Quase 1/3 dos adultos brasileiros têm obesidade, aponta relatório

A Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation, em inglês) lançou hoje o Atlas Mundial da Obesidade 2025, destacando que cerca de um bilhão de pessoas vivem com sobrepeso em todo o mundo e o número pode passar de 1,5 bilhão até 2030; no Brasil, mais de 60% da população é considerada acima do peso —destes, 31% têm obesidade. A campanha global "Mudar o Mundo Pela Saúde" foi apresentada para alertar sobre a necessidade de ações coordenadas contra o problema de saúde.

Os dados do Atlas

Obesidade cresce de forma acelerada no Brasil. O estudo estima que 68% dos brasileiros adultos estejam vivendo com sobrepeso. Já com obesidade, esse número chega a 31% da população.

Quase 120 milhões com IMC alto. Projeta-se que 119,16 milhões de adultos terão um IMC alto em 2025 no país. O número de homens com obesidade até 2030 pode aumentar em 33,4%; já entre as mulheres 46,2%.

Número alto de crianças acima do peso. O levantamento é preocupante quando se analisa a situação da população entre 5 e 9 anos: 12,9% estão acima do peso. A descoberta acende sinal de alerta para as próximas gerações.

Obesidade mata. Por ano, mais de 60 mil mortes prematuras são associadas a doenças crônicas que são consequência do sobrepeso, como diabetes tipo 2 e AVC.

Baixa prática de exercícios tem como consequência o sobrepeso. No Brasil, entre 40% e 50% dos adultos fazem atividades físicas insuficientes.

Com 31% da população brasileira com obesidade, não dá mais para falarmos que cada um tem que mudar sozinho, que é a mudança individual. É necessário mudar os sistemas. Não adianta ficar no mesmo papo de 'ah, cada um tem que ter consciência'. Temos que trabalhar juntos por uma mudança maior. Eu acho que essa é a mensagem principal. Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e presidente eleito 2026-2027 da Federação Mundial da Obesidade

Despreparo dos países. Dois terços dos países estão despreparados para lidar com o aumento dos níveis de obesidade; só 7% tendo sistemas de saúde têm preparo adequado. A obesidade está ligada a 1,6 milhão de mortes prematuras anuais por doenças não transmissíveis, superando as fatalidades em acidentes de trânsito.

Aumento projetado de 115% na obesidade entre 2010 e 2030. O número pede uma abordagem "de toda a sociedade", com políticas como rotulagem de alimentos, tributação e promoção da atividade física. A situação é mais crítica em países de baixa e média renda.

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Obesidade é doença

Obesidade não é "coisa de preguiçoso", e sim uma doença. Segundo a OMS, o excesso de peso corporal é uma doença crônica.

Problema precisa ser tratado para o resto da vida. A obesidade eleva o risco de diversas doenças graves —como infarto, AVC, câncer e diabete.

Consequência de diversos fatores. Ela pode ser causada pela genética e até pelo ambiente em que vivemos.

  1. Genética: Algumas pessoas são mais propensas a acumular gordura corporal ou têm a percepção de saciedade alterada devido a questões hereditárias.
  2. Influência psicológica: Estresse, ansiedade, compulsões e depressão são alguns dos transtornos que podem levar a uma ingestão anormal de alimentos e aumentar o risco de obesidade.
  3. Ambiente: O local em que vivemos e as pessoas com quem nos relacionamos também favorecem o ganho de peso.
  4. Alterações hormonais: Elas podem afetar o metabolismo e os mecanismos de saciedade, favorecendo o acúmulo de gordura, a disposição para fazer exercícios e a ingestão anormal de alimentos.
  5. Sedentarismo: A falta de atividade física contribui para o acúmulo de gordura e a redução da massa magra.
  6. Alimentação inadequada: O consumo regular de alimentos ultraprocessados, fast food e/ou ricos em açúcares, carboidratos e gorduras favorece o ganho de peso e prejudica a saúde, já que essas comidas geralmente têm muitas "calorias vazias" (que não trazem benefícios nutricionais).

O tratamento envolve diversas modalidades médicas. Pode ser conduzido por diferentes especialistas e se concentrar em várias frentes —como acabar com sedentarismo, controlar o estresse, a ansiedade e outras emoções e melhorar a alimentação.

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Mudança de estilo de vida é fundamental para o tratamento. Não adianta apenas uma dieta contando calorias. É necessário fugir dos modelos mais restritivos, fazer escolhas mais saudáveis que fazem sentido com a sua rotina e diminuir porções.

Uso de medicamentos também pode ser recomendado. Ozempic e Wegovy, que têm a semaglutida como princípio ativo, é uma das principais escolhas feitas atualmente por médicos para tratar a obesidade.

*Com informações de reportagem de setembro de 2024, dezembro de 2024 e janeiro de 2025.

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