Um dos peixes mais venenosos do mundo é consumido no Brasil e exige cuidado

O baiacu (Tetraodontidae) é um dos peixes mais venenosos do planeta. Ele contém tetrodotoxina, uma toxina altamente letal que está presente nos seus órgãos internos. Se ingerido, pode causar paralisia muscular e morte por asfixia. Mesmo assim, é consumido em alguns países, como Japão e Brasil.

Por aqui, os tipos de baiacu mais comuns são o arara e o pintado. O arara possui menor toxicidade e pode ser vendido em mercados de peixe. Em contraste, o pintado contém níveis extremamente altos de tetrodotoxina e está associado à maioria dos casos de envenenamento no país.

Quantidade mínima pode ser letal

Pescador devolve ao mar peixe baiacu filhote capturado pela rede, na praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso (RN)
Pescador devolve ao mar peixe baiacu filhote capturado pela rede, na praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso (RN) Imagem: Canindé Soares/UOL

A tetrodotoxina não é produzida diretamente pelo peixe, mas por bactérias presentes em seus órgãos internos, como fígado, ovários e intestinos. Mesmo em quantidades mínimas, pode ser fatal. Bastam dois gramas da substância para matar uma pessoa.

No organismo humano, a tetrodotoxina causa sintomas que surgem rapidamente, geralmente entre 10 minutos e algumas horas após a ingestão:

Os primeiros sinais incluem dormência nos lábios e na língua;

Em seguida, tontura, fraqueza muscular e dificuldade para falar;

Em casos mais graves, a toxina provoca arritmia cardíaca e paralisia progressiva, afetando os músculos respiratórios e podendo levar à morte por insuficiência respiratória.

Como não há antídoto específico, o tratamento é baseado no suporte médico intensivo. O atendimento a uma vítima de envenenamento envolve administração de oxigênio, ventilação mecânica em casos de insuficiência respiratória e medidas para eliminar a toxina do organismo, como lavagem gástrica. A recuperação depende da rapidez com que a pessoa recebe assistência médica e do nível de exposição ao veneno.

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Se deseja consumir, atenção

Em regiões onde o baiacu é tradicionalmente consumido, como Japão, Brasil e Tailândia, surtos ocasionais de envenenamento são registrados. Os acidentes são comuns principalmente entre pescadores e apreciadores de sashimi (peixe cru).

Por isso, no Japão, por exemplo, o fugu, um tipo de baiacu, só pode ser preparado por chefs altamente treinados e licenciados para remover as partes tóxicas com segurança. No Brasil, intoxicações geralmente acorrem por falta de conhecimento sobre os riscos do peixe.

Portanto, especialistas daqui recomendam evitar o consumo de baiacu devido à dificuldade em garantir que sua limpeza tenha sido feita de maneira adequada. Apesar de ser possível comer baiacu quando bem preparado, os riscos são altos, especialmente se o processo não for feito corretamente.

A vesícula biliar (ou fel) do baiacu contém uma quantidade muito alta de tetrodotoxina, e se ela se romper durante o preparo, a toxina pode contaminar toda a carne do peixe. Portanto, é fundamental que o fel seja retirado cuidadosamente.

Além disso, a substância é muito resistente e não se degrada facilmente com o aquecimento ou congelamento da carne do baiacu. Isso significa que, mesmo que o peixe seja cozido a altas temperaturas ou congelado, a toxina pode permanecer ativa, representando um risco significativo de envenenamento.

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*Com informações de reportagem publicada em 31/01/2024

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