É proibido acordar sonâmbulo? Entenda os mitos e verdades sobre o distúrbio

Pessoas que sofrem com o sonambulismo podem realizar diferentes atividades enquanto estão dormindo: andar, comer, falar e até mesmo sair de casa. Apesar de despertar curiosidade, o distúrbio deve ser levado a sério tanto por quem sofre com a condição quanto por quem convive com o sonâmbulo.

O que é sonambulismo

Existem diversos tipos de distúrbios que podem atrapalhar a qualidade do sono. Entre os mais comuns, estão a insônia, a apneia do sono (breves e repetidas interrupções da respiração) e o bruxismo (ranger e apertar os dentes enquanto dorme). O sonambulismo, por sua vez, é caracterizado pela presença de ações motoras enquanto parte das funções cerebrais está adormecida.

Para identificar a situação de maneira correta é fundamental diferenciar as condições que afetam o sono. Uma pessoa que senta na cama ou apresenta quadros de terror noturno, por exemplo, pode ser confundida com um sonâmbulo. Quadros epiléticos ou mesmo episódios em que a pessoa vivencia um sonho se movimentando, como se estivesse pulando ou correndo, sem sair do lugar, também não são indicativos de sonambulismo. É preciso procurar um médico para um diagnóstico e tratamento corretos, especialmente caso haja tremores, gritos ou outras reações durante o sono.

Apesar do mito de que segredos podem ser confidenciados nos episódios de sonambulismo, os especialistas garantem que isso não acontece. Como não há racionalidade ou trabalho de memória no momento em que parece estar acordada, a pessoa emite frases curtas, normalmente ininteligíveis.

Outro mito que envolve o assunto conta que o sonâmbulo anda com os braços esticados. A pessoa não anda realmente com os braços esticados, mas, por estar dormindo, pode manter as mãos a frente do corpo para tatear o ambiente e não tropeçar.

Por ser um episódio esporádico, o sonambulismo não afeta a qualidade do sono a longo prazo. No entanto, casos que ocorrem com frequência, com muitas interrupções da noite de sono, podem fazer com que o sonâmbulo fique mais cansado ao longo do dia.

O sonambulismo é mais comum em crianças e tende a desaparecer com o tempo, mas não tem cura. Quando os episódios são muito frequentes, o ideal é procurar um médico para tratar as causas do problema, já que as crises podem ser associadas a doenças como apneia do sono ou refluxo gastroesofágico. Alguns medicamentos psiquiátricos demonstraram ser eficazes no tratamento do distúrbio quando tomados sob prescrição médica.

Quais são os sintomas?

Veja abaixo alguns dos sintomas que podem indicar sonambulismo, de acordo com o Instituto do Sono:

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  • Sentar-se na cama de olhos abertos. É importante ressaltar que, mesmo com olhos abertos, a pessoa não está com os reflexos que teriam caso estivessem acordadas;
  • Expressão vaga nos olhos;
  • Levantar-se e caminhar pelo quarto;
  • Abrir portas e locomover-se a outras partes da casa;
  • Refazer atividades realizadas durante o dia;
  • Não responder quando alguém tenta conversar;
  • Falar coisas sem sentido sozinho;
  • Pegar objetos e derrubá-los;
  • Não se lembrar dos atos após acordar;
  • Desorientação caso seja acordado no meio da "crise".

O que fazer ao se deparar com um sonâmbulo?

Acordar uma pessoa sonâmbula não tende a oferecer grandes riscos. Segundo os especialistas, o risco de causar um ataque cardíaco por conta do susto ao ser acordada, por exemplo, é mínimo. No entanto, a pessoa pode ficar confusa ao acordar em um local diferente daquele em que foi dormir. Nesses casos, é recomendado orientar a pessoa de volta para cama com cuidado, sem a acordar bruscamente.

Caso uma pessoa sonâmbula estiver em uma situação de perigo, por exemplo, é importante, sim, acordá-la. O indicado é não gritar e assustar a pessoa, mas sim um acordar leve, com tranquilidade e já sabendo que pode haver confusão quando ela retomar a consciência.

Se você sofre com o sonambulismo ou convive com alguém que tem a condição, é importante adaptar o ambiente. O ideal é trancar portas e janelas e retirar as chaves das fechaduras, colocar telas de proteção nas janelas, retirar móveis de locais onde o sonâmbulo possa tropeçar e dificultar o acesso a objetos perigosos como facas e tesouras.

Fontes: Alexandre Akio Nakasato, otorrinolaringologista pela Faculdade de Medicina da USP e pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, especialista em medicina do sono com título concedido por notório saber pela Associação Médica Brasileira; Luciano Ribeiro Pinto Jr., neurologista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Neurologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, doutor em Neurociência pela Universidade Federal de São Paulo e pesquisador do Instituto do Sono; e Marcia Pradella Hallinan, médica pela Faculdade de Medicina de Campos, especialista em Neurologia, Acupuntura e Medicina do Sono pela Associação Médica Brasileira.

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*Com informações de matérias publicadas em 05/04/2016 e 24/02/2024.

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