros. Em 2021, um estudo norte-americano realizado em três academias diferentes, deu uma ideia dos perigos invisíveis que rondam esses locais:
Uma bicicleta ergométrica tem cerca de 39 vezes mais bactérias do que uma bandeja de praça de alimentação;
As esteiras, incluindo os botões do painel e os apoios, apresentam 74 vezes mais bactérias do que uma torneira de banheiro público;
Halteres de academia contêm 362 vezes mais bactérias do que um assento de vaso sanitário.
Todos os equipamentos submetidos às análises laboratoriais (cerca de 30 ao todo) mostraram resultados positivos para micro-organismos com potencial para fazer alguém adoecer.
O que é possível contrair na academia?

Quando a limpeza na academia é negligenciada, seus frequentadores ficam expostos a diferentes patógenos, como Staphylococcus e Streptococus. Enquanto o primeiro causa problemas de pele (como furúnculos, foliculite e impetigo) e pode levar a infecções graves como pneumonia e septicemia, o segundo está relacionado a condições leves, como inflamação de garganta, mas também com meningite.
Também há risco de contaminação por Salmonella, resistente a antibióticos e, em alguns casos, causadora de febre tifoide; além de Escherichia coli, responsável por gastroenterites (diarreia, vômito, cólicas abdominais e febre) e infecções urinárias.
Além de bactérias, ácaros responsáveis por infecções também podem dar as caras. Apesar de não ter como comprovar a relação, em 2023, uma jovem brasileira disse que contraiu sarna humana (escabiose) ao utilizar um colchonete sujo na academia. Ela recebeu o diagnóstico após o surgimento de bolinhas que coçavam muito e se alastraram por suas pernas, costas, nádegas e braços em poucos dias.
Já a combinação de falta de limpeza, incluindo a dos filtros de ar-condicionado, com ambientes fechados e abafados e respiração rápida durante os treinos pode facilitar a propagação de doenças respiratórias como gripe, sarampo e covid-19. O vírus da mpox, cujo sintoma mais comum são erupções na pele, também pode espreitar acessórios, como caneleiras, ou aparelhos, principalmente entre aqueles em que há fricção direta com a pele.
Atenção com vestiários e bebedouros
Embora prático, o vestiário da academia também tende a facilitar a proliferação de micro-organismos por ser úmido e fechado. Há nele superfícies compartilhadas, como pias, pisos, bancos e chuveiros, que são fontes de contaminação e aumentam o risco de infecções, como micoses, especialmente se o ambiente não for bem higienizado.
Também é possível contrair hepatites virais, conjuntivite (agravada pelo toque das mãos não higienizadas nos olhos), e até pulgas e piolhos, se houver contato com toalhas ou roupas contaminadas. Em dias quentes, o problema é ainda maior, pois a transpiração aumenta, favorecendo o crescimento de fungos e bactérias.
Os bebedouros, da mesma forma, são frequentemente usados por várias pessoas. Quando alguém encosta a boca ou o bocal da própria garrafinha no ponto de saída da água do equipamento, esse contato direto permite a transferência de germes, aumentando o risco de doenças, principalmente se o bebedouro não for limpo com regularidade.
Medidas para seguir e evitar doenças
Se as janelas da academia estiverem fechadas, solicite ao gerente que as abra e ligue os ventiladores. Mesmo a porta aberta contribui para a ventilação.
Caso o ambiente esteja quente e o ar-condicionado seja necessário, verifique se ele puxa ar externo, garantindo a renovação do ar interno. Sugira a instalação de filtros de ar em todas as áreas de treino.
Durante os exercícios, evite aglomerações e procure manter uma distância mínima de dois metros de outros alunos.
Se preferir, utilize máscara facial para reduzir a emissão de aerossóis. Se a N95 for desconfortável para treinos intensos, experimente uma máscara cirúrgica, que tende a ser mais confortável e menos abafada.
Lave regularmente as mãos com água e sabão e evite tocá-las em seu rosto, assim você diminui os riscos de se contaminar com patógenos que podem estar em superfícies compartilhadas.
Sempre limpe os equipamentos antes e depois de usá-los com algum desinfetante em spray (a academia deve fornecer) ou álcool em gel.
Mantenha sua pele íntegra e cuide de pequenos cortes ou arranhões.
Cheque se suas vacinas estão em ordem, para prevenir infecções.
Se você transpira muito, leve uma toalhinha para absorver o suor e evitar que ele se espalhe pelos equipamentos. Ela também ajuda a proteger a pele da fricção com superfícies de aparelhos. Use sempre sua própria toalha e não a compartilhe com outras pessoas.
Evite repetir roupas de academia que estejam suadas e fedidas, pois os microrganismos se proliferam muito nessas condições e aumentam o risco de infecções. Também não se sente com elas em superfícies da sua casa.
Fique atento ao número de casos de doenças na sua academia. Se houver um aumento, pode ser uma boa alternativa praticar atividades ao ar livre até que a situação melhore.
Com sintomas atípicos, não vá à academia e, se piorar ou não passar em poucos dias, consulte um médico. Se o isolamento for necessário, respeite-o pelo bem dos outros.
Caso a área do chuveiro da academia pareça suja ou malconservada, considere evitar seu uso ou tome um banho mais rápido. Sempre utilize chinelos para evitar o contato direto com o chão, prevenindo infecções fúngicas entre os dedos e unhas do pé.
Para evitar contágios via bebedouro, leve sua própria garrafinha de água e não encoste o bocal dela ou sua boca na saída de água do aparelho. Também não é para lavar o recipiente ali.
Fontes: Janaína Teixeira, infectologista e professora da Uniptan (Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves), da Afya, em São João Del Rei (MG); Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema (SP); Ertênia Paiva, biomédica e professora do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa).
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