O que acontece no seu corpo quando você tem uma crise de sinusite

Causa frequente da busca por ajuda médica, a sinusite decorre de uma inflamação dos seios da face, cavidade revestida por uma mucosa cuja disfunção pode obstruir a estreita ligação entre ela e as fossas nasais, causando dores faciais, um dos principais sintomas dessa enfermidade.

Basta que ocorra uma infecção das vias aéreas superiores para que a produção de muco aumente, a região fique congestionada e o incômodo apareça. Nessa hora, não dá para ignorar a dor na face, a congestão nasal, a secreção amarelada, a tosse que piora à noite, além do mau hálito.

Quando comparadas aos homens, as mulheres são muito afetadas pela sinusite, mas os grupos mais vulneráveis são crianças e idosos. Para a maioria, a doença se resolverá sozinha, enquanto 1 e em cada 10 pessoas precisará de ajuda médica, dada a intensidade dos sintomas.

O maior número de internações por sinusite se dá nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do Brasil. Dados publicados pelo Journal of Medical and Biosciences Research.

Nos EUA, a enfermidade está entre as principais causas de prescrição de antibióticos.

O seu médico pode se referir à sinusite como rinossinusite.

Os efeitos no seu corpo

Quando os sintomas da sinusite aparecem de modo súbito, eles são uma resposta às seguintes situações:

  • Uma infecção se instalou
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A maioria das rinossinusites agudas decorre de infecções virais, bacterianas, por fungos, etc.

Estima-se que 10% dos pacientes com infecções respiratórias decorrentes de diferentes tipos de "viroses" —não apenas a gripe (influenza)— tenham rinossinusite.

Infecções por bactérias também estão envolvidas e podem ser o resultado da obstrução nasal que favorece o crescimento delas, o que é comum após uma infecção das vias aéreas superiores de origem viral. Nesses quadros, os sintomas são mais intensos e duradouros.

As bactérias podem se introduzir nos seios da face pela ação de assoar o nariz.

Os sintomas de um quadro aparente de sinusite viral começam a piorar após 5 dias, ou persistem para além de 10 dias.

Infecções bacterianas podem se complicar e se estender para além dos seios da face, afetando ossos e tecidos da região, além das órbitas ao redor dos olhos.

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Infecção facial (celulite facial), periorbitária (celulite periorbitária), abcesso na órbita são exemplos dessas complicações.

Outras condições mais raras —e também graves— seriam o abscesso cerebral, a meningite e a trombose do seio cavernoso.

Confira os sinais de alerta:

Dores de cabeça e na face intensas e que não cedem mesmo com o uso de analgésico.

Inchaço ou vermelhidão nos olhos e na face.

Vômito quando há comprometimento das meninges.

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Sonolência e desânimo (prostração) entre crianças e idosos.

  • Uma rinite alérgica facilitou a crise

Um tipo comum de alergia é a rinite, cujos sintomas típicos são coceira no nariz, nos olhos, bem como espirros seguidos, nariz entupido, pingando ou fungando.

Esse tipo de rinite pode levar aos sintomas de rinossinusite aguda pela obstrução que provoca.

Outros casos mais específicos, como a rinite medicamentosa, provocada pelo uso abusivo de descongestionantes nasais, e a rinite tóxica (inalação de gases) também já foram descritas na literatura médica como fatores de risco para a sinusite.

Os vários tipos de rinossinusite

Entre os médicos, ela é classificada a partir do seu tempo de duração.

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Aguda: aparece de repente e seus sintomas duram menos de 4 semanas.

Subaguda: as manifestações são moderadas, mas podem estar presentes por até 12 semanas.

Recorrente: presença de 4 ou mais episódios ao longo de 1 ano com duração de cerca de 7 dias.

Crônica: sintomas persistem por mais de 12 semanas.

Sintomas além da dor e congestão

A dor na face e a congestão nasal podem vir acompanhadas por outros sintomas que, por vezes, são confundidos com os de infecções virais, como a covid.

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Veja as manifestações mais frequentes:

Febre

Muco grosso branco, amarelo ou esverdeado

Gotejamento posterior do muco na garganta

Mau hálito

Pressão na face e inchaço na região dos olhos, nariz, testa e bochechas

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Redução do olfato e do paladar

Tosse

Dor ou pressão nos dentes

Quando procurar um médico

Os especialistas consultados sugerem que você fique atento à duração e à intensidade dos sintomas e ao impacto deles no seu dia a dia.

Caso se trate de uma crise aguda, procure um generalista (clínico geral) que está habilitado a fazer o diagnóstico e indicar um tratamento que seja capaz de aliviar os sintomas.

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Geralmente a estratégia terapêutica inclui higiene nasal com soro fisiológico, pode incluir algum anti-histamínico (no início da rinossinusite viral aguda) para ajudar a enxugar a secreção, além de descongestionantes tópicos (por poucos dias) e analgésicos, quando a dor está presente.

Quando se trata de um quadro recorrente ou crônico, o médico poderá indicar a consulta com um otorrinolaringologista para investigar outras doenças mais graves associadas à sinusite.

A deficiência imunológica, também conhecida como erro inato da imunidade, é um exemplo, já que ela propicia infecções recorrentes.

Além do arsenal para aliviar os sintomas já descritos, nesses casos, o tratamento pode incluir anti-inflamatórios nasais, medicamentos imunobiológicos e até cirurgia.

Antibióticos e outros medicamentos

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Imagem: iStock
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Sintomas intensos que aumentam após 5 dias ou pioram após 10 dias indicam a presença de uma infecção bacteriana. Nessa circunstância o uso de antibiótico pode ser necessário, e o seu médico indicará a melhor classe deles para o seu caso.

A depender de seu quadro geral de saúde e da presença de alguma doença de base, o uso de antibiótico poderá ser mais prolongado.

Nas situações nas quais haja comprometimento do sistema de defesa do corpo de origem genética, o uso de imunoglibulinas (proteínas que protegem o corpo contra doenças) pode ser a solução.

E os medicamentos corticoides?

Uma advertência feita pelos especialistas é sobre o abuso do uso desse tipo de medicamento, geralmente indicado para tratar a tosse, um dos sintomas da sinusite.

A tosse é um sistema de defesa do organismo para expelir o que está causando a inflamação (vírus, bactéria, alérgeno, etc.).

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Entre os idosos este é um reflexo benéfico que tira a secreção das vias respiratórias.

Quando os corticoides são usados de forma excessiva, eles podem trazer prejuízos à saúde como alterar o metabolismo ósseo, a glicose, e até mesmo a imunidade.

Existe um movimento entre os médicos para que esse tipo de medicamento tenha um sistema de controle e venda regulamentado.

Converse com seu médico para saber a melhor forma de usar essa medicação evitando efeitos indesejados.

Como prevenir-se

Todo mundo está sujeito a ter uma gripe ou um resfriado que pode levar à sinusite. No entanto, dá para reduzir a probabilidade de ter uma crise adotando as seguintes medidas:

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Mantenha a carteira de vacinação em dia, sobretudo as vacinas contra a gripe (influenza), o pneumoco, Haemophilus influenzae (vacina hib) e covid. Todo esse arsenal é a principal forma de prevenir doenças infecciosas mais graves.

Invista em um estilo de vida saudável e foque no consumo de alimentos naturais e na prática de exercícios ao ar livre, evitando picos de temperatura e poluição.

Capriche na hidratação para facilitar o trabalho do aparelho mucociliar —um mecanismo que protege contra substâncias nocivas como partículas de poluição e agentes causadores de doenças (patógenos). Consuma água e use soro fisiológico para lavar o nariz.

Evite o tabagismo ativo e passivo.

Controle seu ambiente reduzindo a exposição à poeira, produtos de limpeza, ácaros, mofo, odores fortes, perfume, etc., além de manter o ambiente umidificado.

Fontes: Érica Campos, médica otorrinolaringologista do Hupes-UFBA (Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e mestre em ciências médicas pela Unicamp; Fátima Rodrigues Fernando, pediatra e atual presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), diretora do serviço de alergia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e do Instituto Pensi (Hospital Infantil Sabará); Marco Cesar Jorge dos Santos, otorrinolaringologista e professor do curso de medicina da PUC-PR; e Thiago Bezerra, médico, professor e coordenador da disciplina de otorrinolaringologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), e integrante do Hospital das Clínicas da UFPE, que integra a rede Ebserh. Revisão técnica: Thiago Bezerra.

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Referências:

Matos, B. B. de O. et al. Sinusite crônica: Um enfoque nas internações e seus impactos na saúde pública. Journal of Medical and Biosciences Research, 2024. Disponível em https://doi.org/10.70164/jmbr.v1i3.114

Battisti AS, Modi P, Pangia J. Sinusitis. [Atualizado em 2023 Mar 2]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025 Jan. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470383/

Fokkens WJ et al. European Position Paper on Rhinosinusitis and Nasal Polyps 2020. Rhinology. 2020. Disponível em https://doi.org/10.4193/rhin20.600

Orlandi RR et al. International Consensus Statement on Allergy and Rhinology: Rhinosinusitis. Int Forum Allergy Rhinol. 2016. Disponível em https://doi.org/10.1002/alr.21695

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