Governo quer reduzir ultraprocessados na merenda; que alimentos são esses?

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O governo Lula (PT) quer reduzir de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados na merenda das escolas públicas. A decisão faz parte de novas medidas anunciadas nesta terça-feira (4) no encontro do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), em Brasília.
O que são alimentos processados e ultraprocessados?
Alimentos processados são aqueles que têm adição de substâncias químicas para preservar e conferir estabilidade e durabilidade. Por exemplo: vegetais enlatados, queijos frescos e carnes curadas.
Já os ultraprocessados têm ingredientes não usados nas cozinhas caseiras. Eles têm proteínas isoladas e aditivos como corantes, saborizantes, emulsificantes, etc., o que faz deles mais atraentes e duráveis. Geralmente são calóricos (com alto teor de açúcar, gorduras não saudáveis, amido refinado e sódio), como refrigerantes, balas e temperos instantâneos. Também entram na lista bolachas, bolos e bebidas lácteas.
O que diz a regra hoje
A resolução atual do Ministério da Educação indica, de um modo geral, quais alimentos processados e ultraprocessados devem ser evitados na merenda escolar. A resolução nº 6/2020 estabelece diretrizes do Pnae, programa que busca oferecer uma alimentação mais saudável aos estudantes, com cardápios mais equilibrados. Hoje, a resolução define que:
- Produtos cárneos devem ser oferecidos no máximo duas vezes por mês. São exemplos de alimentos nessa categoria: salsicha, linguiça, presunto, mortadela, patês industrializados, salame, entre outros.
- Biscoito, bolacha, pão ou bolo também devem ser limitados. As regras variam de acordo com a instituição. Em escolas com período letivo parcial que ofereçam uma refeição, os produtos só podem ser oferecidos, no máximo, duas vezes na semana; em escolas com ano letivo parcial, com duas refeições ou mais, os alimentos só devem ser ofertados, no máximo, três vezes na semana. Já nos colégios com período integral que oferecem três refeições, os biscoitos, pães e bolos só devem ser oferecidos sete vezes por semana, no máximo.

- Alimentos em conserva devem ser oferecidos apenas uma vez ao mês, no máximo. São exemplos de produtos do tipo: sardinha e legumes em lata e frutas em calda.
- Também há limites para líquidos lácteos com aditivos ou adoçados, como leite achocolatado e iogurtes. Nas escolas com alimentação escolar em período parcial, é permitida a oferta dos produtos uma vez ao mês, no máximo. Nas instituições de período integral, duas vezes ao mês.
- Doces só são permitidos uma vez ao mês. São exemplos de alimentos nessa categoria pudins, balas, entre outros. Em escolas com período letivo integral, preparações regionais doces (comida típicas de cada região), só podem ser oferecidas uma vez por semana, no máximo. Em escolas com período letivo parcial, preparações regionais doces devem ser oferecidas no máximo duas vezes por mês.
- A resolução também limita margarina ou creme vegetal. Só podem ser oferecidas, no máximo, duas vezes por mês em unidades escolares de período parcial; e uma vez por semana em colégios de período integral.

- Gorduras trans industrializadas são proibidas em todos os cardápios. A substância está presente em gorduras hidrogenadas, utilizadas frequentemente na indústria de alimentos. É possível verificar na lista de ingredientes os nomes gordura hidrogenada, gordura vegetal hidrogenada e gordura vegetal.
- Crianças de até três anos têm orientação diferente. Para elas, é proibida a oferta de alimentos ultraprocessados e a adição de açúcar, mel e adoçante nas preparações culinárias e nas bebidas.
Por que fazem tão mal?
Produtos ultraprocessados estão associados a diversos problemas de saúde. Entram na lista obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, depressão e alguns tipos de câncer.
Alimentos ultraprocessados têm seus ingredientes transformados em produtos industriais. Na maioria dos casos, são usadas combinações de aditivos (como corantes e conservantes), sabores e texturas não encontrados na natureza. É um "transformer" alimentício. Um simples milho, por exemplo, torna-se um salgadinho triangular laranja com sabor de queijo.

Alimentos perdem propriedades importantes neste processo, como a quantidade de fibras. No caso de arroz, trigo, aveia e milho, a indústria mói ou refina esses grãos, reduzindo ou eliminando por completo esse nutriente importante para o funcionamento do intestino e para a saciedade.
São pobres em vitaminas, minerais e outras substâncias. Ausência ou presença limitada de alimentos in natura ou minimamente processados nesses produtos eliminam qualquer possibilidade de substâncias benéficas para a saúde.
Mais calorias para o corpo e menos para o microbioma intestinal. Um estudo publicado no periódico Nature Communications mostrou que alimentos altamente processados são absorvidos mais rapidamente no trato gastrointestinal superior. Como resultado, comemos mais e ficamos com fome mais rápido.
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