Obesidade e diabetes: entenda a relação entre essas doenças tão comuns

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A obesidade é uma doença crônica que anda lado a lado com diversos problemas de saúde. Um dos mais comuns é o diabetes, que tem justamente o excesso de gordura corporal como principal fator de risco para seu desenvolvimento.
Estudo feito nos EUA aponta que 86% das pessoas com diabetes tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade.
Para entender a relação entre as duas condições, é preciso relembrar que o diabetes tipo 2 é caracterizado pelo nível elevado de açúcar no sangue (glicemia), que o ocorre quando o organismo não responde adequadamente à insulina.
Explicando de um modo bem simplificado, a insulina é como uma "chave" que abre a porta das células para a entrada do açúcar —que é usado por elas como combustível. Em pessoas com sobrepeso ou obesidade, o excesso de gordura provoca uma inflamação no organismo que interfere no funcionamento adequado desse hormônio, explica Renato Zilli, endocrinologista, do Hospital Sírio Libanês.
O pâncreas então passa a produzir mais insulina para controlar a glicemia, ficando sobrecarregado. E, como a capacidade da insulina em levar a glicose para as células está comprometida, uma hora o pâncreas não consegue mais fabricar hormônio suficiente para dar conta do recado. Assim, o nível de açúcar no sangue fica constantemente elevado —quadro considerado diabetes quando o valor da glicemia em jejum fica acima de 126 mg/dL.
O grande perigo disso é que a glicemia alta é tóxica para o organismo e, em médio e longo prazo, pode prejudicar as veias e artérias, o coração, os olhos, os rins, o fígado e os nervos, aumentando o risco de complicações sérias (como infarto, cegueira, falência renal, amputações) e morte precoce, afirma Débora Mello, especialista em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O que gera os problemas?

A obesidade é uma condição complexa, provocada por inúmeros fatores. Mas algumas causas do excesso de peso também têm relação íntima com o diabetes tipo 2, conforme explicou o médico Natan Chehter, clínico geral e geriatra do Hospital Estadual Mário Covas:
Má alimentação O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e fast-food, ricos em carboidratos refinados e açúcar, é associado tanto ao ganho de peso quanto ao aumento da glicemia e à resistência à insulina. O mesmo vale para bebidas açucaradas, como refrigerantes, achocolatados etc.
Sedentarismo A atividade física regular torna as células mais eficientes em usar a glicose como fonte de energia, ajudando a controlar o açúcar no sangue.
Dormir mal O problema aumenta o nível de cortisol (hormônio de estresse) no organismo. O cortisol inibe a produção de insulina e eleva a glicemia. Em longo prazo, se for recorrente, isso pode gerar um quadro de resistência à insulina.
Controle do peso combate o diabetes

Embora não exista um valor exato de IMC (índice de massa corporal) que leve ao desenvolvimento de diabetes, especialistas concordam que o risco começa a aumentar significativamente a partir de um IMC maior ou igual a 25 (classificado como sobrepeso).
"A circunferência da cintura é outro indicador importante. Nos homens, uma circunferência abdominal superior a 94 cm e, nas mulheres, superior a 80 cm, já indica um risco aumentado para diabetes tipo 2, mesmo em pessoas que têm IMC considerado normal", alerta o endocrinologista Renato Zilli
Devido à relação próxima entre as duas doenças, a perda de peso tem um impacto significativo tanto na prevenção quanto no controle do diabetes tipo 2.
Os médicos apontam que mesmo pequenas reduções na balança, como 5% a 10% do peso corporal total, já podem aumentar a sensibilidade à insulina, melhorar o nível de glicose no sangue e reduzir o risco de desenvolver diabetes. "Ou diminuir o uso de medicamentos por quem já tem a doença, além de minimizar o risco de complicações associadas ao problema", diz Zilli.
Evidências científicas mostram que, em longo prazo, a perda de peso sustentada, aliada a novos hábitos alimentares e a prática regular de exercícios, pode fazer até com que o paciente com diabetes alcance a remissão da doença, dispensando o uso de medicamentos para controlar o problema.
Fontes: Débora Mello, médica pela Faculdade de Medicina de Petrópolis/RJ, pós-graduada em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE/Rj) e título de especialista e membro titular da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia); Natan Chehter, clínico geral e geriatra, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Hospital Estadual Mário Covas; Renato Zilli, endocrinologista, membro da Sbem e do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês.
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