Adultos podem tomar vacina contra o HPV? Até qual idade?

Ler resumo da notícia
Pelo menos 80% dos adultos sexualmente ativos têm contato com o vírus HPV (papilomavírus humano) durante a vida, segundo o Ministério da Saúde. E para minimizar os riscos da exposição, a vacina é a maneira mais eficaz de prevenir os sintomas.
Vacina funciona em adultos?
A resposta é sim. Quem se vacina na idade adulta fica protegido dos subtipos de vírus pelos quais ainda não foi infectado —são mais de 200— e tem risco diminuído de recorrência de lesões pré-cancerosas e cancerosas.
A vacina continua sendo, sim, extremamente útil para a população adulta, especialmente porque qualquer pessoa sexualmente ativa está em risco de contaminação pelo HPV.
Mônica Levi, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações)
Imunizante pode ser aplicado em homens e mulheres de 9 a 45 anos. A vacina não só protege contra a doença, como também evita a contínua transmissão do vírus.
É capaz de reduzir em até 80% as chances de recidiva (retorno da infecção). Dado vem de estudos feitos na última revisão da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) em pessoas que já apresentaram lesões causadas pelo HPV.
99,6% das mulheres sexualmente ativas com até 45 anos podem se beneficiar do imunizante contra o HPV. O artigo diz que muitas delas têm resultado negativo para o vírus ou são positivas para apenas um subtipo após a imunização.
Para imunocomprometidos têm importância extra. Transplantados e pacientes sob tratamento oncológico ou com HIV, podem —com máxima recomendação— tomar a vacina, que é oferecida pelo SUS nesses casos.
Efetividade é maior em crianças e adolescentes
Dados positivos na vida adulta não anulam a importância da vacinação na infância e adolescência. O SUS oferece a vacinação em crianças com idade de 9 a 14 anos.
Crianças e adolescentes produzem mais anticorpos, revelam estudos. Na fase adulta há eficácia, mas ainda inferior em comparação a menores idades.
Países que adotam a vacinação têm quedas significativas dos casos de HPV 16 e 18, que causam 70% dos cânceres de colo de útero. Uma revisão de 65 estudos conduzidos em 14 países, com 60 milhões de pessoas, mostrou uma queda 83% nos casos, além de 67% no aparecimento de verrugas genitais e de 51% no surgimento de lesões pré-cancerosas em meninas de 15 a 19 anos.
Em 2025, o Brasil quer vacinar 90% dos adolescentes de 15 a 19 anos, em 121 cidades. Para isso, lançou em fevereiro uma estratégia para imunizar cerca de 2,95 milhões de pessoas que não tomaram a vacina do HPV em idades anteriores.
Vacinas disponíveis
No SUS, a vacina oferecida é a quadrivalente (HPV4), que protege contra os quatro subtipos mais frequentes do HPV: 6, 11, 16 e 18. Os dois primeiros, causadores de verrugas anogenitais e de baixo risco; e os últimos, de alto risco para o desenvolvimento de câncer.
Imunizante deve ser tomado em dose única. Lembrando que a vacinação está disponível para meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos —o ideal é tomar antes do início da vida sexual.
Já na rede privada, está disponível tanto a quadrivalente quanto a nonavalente (HPV9), que protege contra nove tipos de HPV. Ela é eficaz contra os mesmos subtipos da quadrivalente, além dos subtipos 31, 33, 45, 52 e 58, responsáveis por 15% dos cânceres cérvicouterinos. A dose da HPV4 custa em torno de R$ 600, enquanto a HPV9 tem custo aproximado de R$ 890.
Ambas estimulam o sistema imune a produzir anticorpos contra o vírus HPV, reduzindo o risco de desenvolver verrugas e lesões. Mais moderna, a HPV9 oferece proteção superior: até 90% contra o câncer de colo de útero.
A vacina do HPV é extremamente segura e, a princípio, é recomendada até os 45 anos de idade, mas não existe nenhuma contraindicação de ser dada a ninguém.
Ana Katherine da Silveira Gonçalves de Oliveira, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Além da vacinação
Uso correto do preservativo redobra prevenção. Camisinha é uma estratégia importante para a prevenção dessa e de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Mas, atenção: a camisinha não protege totalmente contra o HPV. A transmissão também pode acontecer mesmo sem penetração, pelo contato com a pele de áreas não protegidas —o que torna a vacinação ainda mais importante.
Para as mulheres, também é recomendada a realização de triagem para câncer cérvicouterino (o teste HPV-DNA detecta cepas de alto risco) e de papanicolau. Esses exames detectam alterações nas células do colo do útero, permitindo tratamento antes do desenvolvimento do câncer. Este último exame deve ser feito anualmente por mulheres entre 25 e 59 anos e, após dois resultados normais seguidos, a cada três anos.
A infecção pelo HPV, na maioria dos casos, é assintomática.
*Com informações de reportagem publicada em 17/11/2023.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.