Saúde íntima da mulher sofre mais no calor: tire dúvidas sobre o assunto

Região genital abafada, peças íntimas úmidas de suor, roupas de banho molhadas. Na temporada de calor, as mulheres ficam expostas a condições que colocam sua saúde íntima em risco e favorecem o surgimento de infecções, como a candidíase.

Para ajudar você a entender melhor sobre o assunto e proteger-se de complicações, respondemos a seguir a 9 perguntas relacionadas à saúde íntima no verão.

Os corrimentos aumentam no calor?

A secreção vaginal natural, chamada de corrimento fisiológico, é saudável e tem a função de manter a vagina limpa, hidratada e protegida contra infecções. Geralmente, essa secreção é transparente ou esbranquiçada, sem odor e sua textura pode variar ao longo do ciclo menstrual. Por exemplo, durante a ovulação, ela tende a ficar mais viscosa e pegajosa.

Mas, no verão, com o aumento da temperatura, a região genital costuma ficar mais abafada, o que intensifica a umidade da mucosa e aumenta a liberação de secreção, podendo desestabilizar o equilíbrio natural da flora vaginal e facilitar a proliferação de fungos e bactérias.

Por isso, é importante ficar atenta a sinais como corrimento com coloração amarelada ou esverdeada, odor desagradável, coceira ou desconforto. Esses sintomas podem indicar uma infecção, sendo fundamental procurar um médico para avaliação e tratamento adequado.

Banho de piscina ou mar pode causar infecção?

Não diretamente, mas a exposição prolongada à água do mar ou com cloro —assim como o uso de alguns produtos de higiene íntima— pode alterar o pH vaginal, fator que aumenta o risco de infecções por fungos e bactérias.

Ficar com o biquíni molhado causa candidíase?

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Permanecer com roupas de banho molhadas por muito tempo favorece a criação de um ambiente vaginal quente e úmido, o que afeta o pH local, tornando-o mais ácido. Isso aumenta o risco da proliferação de fungos, como os causadores da candidíase.

Ardor para urinar, sensação de queimação na vulva, vermelhidão, coceira e secreção com aparência de nata de leite são alguns dos sinais da condição.

Outros problemas que podem surgir ao ficar com o biquíni ou o maiô úmido são irritações na pele e infecções bacterianas. Por isso, trocar a roupa molhada por uma seca após o banho de mar ou de piscina é uma medida simples e eficaz de prevenção.

A alimentação influencia a saúde íntima?

Embora o verão seja uma época para relaxar e se permitir algumas indulgências, é importante prestar atenção ao que se consome.

Alimentos ricos em açúcar e carboidratos podem gerar alterações no organismo, criando um ambiente propício para a reprodução do fungo causador da candidíase (a Candida albicans). Além disso, o consumo excessivo de álcool e gorduras pode prejudicar a imunidade e desestabilizar o pH da região íntima.

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Para manter a flora vaginal saudável, priorize uma alimentação equilibrada, com alimentos ricos em fibras, probióticos e muita água, que ajudam a manter a saúde do organismo e fortalecer as defesas naturais.

Protetores diários ajudam a manter a higiene?

Apesar do nome, os ginecologistas não recomendam o uso diário de absorventes —eles são indicados apenas durante o período menstrual.

Embora possam proporcionar uma sensação de limpeza, até mesmo os protetores "respiráveis" podem abafar a região íntima. Isso tende a gerar um ambiente quente e úmido, ideal para a proliferação de fungos e bactérias que causam infecções.

Se o excesso de umidade for um incômodo, o mais indicado é trocar a roupa íntima com maior frequência, em vez de recorrer ao uso contínuo de protetores diários.

Roupas justas e sintéticas aumentam o risco de infecções?

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Verdade. Roupas justas e feitas de tecidos sintéticos comprometem a ventilação adequada, elevando a temperatura e a umidade locais. Essas condições criam um ambiente favorável à proliferação de fungos e bactérias.

Para minimizar os riscos, o ideal é optar por peças íntimas de algodão (ou com forro feito desse tipo de material) e roupas mais leves e soltas, como saias e vestidos, que permitem melhor circulação de ar na região íntima.

A depilação íntima protege contra infecções?

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Isso é um mito. Remover completamente os pelos da vulva pode comprometer a proteção natural dos grandes lábios.

Além disso, dependendo do método utilizado, a depilação pode causar lesões na pele ou na mucosa, enfraquecendo a barreira natural de defesa e deixando a região mais vulnerável a irritações e infecções.

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Por outro lado, muitas mulheres optam pela depilação total e não apresentam sintomas ou problemas, mesmo em períodos mais quentes do ano. O importante é descobrir qual tipo de depilação é menos agressivo para sua pele e, se necessário, optar por uma depilação parcial ou menos invasiva, equilibrando estética e saúde de forma segura.

Beber mais água no verão contribui para a saúde íntima?

Verdade. Nos dias mais quentes, quando o corpo transpira mais, é essencial repor os líquidos perdidos para garantir o bom funcionamento do organismo como um todo.

A hidratação adequada mantém as mucosas saudáveis, incluindo a vaginal, e contribui para a eliminação de toxinas pela urina.

Essa ação simples também ajuda a reduzir o risco de infecções urinárias, que podem afetar diretamente a saúde íntima, reforçando a importância de beber água regularmente, especialmente na época mais quente do ano.

Absorvente interno pode ser usado o dia todo?

Os absorventes internos são seguros para aproveitar a piscina ou o mar, mas devem ser trocados regularmente, no máximo, a cada quatro ou seis horas. Permanecer com o absorvente por mais tempo aumenta o risco de infecções, incluindo a Síndrome do Choque Tóxico (SCT).

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Embora rara, a SCT é causada por toxinas produzidas por certas bactérias, como a Staphylococcus aureus, que podem entrar na corrente sanguínea. Essa condição desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, podendo afetar múltiplos órgãos e, em casos graves, ser fatal se não tratada rapidamente.

FONTES: Adriana Campaner, chefe do Setor de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo (SP), e presidente da Comissão de Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); Flávia Purcino, médica ginecologista, mastologista da Clínica OncoStar Rede D'Or e sócia-fundadora da Clínica Eredità, ambas em São Paulo (SP); Loreta Canivilo, ginecologista com especialização em Ginecologia Endócrina no Hospital Sírio- Libanês e membro da equipe médica da Clínica Arthé, em São Paulo (SP), e Waldemar Carvalho, ginecologista da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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