8 coisas que nos fazem engordar e talvez você não saiba

Ler resumo da notícia
Geralmente, as pessoas associam o ganho de peso à má alimentação e ao sedentarismo, condições que realmente causam um desequilíbrio entre as calorias consumidas e as gastas e podem levar ao acúmulo de gordura corporal.
Mas não são só eles. O ganho de peso e a obesidade têm diversas causas, incluindo questões genéticas e psicológicas, o ambiente em que vivemos e nosso estilo de vida.
A seguir, mostramos alguns fatores que nem todo mundo sabe, mas podem contribuir para você engordar.
1. Estresse
O estresse é uma reação do corpo diante de uma ameaça. Porém, nosso organismo não diferencia se a tensão excessiva é provocada pelo trânsito enlouquecedor ou se é porque você está de frente para um leão e age sempre da mesma forma: preparando-se para fugir ou lutar.
Quando o nível de cortisol (hormônio do estresse) aumenta, o fígado passa liberar mais glicose (açúcar) na corrente sanguínea, para garantir que não falte combustível nos músculos para você correr (ou lutar). No entanto, como o estresse não foi gerado por algo que exigirá um esforço físico para sobreviver, o organismo não usará a energia disponibilizada e ela será estocada em forma de gordura.
"A vida agitada que temos e estar o tempo inteiro sob pressão no trabalho, por exemplo, leva ao aumento da produção de cortisol e pode favorecer o ganho de peso em médio e longo prazo", diz Paulo Rosenbaum, endocrinologista do Hospital Albert Einstein.
O estresse ainda estimula a pessoa a consumir alimentos calóricos, como fast-food e doces. Isso por que essas comidas geralmente trazem uma sensação instantânea de prazer e ajudam a aliviar a tensão. Além disso, são muito calóricas e fornecem energia rapidamente (para fugir ou lutar).
2. Dormir mal

A falta de horas suficientes de descanso ou de um sono de qualidade gera um estresse no organismo —e você já viu os efeitos disso no ganho de peso.
Dormir mal ainda altera a produção dos hormônios grelina e leptina, que atuam no controle do apetite e da saciedade. "Então, a pessoa que dorme menos vai ter mais fome durante o dia", explica Rosenbaum.
Como já explicamos, para aliviar o estresse e o cansaço provocado por uma noite mal dormida também é muito comum a busca por alimentos muito calóricos e pouco saudáveis, que trazem prazer e são fonte de energia rápida.
3. Poluição do ar
Os chamados disruptores endócrinos são substâncias que alteram a composição do tecido adiposo (gordura) e levam a mudanças no metabolismo. O material particulado (PM), por exemplo, presente na poluição das queimadas, está associado a um maior risco de obesidade.
Há evidências de que a exposição crônica ao PM 2.5 promove inflamação no organismo e resistência à leptina no hipotálamo. Esse hormônio tem a função de "avisar" ao cérebro que você já está satisfeito e não precisa mais comer.
O PM 2.5 também está associado a alterações no músculo esquelético e na tireoide. A substância muda o equilíbrio energético e favorece o armazenamento de gordura corporal.
4. Potes de plástico

O bisfenol A (BPA) é outro disruptor endócrino muito conhecido. O composto químico está presente em alguns tipos de plástico, incluindo potes que as pessoas usam para guardar alimentos.
A substância pode ser transferida para a comida quando você aquece potes no micro-ondas, por exemplo. Portanto, procure sempre saber se os potes que você usa são livres de BPA.
Seus substitutos, como o bisfenol S (BPS) e o bisfenol F (BPF) também podem estar entre os fatores que causam obesidade e diabetes, segundo um estudo publicado em 2022 que revisou a produção científica sobre o tema. Mas para comprovar isso ainda são necessários mais pesquisas e testes sobre os efeitos desses compostos na saúde humana.
5. Comer na frente de telas
De acordo com Mariana Sarto Figueiredo, professora do Departamento de Nutrição e Dietética da UFF (Universidade Federal Fluminense) e coordenadora do Grupo de Pesquisa NutProMe, comer vendo o celular ou outras telas atrapalha a liberação de hormônios que geram a sensação de saciedade.
"Nosso corpo precisa de um tempo para entender que estamos satisfeitos. Para essa percepção funcionar melhor, temos que ver a comida e mastigá-la com calma, para disparar vários sensores endócrinos que iniciarão a produção de hormônios que vão avisar que estamos saciados e devemos parar de comer", afirma.
Ao fazer a refeição na frente da televisão, do celular ou do computador, você demora mais tempo para perceber que está saciado e ingere mais calorias do que realmente precisa —e esse excesso de energia é estocado em forma de gordura.
6. Introdução alimentar errada

Figueiredo conta também que uma introdução alimentar errada pode aumentar a propensão de a criança se tornar um adulto com problemas de sobrepeso ou obesidade.
A amamentação até os seis meses de vida é essencial para prevenir obesidade, por exemplo. O leite materno já conta com todos os nutrientes necessários para o bebê, não apenas em quantidade, como também em qualidade.
Quando, por algum motivo, o bebê precisa ser desmamado de forma precoce, pode acabar recebendo algumas das fórmulas infantis que têm grande quantidade de calorias. "Não dá para cravar que essas crianças serão obesas, mas elas têm um risco maior de desenvolver a doença", esclarece a professora.
Após os seis primeiros meses de vida, a criança já pode começar a tomar água e a comer alimentos sólidos, como frutas, legumes, carnes. Mas o consumo de açúcar deve ser evitado pelo menos até os dois anos —se puder demorar mais, melhor.
A professora da Faculdade de Nutrição da Unifal (Universidade Federal de Alfenas) Maria Carmen Bisi Molina conta que, nos primeiros cinco anos de vida, a criança ainda está formando sua microbiota intestinal. Nessa fase da vida, o consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados pode estimular o desenvolvimento de bactérias ruins, que em grande número no organismo estão associadas ao ganho de peso.
7. Luz do roteador ou da TV
O uso excessivo de telas durante a noite atrapalha o sono —e nós já explicamos como dormir mal pode levar ao ganho de peso. E o simples fato de ter no seu quarto aparelhos que emitem luz (como o roteador de internet e o decodificador da TV a cabo) pode atrapalhar a produção de melatonina (hormônio do sono) e alterar o ciclo circadiano, prejudicando a qualidade do sono.
Para ter ideia, um estudo publicado em 2019 indica que dormir com televisão ou luz acesa está associado a um ganho de 5 kg ou mais em mulheres, comparado com aquelas que dormiam sem luzes artificiais no quarto.
8. Fazer dietas malucas

Um erro comum de quem deseja emagrecer é entrar em dietas muito restritivas, diz Molina.
Planos que "proíbem" o consumo de um ou mais grupos de alimentos ou reduzem muito o consumo calórico geralmente não incentivam a reeducação alimentar. Além disso, é muito difícil a pessoa manter esse tipo de cardápio em longo prazo.
Portanto, mesmo que emagreça ao fazer essa dieta, como não houve uma mudança de hábitos, quando deixar de seguir o cardápio "maluco" a tendência é que a pessoa volte a comer as mesmas besteiras de antes —ou coma até mais, para compensar o tempo em que ficou sem consumir o que gosta.
Resultado: vai engordar e logo recuperar todos os quilos perdidos.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.