Falência dos rins após treino intenso: entenda por que isso é possível

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Casos de jovens diagnosticados com falência renal após treinos intensos têm ganhado destaque nas redes sociais. Um exemplo disso é um relato publicado em 2019 na revista Medicine que voltou a repercutir.
Segundo a publicação, um jovem de 21 anos sem histórico prévio de problemas de saúde desenvolveu uma lesão grave nos rins depois de um treino intenso de pernas. Dois dias após a atividade, ele começou a sentir dores musculares intensas e percebeu a presença de sangue na urina, o que o levou a procurar atendimento médico.
Os exames apontaram níveis elevados de creatinina e ureia no sangue, indicando que sua função renal estava comprometida. O diagnóstico foi rabdomiólise induzida pelo exercício, uma condição rara, mas que tem se tornado mais frequente com o crescimento e a popularização de treinos de alta intensidade.
O jovem precisou ser internado e recebeu hidratação contínua para auxiliar na recuperação dos rins. Apesar da gravidade do caso, ele não precisou de diálise e teve uma boa evolução. No entanto, a recuperação completa da lesão renal pode levar até um ano.
O que é a rabdomiólise?

Também conhecida por "doença da urina preta", a rabdomiólise pode ocorrer após um treino intenso porque uma atividade desse tipo é capaz de destruir as células musculares, liberando uma substância chamada mioglobina no sangue. Quando os rins tentam filtrar essa substância, ela se acumula e prejudica o funcionamento desses órgãos. A mioglobina também dá à urina uma cor escura, parecida com café ou Coca-Cola.
A mudança na cor do xixi é um forte indicativo, mas outros sintomas incluem fraqueza, dores musculares intensas, inchaço, náusea, vômitos, falta de ar, dor abdominal e palpitações. A intensidade desses sinais varia conforme a gravidade do problema.
Nos casos mais sérios, a função dos rins pode ser gravemente afetada, sendo necessário um tratamento chamado diálise, que substitui temporariamente o trabalho dos rins. Outras complicações possíveis incluem arritmias cardíacas, problemas neurológicos, insuficiência respiratória e danos ao fígado.
Se surgirem sintomas como dores musculares muito fortes e urina escura após um treino pesado, é preciso ir ao pronto-socorro para evitar complicações graves.
Desidratado e sedentário: risco maior
Fazer treinos intensos não significa automaticamente que alguém desenvolverá rabdomiólise. O risco aumenta quando há fatores adicionais, como desidratação, exposição ao calor excessivo e baixa condição física.
Pessoas que não estão acostumadas com exercícios pesados e tentam fazer atividades muito intensas estão mais vulneráveis. Além disso, homens e indivíduos com obesidade severa (IMC acima de 40 kg/m²) têm maior risco de desenvolver a condição, pois seus músculos podem sofrer mais estresse durante o esforço físico.
Como evitar e tratar a condição
Para reduzir o risco, é importante se hidratar bem, treinar de forma progressiva e respeitar os limites do corpo, evitando exageros que podem causar danos musculares graves. Veja outros cuidados:
Contar com a orientação de um profissional de educação física ajuda a evitar exageros e erros na execução dos exercícios.
Manter um diálogo com o professor para ajustar a intensidade dos exercícios conforme necessário.
Realizar exames médicos regularmente e considerar condições de saúde pré-existentes são passos importantes para garantir que o treino seja adequado ao seu corpo.
Respeitar os intervalos de descanso entre os treinos é fundamental para a recuperação muscular.
O foco do treinamento deve ser a saúde e o bem-estar, não a busca por extremos ou a ideia de que dor intensa significa progresso. Para iniciantes, o cuidado deve ser redobrado, começando devagar e respeitando os limites do organismo.
Se houver suspeita da rabdomiólise, como já citado, é indispensável procurar um médico rapidamente. A doença é diagnosticada por exames de sangue, sobretudo pela dosagem da CPK (creatinofosfoquinase), uma enzima liberada quando há dano muscular.
Na maioria dos casos, a recuperação é boa, mas em situações severas pode ocorrer lesão renal irreversível, exigindo diálise ou até transplante. Para evitar complicações, é fundamental seguir o tratamento corretamente e adotar hábitos saudáveis para afugentar o risco de ter o problema.
*Com informações de reportagem publicada em 29/05/2023
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